Elementos do Bem Viver dos Povos Indígenas Brasileiros

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v12i5.41072

Palavras-chave:

Cosmovisão; Crise civilizatória; Cenciometria.

Resumo

Este trabalho tem foco no conceito Bem Viver dos povos indígenas brasileiros, buscamos avançar em entendimentos sobre os modos, expressões de vida e identidade imbuídos de memória, ancestralidades e historicidade, mas que ao mesmo tempo apontam perspectivas de futuros alternativos. Realizamos um levantamento bibliográfico, nos meses de agosto e setembro de 2020, de artigos publicados em português nas quatro principais plataformas científicas (SciELO, Scopus, Web of Science e Google Acadêmico). Nós utilizando a string de busca (bem viver e povos indígenas) e identificamos 18 publicações que estudaram algum aspecto do Bem Viver de 37 etnias. Sistematizamos os trabalhos de acordo com os cinco elementos desenvolvidas por Pablo Solón em 2019. Produzimos mapas com a localização das etnias estudadas, as bacias hidrográficas contempladas e a distância dos centros de pesquisas, utilizando o software livre Qgis. Ainda que a região Norte do Brasil abrigue mais de 60% dos povos indígenas brasileiros, os resultados mostraram a região Sul e Sudeste, com 55% dos estudos realizados e a etnia Guarani como a mais estudada. A acessibilidade as comunidades indígenas é um fator limitante para os estudos de Bem Viver, apenas 5% das comunidades indígenas citadas estavam localizadas a mais de 600km de centros de pesquisas. O elemento do Bem Viver mais evidenciado foi “Uma visão do todo” por ser o elemento integrador, seguido pelos elementos “a busca do equilíbrio” e “a convivência na multipolaridade”. Ao destacarmos esses elementos entendemos as cosmovisões indígenas como fontes importantes de inspiração para (re) pensar a crise civilizatória contemporânea.

Biografia do Autor

Duarte Antônio de Paula Xavier Fernandes Guerra, Universidade Federal do Mato Grosso

Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) da UNEMAT

Referências

Acosta, A. (2019). O bem-viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos (trad. Tadeu Breda), São Paulo, Autonomia Literária, Elefante. 3. Propuestas Feministas por la Despatriarcalización y.

Acosta, A. (2018). O Bem Viver. Uma Oportunidade Para Imaginar Outros Mundos. São Paulo: Autonomia Literária.

ANA (2020). Agência Nacional de Águas https://www.ana.gov.br/aguas-no-brasil.

Albó, X. (2008). Movimientos y poder indígena em Bolivia, Ecuador y Peru. La Paz: CIPCA, 294 p.

Alcântara, L. C. S. & Sampaio, C. A. C. (2017). Bem Viver como paradigma de desenvolvimento: utopia ou alternativa possível? Desenvolvimento e Meio Ambiente, 40, 231 - 251.

Alcântara, L. C. S. & Sampaio, C. A. C. (2020). Indicadores de Bem Viver: pela valorização de identidades culturais. Desenvolvimento e Meio Ambiente, 53, 78 - 101.

Arruzzo, R. C. (2013). Os sentidos das territorialidades e os conflitos territoriais entre agronegócio e os Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul. Publicado nos Anales del XIV Encuentro de Geógrafos de América Latina 2013 Perú. Lima.

Begossi, A. (1993). Ecologia humana: um enfoque das relações homem-ambiente. Interciência, 18 (3), 121-132.

Bloch, L. A. (2019). Cidade, subjetividade e comum: Cultivando outros possíveis nas fissuras do concreto. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 100p.

Capiberibe, A. & Bonilla, O. (2015). A ocupação do Congresso: contra o quê lutam os índios? Estudos avançados 29 (83), 293 – 313.

Caria, S., & Domínguez Martín, R. (2014). El porvenir de una ilusión: la ideología del Buen Vivir. 67, 139-163.

Cavallo, G. A. (2018). Conhecimentos ecológicos indígenas e recursos naturais: a descolonização inacabada. Estudos Avançados. 32 (94), 373 – 390.

Chauí, M. S. (1994). 500 Anos - Caminhos da Memória, Trilhas do Futuro. In: GRUPIONI, Luís Donisete Benzi (Org.). Índios no Brasil. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto.

Cunha, M. C. (1992). Introdução a uma história indígena. In: Cunha, Manuela Carneiro da (Org.). História dos Índios no Brasil. 1a Edição. São Paulo: Companhia das Letras, 9–26.

Cunha, J. A. D. (2012). As letras humanas: os povos indígenas e o ensino da língua portuguesa na Amazônia Pombalina, 1751– 1763.

Da Silva, C. J. et al. (2020). Parna Chapada dos Guimarães e sistema de baías Chacororé-Sinhá Mariana: Um estudo dos biomas cerrado e pantanal. DELOS: Desarrollo Local Sostenible, 13(36), 15.

de Oliveira, V. D. S., Alcântara, L. C. S., & Barros, F. B. (2022). Diálogos decoloniais: a concepção do bem viver em universidades e faculdades interculturais indígenas. Revista Eventos Pedagógicos, 13(3), 838-859.

Donato, H., & Donato, M. (2019). Etapas na condução de uma revisão sistemática. Acta Médica Portuguesa, 32(3), 227-235.

Filardo, N. & Ferraz, R. (2018). Intercâmbio Myky-Negarotê: troca de saberes agroecológicos para BEM VIVER. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Anais do VI CLAA, X CBA e V SEMDF, 13(1), 1 – 7.

Frota, A.V.B, Vitorino, B.D., Nunes, J. R. S & Da Silva, C. J. (2020). Main trends and gaps in studies for bird conservation in the Pantanal wetland. Neotropical Biology and Conservation, 15(4), 427- 445.

Gordon, C. (2014). Bem Viver e propriedade: o problema da diferenciação entre os Xikrin-Mebêngôkre (Kayapó). MANA 20(1), 95-124.

Gorender, J. (2006). A América Portuguesa e o Escravismo Colonial. In: BONILLA, Hercílio (Org.). Os conquistados: 1942 e a população indígena das Américas. Hucitec, 160–181.

Gudynas, E. (2014). Derechos de la naturaleza: ética biocéntrica y políticas ambientales. 1. ed. Lima: Programa Democracia y Transformación Global, 1 – 320.

Guillén, A. et al. (2016). La construcción de una escala de preguntas basada en Tipos de Bienestar, para la medición del Buen Vivir en el cantón Cuenca, Ecuador. In: V Encuentro Latinoamericano de Metodología de las Ciencias Sociales 16 al 18 de noviembre de 2016 Mendoza, Argentina. Métodos, metodologías y nuevas epistemologías en las ciencias sociales: desafíos para el conocimiento profundo de Nuestra América. Universidad Nacional de La Plata. Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación. Centro Interdisciplinario de Metodología de las Ciencias Sociales, 1 – 28.

Gutierrez, L. (2017). Jaikuaave ãguã kovaerupi ñandereko: Aprendiendo nuestra forma de ser a través de las imágenes. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Antropologia – Diversidade Cultural Latino-Americana., Foz do Iguaçu.

Hidalgo-Capitán, A. L., Cubillo-Guevara, A. P. (2014). Seis debates abiertos sobre el Sumak kawsay. Íconos - Revista de Ciencias Sociales, 48, 25 – 40.

IBGE (2020). Brasil em Síntese. < https://brasilemsintese.ibge.gov.br/territorio.html>

Irigaray, C. T. J., Girard, P., Irigaray, M., & Da Silva, C. J. (2016). Ayahuasca and Sumak Kawsay: Challenges to the Implementation of the Principle of “Buen Vivir,” Religious Freedom, and Cultural Heritage Protection. Anthropology of Consciousness, 27(2), 204-225.

Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das Letras, 7(1), 102-118.

Kreutz, M. R., Galarce Machado, N. T. & Fiegenbaum, J. (2018). Abordagens para o ensino da pré-história regional. Revista Thema, 15(4), 1387–1403.

Lacerda, L. B. (2018). Cooperação, solidariedade e autogestão enquanto ferramentas para emancipação social de comunidades da Amazônia brasileira e o caso dos indicadores de bem-estar para povos tradicionais (IBPT). Mundo Amazónico, 9(2): 87-110.

León, M. (2015). Del discurso a la medición: propuesta metodoló¬gica para medir el buen vivir en Ecuador. Quito: Instituto Nacional de Estadística y Censos (INEC),

Lisbôa, P. V. A. (2020). A generosidade e suas refrações na oratória Guarani. Tese apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. 180p.

Longhini, L. Z. (2018). A aldeia e a cidade: identidade e devir entre os terenas da Terra Indígena de Araribá. Dossertação de Mestrado. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Mamani, F. (2010). Buen vivir/vivir bien: Filosofía, políticas, estrategias y experiencias regionales andinas. Lima: Coordinadora Andina de Organizaciones Indígenas (CAOI), 80.

Melatti, J. C. (2007). Índios do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 75 - 95.

Oliveira, A. C. (2019). Contribuições juvenis para os direitos indígenas. Rev. Direito Práx., 10(2), 1261-1290.

Pappiani, A. M. (2009). Povo verdadeiro: os povos indígenas no Brasil. IKORĚ.

Passos, A. A. Silva, L. M. & Bernartt, M. L. (2019). Para pensar e viver outros mundos: O "Bem Viver" na comunidade indígena de mangueirinha-pr. Periódicos eletronico UFMA. 9(26), 99 - 120.

Peralta, A. (2017). A agroecologia Kaiowá: tecnologia espiritual e bem viver, uma contribuição dos povos indígenas para a educação. MovimentAção, Dourados, 4(6), 01-19.

Porto-Gonçalves, C. W. (2015). Amazônia enquanto acumulação desigual de tempos: Uma contribuição para a ecologia política da região*. Revista Crítica de Ciências Sociais, 107, 63–90.

QGIS.org, 2020. QGIS Geographic Information System. QGIS Association. http://www.qgis.org

Quijano, A. (2010). América Latina: hacia un nuevo sentido histórico. In: LEÓN, Irene (Org.). Sumak Kawsay / Buen Vivir y cambios civilizatorios. Quito: FEDAESP, 55–73.

Ramos, M. F. & Silveira, P. S. (2015). O bem viver dos povos indígenas. Cadernos de Agroecologia. 10(3).

Raschietti, S. (2020). Perspectivas decoloniais do sínodo para a Amazônia. Caminhos de Diálogo, 8(12), 58-76.

Ribeiro, D. (2017). Os Índios e a Civilização: A integração das populações indígenas no Brasil moderno. (7a ed.). [s.l.]: Global Editora.

Rosa, L. C. D. (2019). Bem viver e terra sem males: a cosmologia dos povos indígenas como uma epistemologia educativa de decolonialidade. Educação revista quadrimestral, Porto Alegre, 42(2), 298-307.

Sampaio, C. A. C., Parks, C. D., Junior, O. M., Quinlan, R. J. & Alcântara, L. C. S. (2017). Bem viver para a próxima geração: entre subjetividade e bem comum a partir da perspectiva da ecossocioeconomia. Saúde Soc. São Paulo, 26(1), 40-50.

Santana, P. M. S. D., & Magalhães, T. Q. D. (2022). Caso Xukuru e o Bem Viver do povo Fulni-ô (PE). Revista Direito e Práxis, 13, 607-635.

Santos, C. B. (2019). A (RE) organização do território e bem viver para os povos indígenas do Alto Rio Negro: da Maloca à cidade. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Amazonas.

Santos, M. M. G. S. (2017). A promoção do bem viver indígena como estratégia de redução do uso prejudicial de bebidas alcoólicas entre os Sateré-Mawé do Polo Base Ponta Alegre – Dsei Parintins. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Saúde Indígena da Universidade Federal de São Paulo.

Santos, R. C. & Santos, R. C. (2020). Ancestralidade e produção de saúde na comunidade indígena Xokós, Sergipe: a educação popular como proposta de formação pelo diálogo intercultural. Rev. Ed. Popular, Uberlândia, Edição Especial,160-175.

Solón, P. (2019). Alternativas sistêmicas: Bem Viver, decrescimento, comuns, ecofeminismo, direitos da Mãe Terra e desglobalização. Editora Elefante.

Soares. M. A. (2015). Espaço Ritual e Bem viver Guarani: Reflexões sobre uma política pública no Sul do Brasil. Iluminuras, 16(40), 167-183.

Souza, I. (2020). NHAMANDU: Histórias e Narrativas Guarani. Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina.

Sousa, M. L. T. (2020). Reforma Sanitária e outros olhares para a saúde indígena: relato de experiência com os Potyguara. Relato de experiência - case study, saúde debate Rio de Janeiro, 44(124), 275-284.

Souza, R.S.B., Oliveira, J.C., Alvares-Teodoro, J. & Teodoro, M.L.M. (2020). Suicídio e povos indígenas brasileiros: revisão sistemática. Ver Panam Salud Publica. 44 -58.

Spinak, E. (1998). Indicadores cienciometricos. Ciência da Informação, 27(2), 141-148.

Stumpf, B. O. & Bergamaschi, M. A. (2016). Spiritual, symbolic and affective elements in the construction of the mbyá-guarani school. Educ. Pesqui. São Paulo. 42(4), 921 – 935.

Tschucambang, J. L. (2020). Ouvir os velhos, aprender com eles: memórias, histórias e conhecimentos dos anciões da Terra Indígena Xokleng/ Laklanõ. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, Floranópolis, 39.

Urquiza, A. H. A. & Rocha, A. de O. (2019). O desastre ambiental de Mariana e os Krenak do Rio Doce. Veredas do Direito, 16(35), 191-218.

Downloads

Publicado

26/04/2023

Como Citar

GUERRA, D. A. de P. X. F. .; SOUZA, C. O. C. F. de .; IRIGARAY, C. T. J. H. .; SILVA, C. J. da . Elementos do Bem Viver dos Povos Indígenas Brasileiros. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 5, p. e3112541072, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i5.41072. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/41072. Acesso em: 13 maio. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais