Adaptação da The Multidimensional Depression Assessment Scale para o Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i2.40198Palavras-chave:
Depressão; Testes Psicológicos; Psicometria.Resumo
O transtorno Depressivo maior (TDM) acomete cerca de 5,8% da população brasileira, sendo o país da América do Sul com o maior número de casos. O diagnóstico do TDM é realizado através de avaliação clínica com o auxílio de instrumentos psicológicos, entretanto, muitos instrumentos mensuram a depressão de maneira unifatorial ou bifatorial. O The Multidimensional Depression Assessment Scale busca avaliar o TDM em quatro domínios principais, sendo eles emocional, cognitivo, somático e interpessoal. Este último domínio não é avaliado com frequência por instrumentos para esse diagnóstico, apesar da sua importância para os sintomas depressivos. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi adaptar o instrumento MDAS para o contexto brasileiro. Trata-se de um estudo de adaptação que seguiu os passos de tradução, síntese, avaliação por juízes especialistas, avaliação pelo público-alvo, retrotradução e avaliação da autora original do instrumento. Os 52 itens do instrumento passaram por todos os processos e alguns sofreram modificações semânticas e linguísticas para adequação a cultura brasileira. O Coeficiente de Validade de Conteúdo (CVC) foi realizado e o instrumento obteve CVC total de 0,93 para clareza e 0,94 para pertinência. O processo de adaptação do instrumento demonstrou que a MDAS, no português brasileiro intitulada de Escala Multidimensional de Avaliação da Depressão (EMAD), apresenta bom ajuste semântico e está adequada para uso no Brasil. A EMAD apresenta uma avaliação da depressão mais ampla, que mensura diferentes dimensões, incluindo os sintomas interpessoais. Isso contribui para uma avaliação mais completa e como guia para as intervenções psicológicas na prática clínica.
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