Saúde mental de servidores administrativos e professores de uma instituição de educação profissional e tecnológica
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v13i8.46636Palavras-chave:
Saúde mental; Estresse psicológico; Ansiedade; Depressão; Educação profissionalizante; Ensino.Resumo
Este artigo almeja descrever a prevalência de estresse, ansiedade e depressão em técnicos administrativos e docentes de um instituto federal de educação no estado do Espírito Santo, Brasil. Também almeja analisar fatores sociodemográficos associados a essas variáveis de saúde mental. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa quantitativa e transversal com uma amostra de 62 profissionais da educação, sendo 32 docentes e 30 técnicos administrativos. Os participantes responderam um questionário com variáveis sociodemográficas (carreira profissional, etnia, faixa etária, gênero e renda familiar mensal) e a Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse. Foram analisadas estatísticas descritivas e inferenciais com o auxílio do software SPSS, versão 27.0. Os resultados indicaram prevalência de 33,87% de níveis moderados a extremamente severos de estresse, 29,03% de ansiedade e 37,10% de depressão na amostra. Análises bivariadas demonstraram que não houve associações entre a etnia dos participantes e as variáveis de saúde mental. Também demonstraram que os grupos mais vulneráveis aos transtornos mentais foram os técnico-administrativos em educação, os mais jovens, as mulheres e os servidores com menores rendas familiares mensais. Estes resultados indicam a necessidade de se desenvolverem políticas públicas educacionais direcionadas à proteção e promoção da saúde mental dos profissionais da educação e à prevenção do adoecimento, especialmente dos grupos mais vulneráveis. Nas considerações finais são apresentadas as limitações do estudo e indicações para pesquisas futuras.
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