Declínio da cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil: A negligência e suas consequências
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i9.40824Palavras-chave:
Poliomielite; Poliovírus; Vacina; Imunização; COVID-19.Resumo
Introdução: A poliomielite é uma doença viral causada pelo poliovírus, cuja infecção resulta principalmente em problemas neuromotores que podem ser prevenidos através da imunização. A doença foi considerada erradicada ao redor do mundo graças a intensas campanhas de vacinação, porém, nos últimos anos, tem-se observado um aumento desses casos especialmente no Brasil, indicando uma ineficiência no combate à doença. Objetivo: Portanto, este artigo objetiva investigar as taxas nacionais de cobertura vacinal contra a poliomielite registradas nos últimos anos e discutir seus principais motivos. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica de abordagem quali-quantitativa, onde foi feito um levantamento de dados bibliográficos nas plataformas ScieLo e PubMed e um levantamento de dados referentes à cobertura vacinal da poliomielite na plataforma DataSUS. Foram selecionados artigos em inglês e português, publicados entre 2012 e 2022. Resultados: No início da década de 2010, a cobertura vacinal contra a poliomielite era de 100%, porém, a partir de 2015 esse valor começou a diminuir progressivamente, até atingir insatisfatórias taxas de 76% em 2020 e 69% em 2021. Esse fenômeno tem sido observado também com outras doenças imunopreveníveis, logo, estipula-se que o negacionismo da ciência, a recusa vacinal e a disseminação de fake news são as principais causas dessa problemática, ainda mais considerando que a recente pandemia da COVID-19 intensificou todos os esses fatores. Conclusão: Conclui-se que, a imunização contra a poliomielite se encontra em decrescimento, em consequência de diversos fatores e por esse motivo, sinaliza um possível retorno da infecção como problema de saúde pública repetidamente.
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