A terapia nutricional como estratégia na seletividade alimentar em crianças autistas
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i6.46121Palavras-chave:
Seletividade alimentar; Transtorno autístico; Terapia nutricional; Transtornos da nutrição infantil; Nutrição da criança; Transtorno do Espectro Autista.Resumo
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento humano que acarreta prejuízo na comunicação e na interação social. Os indivíduos com TEA apresentam padrões de comportamentos repetitivos e restritivos, com repercussão na área da nutrição, uma vez que é recorrente entre os portadores a seletividade alimentar e a presença de problemas gastrointestinais. Esta revisão bibliográfica teve por objetivo analisar a seletividade alimentar e transtorno ou alteração no processo sensorial em crianças com TEA. Foram utilizados estudos em inglês e português das bases de dados SCIELO, CAPES, APA, Periódicos Internacionais EBSCO host. Após a análise de estudos que relatam sobre os hábitos e o estado nutricional de crianças que desenvolveram seletividade ou recusa alimentar, verificou-se que a terapia nutricional tem sido uma estratégia eficaz no tratamento da seletividade alimentar em crianças autistas. Constatou-se que até o momento, não há uma dietoterapia concretizada. As diferentes características do transtorno no comportamento e na parte sensorial demandam um olhar individualizado e o respeito de cada caso de forma única e particular. A literatura científica tem mostrado, com relação à alimentação, que os três aspectos mais marcantes são: seletividade, recusa e indisciplina.
Referências
Almeida, A. K. de A., Santos, L. M. A., Cardoso, M. S. G., Alves, A. M. S., Silva, K. A. da, & Veras, M. A. P. (2018). Consumo de ultraprocessados e estado nutricional de crianças com transtorno do espectro do autismo. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 31(3), 1-10.
American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM (5a ed.). Artmed.
Bandini, L. G., Anderson, S. E., Curtin, C., Cermak, S., Evans, E. W., Scampini, R., & Must, A. (2010). Seletividade alimentar em crianças com transtornos do espectro do autismo e crianças com desenvolvimento típico. The Journal of Pediatrics, 157(2), 259-264.
Bottan, G. P., Fagundes, A. M., Ferreira, G. D., Carvalho, I. M., Carvalho, R. S., & Porfírio, G. J. M. (2020). Analisar a alimentação de autistas por meio de revisão de literatura. Revista Brasileira de Desenvolvimento, 6(12), 100448–100470.
Boyce, J. A., Assa'ad, A., Burks, A. W., Jones, S. M., Sampson, H. A., Wood, R. A., & Wallace, D. (2010). Diretrizes para o diagnóstico e tratamento da alergia alimentar nos Estados Unidos: relatório do painel de especialistas patrocinado pelo NIAID. J Allergy Clin Immunol, 126(6), S1-S58.
Bresnahan, M., Hornig, M., Schultz, A. F., Gunnes, N., Hirtz, D., Lie, K. K., & Stoltenberg, C. (2015). Association of maternal report of infant and toddler gastrointestinal symptoms with autism: evidence from a prospective birth cohort. JAMA psychiatry, 72(5), 466-474.
Buie, T., Campbell, D. B., Fuchs, G. J., Furuta, G. T., Levy, J., Vandewater, J., & Winter, H. (2010). Avaliação, diagnóstico e tratamento de distúrbios gastrointestinais em indivíduos com TEA: um relatório de consenso. Pediatrics, 125(1), 1–18.
Caetano, M. V., & Gurgel, D. C. (2018). O perfil nutricional de crianças portadoras do transtorno do espectro autista. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, 31(1), 1-11.
Cermak, S. A., Curtin, C., & Bandini, L. G. (2010). Food selectivity and sensory sensitivity in children with autism spectrum disorders. Research: Journal of the American Dietetic Association, 110(2), 238-246.
Chaidez, V., Hansen, R. L., & Hertz-Picciotto, I. (2014). Problemas gastrointestinais em crianças com autismo, atrasos no desenvolvimento ou desenvolvimento típico. Jornal de Autismo e Transtornos do Desenvolvimento, 44(5), 1117-1127.
Chistol, L. T., Bandini, L. G., Must, A., Phillips, S. M., & Cermak, S. A. (2018). Sensory Sensitivity and Food Selectivity in Children with Autism Spectrum Disorder. J Autism Dev Disord, 48(2), 583-591.
Côrtes, M. do S. M., & Albuquerque, A. R. de. (2020). Contribuições para o diagnóstico do transtorno do espectro autista: de Kanner ao DSM-V. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, 3(7), 864–880.
Critchfield, J. W., van Hemert, S., Ash, M., Mulloy, A., & Shahan, T. A. (2011). The Potential Role of Probiotics in the Management of Childhood Autism Spectrum Disorders. Gastroenterology Research and Practice, 2011, 161358.
Crowley, J. G., Beavers, G. A., & Forbes, S. (2020). Treating food selectivity as resistance to change in children with autism spectrum disorder. Journal of Applied Behavior Analysis, 53(4), 2002-2023.
Elder, J. H., Shankar, M., Shuster, J., Theriaque, D., & Burns, S. (2015). A review of gluten- and casein-free diets for treatment of autism: 2005-2015. Nutrition and dietary supplements, 7, 87–101.
Fisberg, M., & Maximino, P. (2022). A criança que come mal: atendimento multidisciplinar a experiência do CENDA (Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares) (1ª ed.). Santana da Parnaíba: Manole.
Fisberg, M., Maximino, P., & Silva, D. A. S. (2014). A criança que não come: abordagem pediátrico-comportamental. Blucher Medical Proceedings, 1(4), 1-13.
Freitas, M. C., Silva, A. M. F., & Santos, P. L. C. (2023). Implicações nas políticas educacionais brasileiras dos critérios diagnósticos do autismo no DSM-5 e CID-11. Revista Imagens da Educação, 13(2), 105-127.
Gama, B. T. B., et al. (2020). Seletividade Alimentar em Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma revisão narrativa da literatura. Revista Artigo.com, 17, 1-11.
Gonçalves, C. M. R., et al. (2020). O uso probiótico no transtorno do espectro autista e na esquizofrenia: revisão narrativa da literatura. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, 19(4), 606–619.
Kirby, A. V., Baranek, G. T., & Fox, L. (2015). Caregiver Strain and Sensory Features in Children with Autism Spectrum Disorder and Other Developmental Disabilities. American Journal Intellect Developmental Disabilities, 120(1), 32-45.
Klin, A., Volkmar, F. R., & Sparrow, S. S. (2005). Three diagnostic approaches to Asperger syndrome: implications for research. Journal of Autism and Developmental Disorders, 35(2), 221–234.
Kucharska, M. C. (2010). The review of most frequently occurring medical disorders related to etiology of autism and methods of treatment. Acta Neurobiologiae Experimentalis, 70(2), 141-146.
Lázaro, C. P., Leite, M. A., & Fontoura, L. P. (2019). Escala de Avaliação do Comportamento Alimentar no Transtorno do Espectro Autista: estudo de validação. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 68(4), 191-199.
Lázaro, C. P., Leite, M. A., & Fontoura, L. P. (2018). Escalas de avaliação do comportamento alimentar de indivíduos com transtorno do espectro autista. Revista Psicologia: teoria e prática, 20(3), 23-41.
Le Roy, O. C., et al. (2010). Nutrición del Niño con Enfermedades Neurológicas Prevalentes. Revista Chilena de Pediatria, 81(2), 103-113.
Leal, M., et al. (2017). Terapia Nutricional em Crianças com Transtorno do Espectro Autista. Cadernos da Escola de Saúde, 1(13), 1-13.
Lemes, M. A., et al. (2023). Comportamento alimentar de crianças com transtorno do espectro autista. J Bras Psiquiatria, 72(3), 136-142.
Levene, I. R., & Williams, A. (2017). Fifteen-minute consultation: The healthy child: “My child is a fussy eater!”. Archives of Disease in Childhood- Education and Practice, 103(2), 71-78.
Lima, A. B., et al. (2023). Seletividade Alimentar em Crianças com Transtorno do Espectro Autista: Um relato de caso. Revista PsiPRO, 2(1), 1-15.
Louzada, M. L. da C., et al. (2015). Impacto de alimentos ultraprocessados sobre o teor de micronutrientes da dieta no Brasil. Revista Saúde Pública, 49(45), 1-8.
Maenner, M. J., et al. (2023). Prevalence and characteristics of autism spectrum disorder among children aged 8 years – autism and developmental disabilities monitoring network. Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) Surveill Summ, 72(2), 1-14.
Magagnin, T., et al. (2021). Aspectos alimentares e nutricionais de crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista. Physis: Revista De Saúde Coletiva, 31(1), 1-21.
Mann, J., & Truswell, S. A. (2011). Nutrição humana: da teoria à prática (3a ed., Vol. 2).
Maranhão, H. S., Bezerra, M. C., Souza, A. I. A., Santos, S. M. L., & Filgueira, M. S. (2018). Dificuldades alimentares em pré-escolares, práticas alimentares pregressas e estado nutricional. Rev Paul Pediatr, 36(1), 45-51.
Margari, L., Buttiglione, M., Craig, F., Cristella, A., Simone, M., Mastroianni, F., & de Giambattista, C. (2020). Eating and mealtime behaviors in patients with autism spectrum disorder: current perspectives. Neuropsychiatric Disease and Treatment, 16, 2083-2102.
Miyajima, A., Koeda, T., & Kondo, Y. (2017). Development of an intervention programme for selective eating in children with autism spectrum disorder. Hong Kong Journal of Occupational Therapy, 30(1), 22-32.
Moraes, L. S., Stagi, E. M., Costa, A. J., & Gouveia, L. F. (2021). Seletividade alimentar em crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista. Revista da Associação Brasileira de Nutrição, 12(2), 42–58.
Murray, H. B., Penrose, D., & Eddy, K. T. (2018). Prevalence in primary school youth of pica and rumination behavior: The understudied feeding disorders. International Journal of Eating Disorders, 51, 994-998.
Niu, M., Li, Q., Zhang, J., Wen, F., & Zhang, L. (2019). Characterization of Intestinal Microbiota and Probiotics Treatment in Children With Autism Spectrum Disorders in China. Frontiers in Neurology, 10(1084), 1-6.
Oliveira, P. L., & Souza, A. P. R. (2021). Terapia com base em integração sensorial em um caso de Transtorno do Espectro Autista com seletividade alimentar. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 30, 1-12.
Oliveira, J. A. N. et al. (2016). A influência da família na alimentação complementar: relato de experiências. Demetra, 11(1), 75-90.
Oliveira, L. M. M. et al. (2018). Fatores pós-natais relacionados ao transtorno do espectro do autismo: revisão integrativa da literatura. Revista Unimontes Científica, 20(1), 2236–2257.
Oliveira, A. L. T. D. (2012). Intervenção nutricional no autismo. Revisão Temática (Nutrição) - Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do Porto.
Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS. (2017). Transtorno do espectro autista. https://www.paho.org/pt/topicos/transtorno-do-espectro-autista.
Pereira, A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica: licenciatura em computação. 1 ed. Universidade Federal de Santa Maria.
Sadelhoff, J. H. J. Van et al. (2019). The Gut-Immune-Brain Axis in Autism Spectrum Disorders; A Focus on Amino Acids. Frontiers in Endocrinology, 10(247), 1-15.
Sampaio, A. B. M. et al. (2013). Seletividade alimentar: uma abordagem nutricional. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 62(2), 164-170.
Sanctuary, M. R. et al. (2019). Pilot study of probiotic/colostrum supplementation on gut function in children with autism and gastrointestinal symptoms. Plos One, 9(1), 14-0210064.
Sandin, S. et al. (2014). The familial risk of autism. JAMA, 311(17), 1770-1777.
Santocchi, E. et al. (2016). Gut to brain interaction in autism spectrum disorders: a randomized controlled trial on the role of probiotics on clinical, biochemical and neurophysiological parameters. BMC Psychiatry, 16(183), 1-16.
Silva, N. I. da. (2011). Relações entre hábitos alimentares e síndrome do espectro autista. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba.
Skinner, J. D. et al. (2002). Children’s food preferences: a longitudinal analysis. Journal of The American Dietetic Association, 102, 1638-1647.
Sousa, A. F. de et al. (2022). Educação Alimentar e Nutricional para crianças com Transtorno do Espectro Autista: propostas de atividades práticas na escola, na clínica e em casa. 1. ed. UFPE. Recife.
Sparrenberger, K. et al. (2015). Consumo de alimentos ultraprocessados em crianças de uma Unidade Básica de Saúde. Jornal de Pediatria, 91(6), 535-542.
Taylor, C. M. et al. (2015). Picky/fussy eating in children: Review of definitions, assessment, prevalence and dietary intakes. Appetite, 95, 349-359.
Taylor, C. M., & Emmett, P. M. (2018). Picky eating in children: Causes and consequences. Proceedings of the Nutrition Society, 78(2), 161-169.
OPAS. (2022). Versão final da nova Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-11 é publicada). Notícias OPAS. https://www.paho.org/pt/noticias/11-2-2022-versao-final-da-nova-classificacao-internacional-doencas-da-oms-cid-11-e
Vilela, D. A. M., et al. (2019). Disfunção gastrointestinal no transtorno do espectro autista e suas possíveis condutas terapêuticas. Debates em Psiquiatria, 9(4), 34-42.
Won, H., et al. (2013). Causas, mecanismos e tratamentos do transtorno do espectro do autismo: foco nas sinapses neuronais. Frontiers in Molecular Neuroscience, 6(19).
Wasilewska, J., & Klukowski, M. (2015). Gastrointestinal symptoms and autism spectrum disorder: links and risks – a possible new overlap syndrome. Pediatric Health, Medicine and Therapeutics, 6, 153-166.
Whiteley, P., et al. (2013). The ScanBrit randomised, controlled, single-blind study of a gluten- and casein-free dietary intervention for children with autism spectrum disorders. Nutritional Neuroscience, 13(2), 87-100.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Nara Mendes Bonfim; Liliani Dourado de Jesus; Maria Cláudia da Silva
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.