Oncocercose: a doença tropical negligenciada que acomete a Etnia Yanomami
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i5.41737Palavras-chave:
Cegueira; Doenças parasitárias; Ecossistema Amazônico; Saúde de populações indígenas.Resumo
A oncocercose, doença causada pela Onchocerca volvulus é transmitida via dípteros hematófagos do gênero Simulium, também conhecidos como “moscas negras” ou “borrachudos”. Essa doença se desenvolve no ser humano e pode causar dermatite oncocercosa, além de evoluir para a cegueira, fato que justifica ser conhecida, popularmente, como “cegueira dos rios”. Ela está elencada no grupo de Doenças Tropicais Negligenciadas e tem como meta de erradicação o ano de 2025. O objetivo deste estudo foi avaliar a incidência de oncocercose na Terra Indígena Yanomami e Ye`kwana, principal foco de concentração dessa doença nas Américas. Para isso, foi realizada uma revisão de literatura nas bases de dados Medline, PubMed e Scielo, além dos boletins epidemiológicos nacionais. Nesse estudo, observou-se que entre os Yanomami esta doença é considerada endêmica e, apesar de vários programas de controle lançados local e mundialmente, esses grupos indígenas continuam apresentando casos da doença, devido à dificuldade dos serviços de saúde indígena em acessar os grupos indígenas para realizar cobertura preventiva em toda a população de forma adequada, bem como, aspectos socioculturais marcado pela mobilidade territorial que caracteriza este grupo étnico. A problemática dessa doença é a presença de nódulos subcutâneos, erupção cutânea, gerodermia e a cegueira. Logo, ressalta-se a persistência da oncocercose entre Yanomamis, que continuam enfrentando problemas devido a oncocercose, sendo estes, constantemente, negligenciados pela saúde pública brasileira.
Referências
Bertazo, K., Santos, C. B. D., Pinto, I. D. S., Ferreira, A. L., Falqueto, A. & Pepinelli, M. (2010). Distribuição de espécies de borrachudos (Diptera: Simuliidae) do Espírito Santo, Brasil. Biota Neotropica, 10(3), 129-132.
Blanks, J., Richards, F., Beltrán, F., Collins, R., Alvarez, E., Zea Flores, G., Bauler, B., Cedilos, R., Heisler, M., Brandling-Bennett, D., Baldwin, W., Bayona, M., Klein, R. & Jacox, M. (1998). The Onchocerciasis Elimination Program for the Americas: a history of partnership. Revista Panamericana de Salud Pública, 3, 367-374.
Brasil (2021). Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico: Situação epidemiológica e estratégias de prevenção, controle e eliminação das doenças tropicais negligenciadas no Brasil, 1995 a 2016.
Brasil (2020). Ministério da Saúde. Sistemas de Informação da Saúde Indígena, versão 4.0.2, janeiro.
Cardoso, A. E. C., Cardoso, A., Talhari, C. & Santos, M. (2020). Update on parasitic dermatoses. Anais Brasileiros de Dermatologia, 95(1), 1-14.
Dias, L. C., Dessoy, M. A., Guido, R. V. C., Oliva, G., Andricopulo, A. D. (2013). Doenças tropicais negligenciadas: uma nova era de desafios e oportunidades. Química Nova, 36(10), 1552-1556.
Ferreira, H. P. (2019). Políticas para as Línguas Yanomami. Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil.
Fernández, J. C., Saldarriaga, J. G. Z., Escudero, J. C. S. & Restrepo, D. D. (2017). Oncocercosis: de lo básico a lo clínico. Medicina UPB, 35(2), 111-119.
Herzog, M. M. (1999). A Oncocercose humana no Brasil e sua dispersão. 1999. 239f. Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) - Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de janeiro, RJ.
Herzog-Neto, G., Jaegger, K., Nascimento, E. S., Marchon-Silva, V., Banic, D. M. & Maia-Herzog, M. (2014). Ocular Onchocerciasis in the Yanomami Communities from Brazilian Amazon: Effects on Intraocular Pressure. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 90(1), 96-98.
Hoch, C, Machado, G. M., Lemos, A. D. & Sperotto, R. L. (2019). A oncocercose no Brasil: uma revisão bibliográfica. XXIV Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão, 1-4.
Johanns, S. I., Gantin, R. G., Wangala, B., Komlan, K., Halatoko, W. A., Banla, M. & Soboslay, P. T. (2022). Onchocerca volvulus-specific antibody and cellular responses in onchocerciasis patients treated annually with ivermectin for 30 years and exposed to parasite transmission in central Togo. PLOS Neglected Tropical Diseases, 16(5), e0010340.
Lakwo, T., Oguttu, D., Ukety, T., Post, R. & Bakajika, D. (2022). Onchocerciasis elimination: progress and challenges. Research and Reports in Tropical Medicine, 11, 81-95.
Lustigman, S., Makepeace, B. L., Klei, T. R., Babayan, S. A., Hotez, P., Abraham, D. & Bottazzi, M. E. (2018). Onchocerca volvulus: The Road from Basic Biology to a Vaccine. Trends in Parasitology, 34(1), 64-79.
McCulloch, K., Hedtke, S. M., McCaw, J. M., McVernon, J., Basáñez, M. G., Walker, M., ... & Grant, W. N. (2023). Impact of human movement between hypo-and hyperendemic areas on sustainability of elimination of Onchocerca volvulus transmission. medRxiv, 2023-01.
Meurer, I. R., Coimbra, E. S. (2022). Doenças tropicais negligenciadas e o seu contexto no Brasil. HU Rev. 48, 1-2.
Moraes, M. A. P (1991). Oncocercose entre os índios Yanomámi. Cadernos de Saúde Pública, 7(4), 503-514.
Murdoch, M. E. (2023). Onchocerciasis. UpToDate, 2023. Disponível em: < http://www.uptodate.com/online>.
Njume, F. N., Ghogomu, S. M., Shey, R. A., Gainkam, L. O. T., Poelvoorde, P., Humblet, P., Kamgno, J., Robert, A., Lelubre, C., Edelweiss, E., Poterszman, A., Anheuser, S., Vanhamme, L. & Souopgui, J. (2019). Identification and characterization of the Onchocerca volvulus excretory secretory product Ov28CRP, a putative GM2 activator protein. PLOS Neglected Tropical Diseases, 13(7), e0007591.
Nunes, L. A. S., Nunes, H. A. S., dos Santos, R. M. S., & de Siqueira, R. N. P. (2022). Negacionismo à Ciência: Dificuldades da Realização de Pesquisa Epidemiológica de Campo no Interior da Amazônia. Research, Society and Development, 11(5), e29711528074-e29711528074.
Oliveira, R. M., Santana, T. P., & Ferreira, R. K. A. (2021). A aplicação dos princípios da Bioética no Ensino Superior. Revista Eletrônica Pesquiseduca, 13(30), 619-632.
Silva, B. M. D. (2022). Importância econômica e médica, além da transmissão de patógenos, de seis espécies nominais de Simulium na América do Sul.
Silva, V. M. (2015). Estudo epidemiológico para a avaliação da eliminação da Oncocercose em áreas sentinelas da Região Amazônica, Brasil. 2015. 152f. Tese (Doutorado em Medicina Tropical) - Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de janeiro, RJ.
Udall, D. N. (2007). Recent updates on onchocerciasis: diagnosis and treatment. Clinical Infectious Diseases, 44(1), 53-60.
Urban, G. (1992). A história da cultura brasileira segundo as línguas nativas. In Manuela Carneiro Cunha (org.). História dos Índios do Brasil. São Paulo: FAPESP/Companhia das Letras, 87-102.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Felipe Savio de Souza Viana; Breno Spinassé Freires; Jorge Luiz Ribeiro de Oliveira; José Valdemir do Nascimento; Iara Leão Luna de Souza
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.