Frequência de infecção pelo SARS-CoV-2 em diferentes grupos de trabalhadores e os efeitos da atividade física
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v12i6.42292Palavras-chave:
Exercício físico; Trabalho; Doenças respiratórias; Pico de fluxo expiratório.Resumo
Introdução: Durante a pandemia causada pelo SARS-CoV-2, o distanciamento foi uma grande ferramenta, mas impraticável para muitos. Nesse sentido, destacamos algumas categorias profissionais, como os cobradores de ônibus que estavam expostos a ambientes com pouca circulação de ar e os coletores de lixo que são expostos a superfícies contaminadas, mas apresentam um possível fator protetor pela aumentada capacidade aeróbica. Objetivos: Assim, o estudo visa analisar a frequência de infecção pelo SARS-CoV-2 e nível de atividade física dos trabalhadores, além de comparar a taxa do pico de fluxo expiratório (TPFE) pós COVID-19. Métodos: Para isso, foi realizado um estudo observacional retrospectivo analítico transversal com 52 trabalhadores, nos grupos: profissionais do setor de transporte coletivo urbano (N=18); trabalhadores de limpeza urbana (N=21); e servidores públicos que trabalharam remotamente (N=13). O nível de atividade física foi mensurado via versão longa do Questionário Internacional de Atividade Física e TPFE usando um Peak Flow. Resultados: Observou-se uma taxa de infecção pelo SARS-CoV-2 de 19% para profissionais de limpeza urbana, 44% para cobradores de ônibus e 61,5% para servidores públicos, demonstrando diferença significativa na probabilidade de ser infectado pelo SARS-CoV-2 e desenvolver COVID-19 nesses grupos. Dois trabalhadores alegaram ter doenças pulmonares obstrutivas, embora três trabalhadores apresentaram TPFE abaixo de 80%, o que possivelmente indica presença dessas doenças. Conclusões: Assim, há diferença significativa na probabilidade de ser infectado pelo SARS-CoV-2 e desenvolver COVID-19 em cada grupo, que não pôde ser explicada pela diferença no nível de atividade física entre os grupos.
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