Prevalência de enteroparasitos em primatas mantidos no Zoológico de Brasília, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v12i5.41739

Palavras-chave:

Primatas; Parasitologia; Microbiologia; Enteroparasitos; Parasitos intestinais.

Resumo

As infecções parasitárias são uma das principais doenças que acometem animais silvestres em cativeiro, podendo gerar morbidade e até mortalidade. O objetivo do estudo foi identificar a prevalência de enteroparasitos em primatas mantidos no Zoológico de Brasília, Brasil e seus possíveis fatores de riscos. A pesquisa foi realizada no ano de 2019, participaram 37 primatas de 19 espécies. Três amostras de fezes foram coletadas dos recintos e foram processadas usando três métodos parasitológicos, (i) o de sedimentação espontânea, (ii) o de Rugai e (iii) o de Kato-Katz. As amostras de solo foram coletadas de cinco pontos distintos de cada recinto e processadas usando o método de sedimentação espontânea. As amostras de água foram coletadas dos bebedouros e analisadas para a presença de enteroparasitos, pelo método de sedimentação espontânea, e para coliformes termotolerantes e Escherichia coli usando o método microbiológico COLILERT. Os resultados mostraram que 54% das amostras de fezes estavam positivas, sendo a maioria pelo parasito comensal Entamoeba coli. Todas as amostras de solos estavam contaminadas, principalmente pelo protozoário patogênico Giardia sp. A presença de coliformes termotolerantes foi detectada em todas as amostras de água. Esse foi o primeiro estudo realizado com prevalência de parasitos intestinais em primatas mantidos no Zoológico de Brasília. É essencial para a saúde e bem-estar dos animais mantidos em cativeiro, o monitoramento parasitológico, pois a identificação desses parasitos auxilia no tratamento e acompanhamento das infecções, além de evitar a infecções de pessoas que trabalham diretamente com eles.

Referências

Adrus, M., Zainudin, R., Ahamad, M., Jayasilan, M. A. & Abdullah, M. T. (2019). Gastrointestinal parasites of zoonotic importance observed in the wild, urban, and captive populations of non-human primates in Malaysia. Journal of Medical Primatology, 48: 22– 31. https://doi.org/10.1111/jmp.12389.

Agostini, I., Vanderhoeven, E., Di Bitetti, M.S. & Beldomenico, P.M. (2017). Experimental testing of reciprocal effects of nutrition and parasitism in wild black capuchin monkeys. Scientific Reports, 7, 12778. https://doi.org/10.1038/s41598-017-12803-8.

Alcântara, D. S., Mendonça, I. L., Fernandes Neto, V. P., Carniel, P. G. & Pessoa, F.B. (2016). Estudo coproparasitológico da espécie Cebus libidinosus (macaco-prego). Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 68(6), 1609-1612. https://doi.org/10.1590/1678-4162-9102.

Andrade, M. C. R. (2002). Principais doenças de primatas não-humanos. In: Andrade, A., Pinto, S. C., Oliveira, R.S. Animais de Laboratório: criação e experimentação. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ.

APHA, (2017). Standard Methods for the examination of water and Wastewater (23rd ed.). Washington DC: American Public Health Association.

Barbosa, A., Pinheiro, J. L., Dos Santos, C. R., De Lima, C., Dib, L. V., Echarte, G. V., Augusto, A. M., Bastos, A., Antunes Uchôa, C. M., Bastos, O., Santos, F. N., Fonseca, A. & Amendoeira, M. (2020). Gastrointestinal Parasites in Captive Animals at the Rio de Janeiro Zoo. Acta parasitologica, 65(1), 237–249. https://doi: 10.2478/s11686-019-00145-6.

Becker, D. J., Streicker, D. G. & Altizer, A. (2018). Using host species traits to understand the consequences of resource provisioning for host–parasite interactions. Journal of Animal Ecolpgy, 87(2), 511–525. https://doi.org/10.1111/1365-2656.12765.

Belova, L. M. & Krylov, M. V. (1998). The distribution of Blastocystis according to different systematic groups of hosts. Parazitologiia, 32(3):268-76.

Bichi, H. M., Suleiman, I. D. & Jayeola, O. A. (2016). Incidence of parasitic infections of nonhuman primates in Kano State Zoological Garden, Nigeria. IOSR Journal of Agriculture and Veterinary Science, 9(4): 39-43. https://doi.org/10.9790/2380-0904023943.

Carmo, A. M. & Salgado, C. A. (2003). Ocorrência de parasitos intestinais em Callithrix sp. (Mammalia, Primates, Callithrichidae). Revista Brasileira de Zoociência, 5, 267-262.

Cavallero, S., El Sherif, R. A., Pizzarelli, A., El Fituri, A. A., El Showhdi, M., Benmosa, F., & D'Amelio, S. (2019). Occurrence of Anisakis and Hysterothylacium Nematodes in Atlantic Chub Mackerels from Libyan Coasts. Helminthologia, 56(4), 347–352. https://doi.org/10.2478/helm-2019-0034.

Daszak, P., Cunningham, A. A. & Hyatt, A. D. (2000). Emerging infectious diseases of wildlife: threats to biodiversity and human health. Science, 287(5452), 443-9. https://doi.org/10.1126/science.287.5452.443.

Diniz, L. S. M. (1997). Primatas em Cativeiro – Manejo e Problemas Veterinários. Editora Ícone, São Paulo.

Fagiolini, M., Lia, R. P., Laricchiuta, P., Cavicchio, P., Mannella, R., Cafarchia, C., Otranto, D., Finotello, R., & Perrucci, S. (2010). Gastrointestinal parasites in mammals of two Italian Zoological gardens. Journal of Zoo and Wildlife Medicine, 41(4), 662–670. http://www.jstor.org/stable/40962311.

Fernandes, M. L. B., Gouveia, R. L., Lucena, L. F., Rodrigues, M. da S., Silva, A. K. P. & Silva, N. M. P. da R. (2021). Estudo de balneabilidade em quatro praias do arquipélago de Fernando de Noronha baseado em análise de coliformes totais. Research, Society and Development, 10(11), e302101119784. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19784.

Ferreira da Silva, M. T., Aquim, E. C., de Sousa, T. P. R., Gomes, N. R. de S., de Vasconcelos, A. R. O., Andrade Silveira, C. C. de O., Junior Costa, F. M., & Evangelista, L. S. de M. (2018). Occurrence of Intestinal Parasites in Alouatta caraya of the Zoobotanical Park of Teresina, Piauí, Brazil. Acta Scientiae Veterinariae, 46, 5. https://doi.org/10.22456/1679-9216.87478.

Fia, R., Tadeu, H. C., Menezes, J. P. C., Fia, F. R. L. & Oliveira, L. F. C. (2015). Qualidade da água de um ecossistema lótico urbano. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, 20(1): 267-275. https://doi.org/10.21168/rbrh.v20n1.p267-275.

FJZB. Fundação Jardim Zoológico de Brasília. http://www.zoo.df.gov.br/index.php/2015-04-30-13-43-03/nossahistori.

Gillespie, T. R., Lonsdorf, E. V., Canfield, E. P., Meyer, D. J., Nadler, Y., Raphael, J., Pusey, A. E., Pond, J., Pauley, J., Milengeya, T., Travis, D. A. (2010). Demographic and ecological effects on patterns of parasitism in eastern chimpanzees (Pantroglodytes schweinfurthii) in Gombe National Park, Tanzania. American journal of physical anthropology, 143(4), 534–544. https://doi.org/10.1002/ajpa.21348.

Goossensa, E., Dornya, P., Boomkerd, J., & Vercammen, F. (2005). A 12-month survey of the gastro-intestinal helminths of antílopes, gazelles and giraffes kept at two zoos in Belgum. Veterinary Parasitology, 127(3-4), 303–312. https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2004.10.013.

Hunter, P. R., & Thompson, R. C. (2005). The zoonotic transmission of Giardia and Cryptosporidium. International journal for parasitology, 35(11-12), 1181–1190. https://doi.org/10.1016/j.ijpara.2005.07.009.

Johnston, K. L., Wu, B., Guimarães, A., Ford, L., Slatko, B. E. & Taylor, M. J. (2010). Lipoprotein biosynthesis as a target for anti-Wolbachia treatment of filarial nematodes. Parasites & vectors, 3, 99. https://doi.org/10.1186/1756-3305-3-99.

Kashid, K. P., Shrikhande, G. B., & Bhojne, G. R. (2002). Incidence of gastrointestinal helminths in captive wild animal sat diferente localions. Zoos’ Print Journal, 18(3), 1053-1054.

Lasprilla, M., Ocampo, M., & López, G. (2009). Identificación de huevos de nematodos en carnívoros y primates ubicados en el Zoológico Santa Fe de Medellín, mediante método coprológico directo y de flotación. Revista Spei Domus, 5, 30-36.

Milozzi, C. B., Gabriela, C. E., Mudry, M. D., Navone, G. T. (2012). Intestinal parasites of Alouatta caraya (Primates, Ceboidea): preliminary study in semi-captivity and in the wild in Argentina. Mastozoología neotropical, 19(2), 163-178. http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0327-93832012000200006&lng=es&tlng=en.

Muller, G. C. K., Krambeck, A., Hirano, Z. M. B. & Silva-Filho, H. H. (2000). Levantamento preliminar de endoparasitas do tubo digestivo de bugios Alouatta guariba clamitans. Neotropical Primates, 8(3), 107-108.

Nath, B. G., Isalm, I. & Chakraborty, A. (2012) Prevalence of parasitic infection in captive non-human primates of Assam State Zoo, India. Veterinary World, 5(10), 614-616, https://doi.org/10.5455/vetworld.2012.614-616.

Neves, D. P. (2016). Parasitologia humana. (13a ed.). Atheneu.

Nunn, C. L. & Altizer, S. M. (2005). The global mammal parasite database: An online resource for infectious disease records in wild primates. Evolutionary Anthropology, 14: 1-2. https://doi.org/10.1002/evan.20041.

OMS. (2008) Organização Mundial de Saúde Animal. Código Sanitário de Animais Terrestres. Zoonoses transmissíveis por primatas não humanos. São Paulo: OIE.

Parkar, U., Traub, R. J., Vitali, S., Elliot, A., Levecke, B., Robertson, I., Geurden, T., Steele, J., Drake, B., & Thompson, R. C. (2010). Molecular characterization of Blastocystis isolates from zoo animals and their animal-keepers. Veterinary parasitology, 169(1-2), 8–17. https://doi.org/10.1016/j.vetpar.2009.12.03.

Parr, N. A., Fedigan, L. M., & Kutz, S. J. (2013). A coprological survey of parasites in white-faced capuchins (Cebus capucinus) from Sector Santa Rosa, ACG, Costa Rica. Folia primatologica; international journal of primatology, 84(2), 102–114. https://doi.org/10.1159/000348287.

Rey, L. (2008). Parasitologia: parasitos e doenças parasitárias do homem nas Américas e na África, (3a ed.), Guanabara-Koogan.

Rodrigues, T. C., Santana, I. S. F., Lemos, L. Q., Silva, M. S., Prado, I. S., Rêgo, C. O., Soares, M. S., Queiroz, T. S., Tomazi, L., Nishiyama, P. B., Silva, M. B.., & Fraga, R. E. (2021). Adaptação das técnicas parasitológicas de identificação para quantificação de parasitos gastrintestinais em primatas. Research, Society and Development, 10(12), e462101220706. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i12.20706.

Santa Cruz, A. C. M., Borda, J. T., Patiño, E. M., Gómez, L. & Zunino, G. E. (2000). Habitat fragmentationnand parasitism in howler monkeys (Alouatta caraya). Neotropical primates, 8, 146-148.

Schurer, J. M., Ramirez, V., Kyes, P., Tanee, T., Patarapadungkit, N., Thamsenanupap, P., Trufan, S., Grant, E. T., Garland-Lewis, G., Kelley, S., Nueaitong, H., Kyes, R. C., & Rabinowitz, P. (2019). Long-Tailed Macaques (Macaca fascicularis) in Urban Landscapes: Gastrointestinal Parasitism and Barriers for Healthy Coexistence in Northeast Thailand. The American journal of tropical medicine and hygiene, 100(2), 357–364. https://doi.org/10.4269/ajtmh.18-0241.

Shehani U. F., Preethi V. U. & Saminda P. F. (2022). Effect of urbanization on zoonotic gastrointestinal parasite prevalence in endemic toque macaque (Macaca sinica) from different climatic zones in Sri Lanka, International Journal for Parasitology: Parasites and Wildlife, 17, 100-109. https://doi.org/10.1016/j.ijppaw.2021.12.007.

Shen, S. S., Qu, X. Y., Zhang, W. Z., Li, J., & Lv, Z. Y. (2019). Infection against infection: parasite antagonism against parasites, viruses and bacteria. Infectious Diseases of Poverty, 8, 49. https://doi.org/10.1186/s40249-019-0560-6.

Silva, A. S., Gressler, L. T., Lara, V. M., Monteiro, S. G. & Carregaro, A. B. (2009). Protozoários gastrintestinais em bugios (Alouatta sp.) mantidos em cativeiro. Ciência Animal Brasileira / Brazilian Animal Science, 10(2), 669–672. https://revistas.ufg.br/vet/article/view/1382.

Snak, A., Agostini, K. M., Lenzi, P. F., Montanucci, C. R., Delgado, L. E. & Zabott, M. V. (2022). Perfil parasitológico de mamíferos silvestres cativos. Veterinária E Zootecnia, 24(1), 193–200. https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/719.

Snak, A., Lenzi, P. F., Agostini, K. M., Delgado, L. E., Montanucci, C. R., & Zabott, M. V. (2014). Análises coproparasitológicas de aves silvestres cativas. Ciência Animal Brasileira, 15(4), 502–507. https://doi.org/10.1590/1089-6891v15i425797.

Souza, J. R, J. C., Greinert, J. A., Baad, R., Rode, G., Heinig, J. R, A. & Hirano, Z. M. B. (2005). Levantamento de parasitas intestinais de bugios-ruivos (Alouatta guariba clamitans) mantidos em cativeiro no Centro de Pesquisa Biológicas de Indaial, Projeto Bugio, SC. In: XI Congresso Brasileiro de Primatologia, PUC-RS, Porto Alegre.

Souza, L. H. N., Arruda, R. O. M., Rosini, E. F. & Pontes, D. D. (2019). Diagnóstico da qualidade ambiental dos lagos e nascentes do zoológico de Guarulhos, município de Guarulhos–SP. Revista Geociências-UNG-Ser, 18(1): 12-18. http://dx.doi.org/10.33947/1981-7428-v18n1-4078.

Stensvold, C. R., Alfellani, M. A., Nørskov-Lauritsen, S., Prip, K., Victory, E. L., Maddox-Hyttel, C., Nielsen, H. V., & Clark, C. G. (2009). Subtype distribution of Blastocystis isolates from synanthropic and zoo animals and identification of a new subtype. International Journal for Parasitology, 39(4), 473-479. https://doi.org/10.1016/j.ijpara.2008.07.006.

Stoner, K.E. & González Di Pierro, A.M. (2006). Intestinal Parasitic Infections in Alouatta Pigra in Tropical Rainforest in Lacandona, Chiapas, Mexico: Implications for Behavioral Ecology and Conservation. In: Estrada, A., Garber, P.A., Pavelka, M.S.M., Luecke, L. (eds) New Perspectives in the Study of Mesoamerican Primates. Developments in Primatology: Progress and Prospects. Springer, Boston, MA. https://doi.org/10.1007/0-387-25872-8_10.

Stuart, M. D., Strier, K. B. & Pierberg, S. M. A. (1993). Coprological survey of parasites of wild muriquis, Brachyteles arachnoids, and brown Howling monkeys, Alouatta fusca. Helminthological Society of Washington, 60, 111-115.

Stuart, M., Pendergast, V., Rumfelt, S., Pierberg, S., Greenspan, L., Glander, K. & Clarke, M. (1998). Parasites of Wild Howlers (Alouatta spp.). International Journal of Primatology, 19, 493–512. https://doi.org/10.1023/A:1020312506375.

Viney, M. E., & Lok, J. B. (2007). Strongyloides spp. WormBook:the online review of C. elegans biology. 1–15. https://doi.org/10.1895/wormbook.1.141.1

Whitney, R. A. (1974). Metazoan Parasites of Nonhuman Primates. The Bulletin of the Society of Pharmacological and Environmental Pathologists, 2(1), 15-19. doi:10.1177/019262337400200106.

Zhou, S., Harbecke, D. & Streit, A. (2019). From the feces to the genome: a guideline for the isolation and preservation of Strongyloides stercoralis in the field for genetic and genomic analysis of individual worms. Parasites Vectors, 12, 496. https://doi.org/10.1186/s13071-019-3748-5.

Zimmer, K., Dräger, K. G., Klawonn, W., & Hess, R. G. (1999). Contribution to the diagnosis of Johne's disease in cattle. Comparative studies on the validity of Ziehl-Neelsen staining, faecal culture and a commercially available DNA-Probe test in detecting Mycobacterium paratuberculosis in faeces from cattle. Zentralblatt fur Veterinarmedizin. Reihe B. Journal of veterinary medicine. Series, 46(2), 137–140. https://doi.org/10.1111/j.0931-1793.1999.00214.x.

Downloads

Publicado

28/05/2023

Como Citar

SÁ, L. C. E. F. .; SILVA, E. M. L. da .; MORAIS, C. V. F.; CASTRO, L. F. de .; ROCHA, C. R. R. .; MALDONADE, I. R. .; MACHADO, E. R. . Prevalência de enteroparasitos em primatas mantidos no Zoológico de Brasília, Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 5, p. e27112541739, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i5.41739. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/41739. Acesso em: 11 maio. 2024.

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas