Caracterização dos casos de intoxicação exógena em adolescentes no Brasil 2014 a 2023: Um estudo ecológico
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i8.46590Palavras-chave:
Intoxicação; Adolescente; Assistência integral à saúde; Saúde do adolescente.Resumo
Objetivo: Descrever as notificações de intoxicação exógena em adolescentes no Brasil de 2014 a 2023. Método: Estudo observacional, ecológico, descritivo, retrospectivo e de abordagem quantitativa, utilizando-se adolescentes de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos, no período de 2014 a 2023, com base em dados coletados através do DATASUS por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Resultados: Houve um total de 292.823 casos de intoxicação exógenas em adolescentes entre os anos de 2014 e 2023 no Brasil. Destaca-se que a faixa etária de 15 a 19 anos concentra a maioria das notificações (73.50%). Medicamentos são a principal causa (64.00%), seguidos por drogas de abuso (9.30%) e alimentos e bebidas (5.60%). Quanto às circunstâncias do evento, a "automedicação" é uma circunstância relevante, representando 12.288 casos, com um aumento notável na faixa etária de 15-19 anos. “Tentativa de suicídio”, "abuso" e "acidente" mostram incidências significativas, com 179.227, 29.910 e 15.396 casos, respectivamente. Quanto à evolução, a categoria de cura sem sequela revelou uma predominância ao longo dos anos, com 31.575 casos em 2023 (75.28%), contribuindo junto a outras categorias para a complexidade dessas notificações. Conclusões: É necessário, portanto, entender o perfil de casos, a fim de subsidiar a realização de políticas de intervenção e prevenção desse agravo e, com isso, conter o crescimento exponencial desses casos.
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