Levantamento etnobotânico de plantas medicinais em uma comunidade rural do município de Euclides da Cunha, semiárido da Bahia
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i2.48263Palavras-chave:
Caatinga; Uso medicinal; Conhecimento tradicional; Uso popular.Resumo
Esta pesquisa teve como objetivo realizar um levantamento etnobotânico de plantas utilizadas para fins medicinais por uma comunidade rural do semiárido nordestino. O estudo ocorreu entre junho e outubro de 2024, no município de Euclides da Cunha-BA, por meio de visitas domiciliares com aplicação de um questionário semiestruturado. Contatou-se que a maior parte dos informantes são do sexo feminino (82%), com idade acima de 60 anos (46%). São agricultores (64%) e donas de casa (27%) que utilizam as plantas medicinais quando necessário (55%) ou fazem uso diário (45%). Foram identificadas 54 espécies distribuídas em 31 famílias botânicas. A família Lamiaceae foi a mais representativas em número de espécies. Do total de espécies de plantas utilizadas para fins medicinais, 73% dos informantes indicaram uso de capim-santo (Cymbopogon citratus) e erva-cidreira (Lippia alba). A flora medicinal consiste principalmente em árvores e arbustos (48%) e subarbustos e ervas (48%) das quais 30% são espécies nativas do Brasil. As enfermidades apontadas como mais frequentes na comunidade e tratadas com plantas medicinais são inflamação, gripes e resfriados, febre, dores de cabeça e dores de barriga. Há predominância no uso das folhas (87%) no preparo de chás (83%). A quantidade de plantas identificadas e seus potenciais usos terapêuticos refletem o rico conhecimento etnomedicinal da comunidade rural. A crença na eficácia da medicina tradicional nos cuidados primários de saúde contribuirá para a manutenção do conhecimento da comunidade e auxiliará no uso sustentável dos recursos vegetais. Os resultados do presente estudo podem contribuir para investigações fitoquímicas e farmacológicas.
Referências
Albuquerque, U. D., Lucena, R. D., & Alencar, N. L. (2010). Métodos e técnicas para coleta de dados etnobiológicos. Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica, 1. Recife: NUPEEA, p.41-64.
Albuquerque, U. P., Lucena, R. F., Monteiro, J. M., Florentino, A. T., & Cecília de Fátima, C. B. R. (2006). Evaluating two quantitative ethnobotanical techniques. Ethnobotany Research and Applications, 4, 051-060.
Barbosa, A. S., Leal, E. L. V., Martins, I. M., Stefanello, S. T., & Dobrachinski, L. (2023a). Uso de plantas medicinais nativas do cerrado pela população idosa da região oeste do estado da Bahia: Um estudo etnofarmacobotânico. Revista Eletrônica Acervo Saúde, 23(4), e13062-e13062.
Barbosa, M. D. O., Wilairatana, P., Leite, G. M. D. L., Delmondes, G. D. A., Silva, L. Y. S. D., Júnior, S. C. A., ... & Kerntopf Mendonça, M. R. (2023b). Plectranthus species with anti-inflammatory and analgesic potential: A systematic review on ethnobotanical and pharmacological findings. Molecules, 28(15), 5653.
Braz, L. C., Almeida, R. S., Campos, I. C., Oliveira, F. J., Rozendo, A. S., Barbosa, V. O., ... & Sanglard, D. A. (2012). Levantamento etnobotânico na região de Sumé, Cariri paraibano: bioprospecção e conservação de plantas utilizáveis em biofarmacologia. Anais dos Encontros Nacionais de Engenharia e Desenvolvimento Social-ISSN 2594-7060, 9(1).
Carvalho, C. D. S., Gomes, P. N., Lopes, L. S., Aragão, M. C. O., Abreu, L. P. D., & Silva, M. M. D. (2020). Levantamento etnobotânico na Comunidade Rural de Santa Marta, Município de Corrente, Estado do Piauí, Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, 7(17), 1483-1498.
Farias, P. D. S., de Freitas, R. M. O., Matias, M. I. D. A. S., Nogueira, N. W., Souza, R. N., & Fernandes, A. C. O. (2021). Plantas medicinais utilizadas por mulheres em comunidades quilombolas do Recôncavo Baiano. Research, Society and Development, 10(12), e328101219916-e328101219916.
Flora e Funga do Brasil (2025). Jardim botânico do Rio de Janeiro. http:// floradobrasil.jbrj.gov.br/
Freire, N. C. F., Moura, D. C., Silva, J. B. D., Moura, A. S. S. D., Melo, J. I. M. D., & Penha Pacheco, A. D. (2018). Atlas das Caatingas o único bioma exclusivamente brasileiro. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana.
Froz, M. J. D. L., Luana de Souza, P. B., de Jesus, E. N. S., Tavares, M. S., Mourão, R. H. V., Silva, R. C., ... & Figueiredo, P. L. B. (2024). Lippia alba essential oil: A powerful and valuable antinociceptive and anti-inflammatory medicinal plant from Brazil. Journal of Ethnopharmacology, 333, 118459.
Glowka, K. K. O., Marques, S. A., & Moura, G. S. (2021). Conhecimento popular sobre plantas medicinais em comunidades rurais do Município de Laranjeiras do Sul, Paraná. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, 16(1), 48-59.
Kiełtyka-Dadasiewicz, A., Esteban, J., & Jabłońska-Trypuć, A. (2024). Antiviral, Antibacterial, Antifungal, and Anticancer Activity of Plant Materials Derived from Cymbopogon citratus (DC.) Stapf Species. Pharmaceuticals, 17(6), 705.
Li, Y., Kong, D., Fu, Y., Sussman, M. R., & Wu, H. (2020). The effect of developmental and environmental factors on secondary metabolites in medicinal plants. Plant physiology and biochemistry, 148, 80-89.
Lima Júnior, J. D. R. M. L., Ferreira, F. D. A. M., Araújo, M. S. M., Cavalcante, M. R. M., da Silva Oliveira, P., dos Santos Pereira, J. F., ... & Ferreira, T. T. D. (2023). Uso de plantas medicinais por idosos: Conhecimento dos riscos e benefícios. Nursing Edição Brasileira, 26(298), 9509-9522.
Lima, R. K., & Cardoso, M. G. (2013). Família Lamiaceae: importantes óleos essenciais com ação biológica e antioxidante. Revista Fitos, 3(03), 14-24.
Lorenzi, H., & Matos, F. J. D. A. (2021). Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. (3 ed.). Editora Jardim Botânico Plantarium.
Magalhães, P. K. A., Araujo, E. N., Santos, A. M., Vanderlei, M. B., Souza, C. C. L., Correia, M. S., ... & Matos-Rocha, T. J. (2021). Ethnobotanical and ethnopharmacological study of medicinal plants used by a traditional community in Brazil’s northeastern. Brazilian Journal of Biology, 82, e237642.
Manosso, F., de Oliveira, E., Heidemann, V. B., & Anese, S. (2021). Levantamento etnobotanico de plantas medicinais no município de Campo Novo do Parecis-MT. Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável, 11(1), 349-365.
Nogueira, A. J., Vargas, A., Brayner, F., & Campos, M. (2005). Medicina Popular, Rio de Janeiro: Prefeitura Municipal, 49p.
Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Parreira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa científica. Editora UAB/NTE/UFSM.
Pereira Júnior, G. F. P., de Azevedo, M. D. G. B., & de Souza, J. B. P. (2024). Cultivo e uso de plantas medicinais na comunidade rural Sítio Bujari, Cuité, Paraíba, Brasil. Saúde e meio ambiente: revista interdisciplinar, 13, 61-80.
Rahbardar, M. G., & Hosseinzadeh, H. (2020). Therapeutic effects of rosemary (Rosmarinus officinalis L.) and its active constituents on nervous system disorders. Iranian journal of basic medical sciences, 23(9), 1100.
Reis, B. L. S., Nascimento, F. H. S., Brito, T., de Oliveira, V. J. D. S., & Almeida, V. O., (2022). Avaliação de plantas medicinais utilizadas no preparo de garrafadas em Santo Antônio de Jesus-BA. Textura, 16(1), 16-34.
Reis, H. S., da Paz, C. D., Cocozza, F. D. M., de Oliveira, J. G. A., & Silva, M. A. V. (2023). Plantas medicinais da caatinga: uma revisão integrativa dos saberes etnobotânicos no semiárido nordestino. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, 27(2), 874-900.
Santos, C. T. S., Santos, C. A. B., & de Andrade, W. M. (2021). Recursos naturais utilizados pela comunidade rural de campos novos, Paulo Afonso, Bahia. Revista Científica do UniRios, 15(30) 411-436.
Shitsuka, R., Shitsuka, R. I. C. M., Shitsuka, D. M., & Shitsuka, C. D. W. M. (2014). Matemática fundamental para tecnologia. (2ed.). Editora Erica.
Silva, A. S., Muller, T. S., & de Oliveira, G. L. (2025). Etnobotânica: Conhecimento Tradicional da Comunidade Rural Juerana, Caravelas, Bahia: Ethnobotany: Traditional Knowledge of the Rural Community of Juerana, Caravelas, Bahia. RCMOS-Revista Científica Multidisciplinar O Saber, 1(1).
Silveira, D., & Boylan, F. (2023). Medicinal plants: advances in phytochemistry and ethnobotany. Plants, 12(8), 1682.
Sousa, R. L., Leal, J. B., Costa, J. M., da Silva Pereira, M. D. G., da Silva, A. F., dos Santos Mesquita, S., & Silva, S. G. (2022). Plantas medicinais aromáticas: levantamento etnobotânico em duas comunidades rurais, Pará, Amazônia, Brasil. Biodiversidade, 21(2).
Souza, V. C., & Lorenzi, H. (2019). Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas do Brasil, baseado em APG IV. (4ª ed.). Editora Jardim Botânico Plantarum.
Stankovic, M. (2020). Lamiaceae Espécies, (1ª ed.). MDPI: Basileia, Suíça.
Sun, J., Sun, P., Kang, C., Zhang, L., Guo, L., & Kou, Y. (2022). Chemical composition and biological activities of essential oils from six lamiaceae folk medicinal plants. Frontiers in Plant Science, 13, 919294.
Vitório, P. C. S., da Paz, J. R. L., do Rosário, D. D. J., das Neves, E. L., Alvarenga, L. D. C. A., & Pigozzo, C. M. (2023). Usos botânicos da comunidade de Santa Terezinha, região ecotonal entre mata atlântica e caatinga na Bahia, Nordeste do Brasil. Acta Biológica Catarinense, 10(3), 11-24.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Jéssyca Dellinhares Lopes Martins; Osiel dos Reis Silva; Andreia Matos de Santana; Daielly Nascimento Cézar; Leane Rodrigues dos Santos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
