Berberina: aspectos químicos, farmacológicos e sua potencial relação profilática com a doença de Alzheimer
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i4.41313Palavras-chave:
Doença de Alzheimer; Berberina; Química de produtos naturais; Terapêutica.Resumo
Este artigo objetivou revisar os aspectos químicos e farmacológicos da berberina, correlacionando-os com a desfecho fisiopatológico da doença de Alzheimer (DA). Foi realizado um estudo descritivo do tipo revisão narrativa de literatura. O lócus investigativo se deu mediante busca eletrônica nas bases Scientific Eletronic Library (SciELO), Centro Latino-americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME-OPAS-OMS) e National Library of Medicine, dos EUA (PubMed), sendo considerados os artigos publicados entre 2018 e 2023, no idioma inglês, português e espanhol. A busca dos artigos se deu a partir da pesquisa das palavras-chave berberine e Alzheimer disease, usando-se o operador booleano and para conectar esses termos. A berberina é classificada como um sal de amônio quaternário, faz parte do grupo de alcaloides isoquinolínicios denominado protoberberina. Alguns estudos apontam que a berberina é capaz de atenuar o processo inflamatório, a excitotoxicidade, a atividade excessiva de radicais livres e deposição de placas senis. Esta revisão resumiu os aspectos químicos e físico-químicos da berberina, relacionando-os com parâmetros de biodisponibilidade; elucidou alguns pontos da etiologia, da fisiopatologia e das manifestações clínicas da doença de Alzheimer, considerando sua complexidade; e correlacionou-os considerando os principais mecanismos de ação da neuroprotetora substância. Os estudos in vivo e in vitro demonstram que a berberina possui potencial terapêutico para o tratamento da doença de Alzheimer. Entretanto, ainda não é possível afirmar se esses resultados são translacionais. Para comprovar sua eficácia em humanos e estimar possíveis doses terapêuticas se faz necessário estudos clínicos robustos.
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