Uso de antirretrovirais em gestantes vivendo com HIV no Brasil: Coorte retrospectiva, 2014-2019
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i1.47991Palavras-chave:
Gestantes; Antirretrovirais; Brasil.Resumo
No Brasil, o HIV em mulheres ocorre principalmente na fase reprodutiva, com aumento das taxas de detecção entre gestantes. Alterações nos protocolos de terapia antirretroviral (TARV) têm influenciado o manejo das gestantes vivendo com HIV (GVHIV). Objetivo: Avaliar o uso de antirretrovirais (ARVs) e o perfil sociodemográfico das GVHIV no Brasil entre 2014 e 2019. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo com dados do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM). Foram incluídas mulheres com 14 anos ou mais e ao menos uma dispensação de ARV durante a gestação. As gestantes foram classificadas entre usuárias prévias de TARV e iniciantes na gestação. Análises descritivas e analíticas foram realizadas. Resultados: Incluíram-se 34.659 gestantes: 53,3% usaram TARV previamente e 46,7% iniciaram na gestação. A maioria tinha 30-39 anos (32,6%), era não branca (46,7%), sem parceiro (38,5%) e com 8-11 anos de estudo (27,7%). O tempo médio de TARV foi de 174,2 dias, com 14,3% relatando reações adversas. Os esquemas de ARVs variaram: lopinavir + ritonavir/zidovudina + lamivudina até 2016, tenofovir + lamivudina + efavirenz em 2017, e tenofovir + lamivudina/raltegravir a partir de 2018. Conclusão: O uso de TARV entre GVHIV seguiu os protocolos nacionais, refletindo práticas consistentes. Contudo, os dados destacam vulnerabilidades sociais e a necessidade de ampliar o acesso à saúde. Melhorar os serviços de saúde reprodutiva é essencial para reduzir a transmissão vertical e garantir cuidado integral.
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