Caracterização morfo-molecular e resistência ao formol de fungo isolado em laboratório de anatomia
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i5.48804Palavras-chave:
Fungos; Formaldeído; Basidiomycota.Resumo
Os fungos são seres eucariontes, com organização celular e DNA delimitado por um envoltório nuclear. Morfologicamente, apresentam-se como leveduras, filamentososo, chamados de bolores, sendo microscópicos ou macroscópicos. Condições climáticas como no Amazonas favorecem aos ambientes fechados com alta umidade, fatores que potencializam a fase de desenvolvimento desses microrganismos e aumentam a capacidade de propagação, os tornando contaminantes bastante adaptativos. Este estudo objetivou caracterizar morfo-molecularmente e avaliar a capacidade de resistência ao formol do fungo isolado em laboratório de anatomia. Foi obtido da suspensão líquida de formol dos tanques com peças anatômicas. Analisado morfologicamente através da macro e microscópica, e submetido ao processo de extração de DNA para o sequenciamento e identificação. Também foram realizados testes de resistência em concentrações de formol e capacidade de crescimento em temperaturas 37ºC, 45ºC e 50ºC, bem como, detecção na atividade enzimática de proteases. Como resultados, o isolado estudado obteve crescimento satisfatório em todas as temperaturas testadas, bem como em todas as concentrações de formalina, com a extração do DNA e sequenciamento o fungo indicou ser do gênero Phanerochaete. O isolado demonstrou resistência a todas as concentrações de formol testadas com destaque a concentração utilizada no laboratório. Cresceu bem nas altas temperaturas testadas, porém não apresentou halo na atividade de protease. Contudo, foi possível verificar um potencial biotecnológico, que necessita de estudos futuro mais detalhados que o indique como alternativa na biorremediação de sedimentos contaminados com formaldeído, e o conhecer melhor para possível controle de sua contaminação no acervo de peças anatômicas do laboratório de anatomia.
Referências
Abreu, J. A. S., Rovida, A. F. S., & Pamphile, J. A. (2015). Fungos de interesse: Aplicações biotecnológicas. Revista Uningá Review, 21(1), 1. ISSN 2178-2571.
André, G. A., & Weikert, R. C. O. (2000). Isolamento e identificação dos patógenos microbiológicos encontrados no laboratório de anatomia humana. Brazilian Journal of Morphological Sciences, 17, 63-64.
Boonmee, S., et al. (2021). Fungal diversity notes 1387–1511: Taxonomic and phylogenetic contributions on genera and species of fungal taxa. Fungal Diversity, 111, 1–335.
Calamares Neto, J., & Colombo, T. E. (2015). Isolamento e identificação de fungos filamentosos em peças anatômicas conservadas em formol. Journal of Health Sciences Institute, 33(3), 218-222.
Carey, J., D'Amico, R., Sutton, D., & Rinaldi, M. G. (2003). Vaginite de Paecilomyces lilacinus em paciente imunocompetente. Emerging Infectious Diseases, 9, 1155-1158.
Chambergo, F. S. C., & Valencia, E. Y. (2016). Fungal biodiversity to biotechnology. Applied Microbiology and Biotechnology, 100, 2567-2577.
Cordeiro, P. A. S., Siqueira, G. K. R., Silva, W. M. T., & Vieira, P. D. S. (2021). Fungos anemófilos associados ao ambiente das enfermarias em unidade hospitalar do Cabo de Santo Agostinho-PE, Brasil. SaBios-Revista de Saúde e Biologia, 16(1), 1–8. https://doi.org/10.54372/sb.2021.v16.2821
Corrêa, W. R. (2003). Isolamento e identificação de fungos filamentosos encontrados em peças anatômicas em solução de formol a 10% [Dissertação de mestrado, Universidade do Vale do Paraíba].
Cuenca-Estrella, M. (2010). Antifúngicos en el tratamiento de las infecciones sistémicas: Importancia del mecanismo de acción, espectro de actividad y resistencias. Revista Española de Quimioterapia, 23, 169-176.
Dingle, J., Reid, W. W., & Solomons, G. L. (1953). The enzymic degradation of pectin and other polysaccharides. II. Application of the "cup-plate" assay to the estimation of enzymes. Journal of the Science of Food and Agriculture, 4, 149-155.
Du, B., Xu, Y., Dong, H., Li, Y., & Wang, J. (2020). Phanerochaete chrysosporium strain B-22, a nematophagous fungus parasitizing Meloidogyne incognita. PLoS ONE, 15(1), e0216688. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0216688
Floudas, D., & Hibbett, D. S. (2015). Revisiting the taxonomy of Phanerochaete (Polyporales, Basidiomycota) using a four gene dataset and extensive ITS sampling. Fungal Biology, 119(8), 679-719. https://doi.org/10.1016/j.funbio.2015.04.003
Gil, A. C. (2017). Como elaborar projetos de pesquisa. 6ed. Atlas.
Houbraken, J., Verweij, P. E., Rijs, A., Borman, A. M., & Samson, R. A. (2010). Identificação de Paecilomyces variotii em amostras clínicas e configurações. Journal of Clinical Microbiology, 48, 2754-2761.
Konan, D., Ndao, A., Koffi, E., Elkoun, S., Robert, M., Rodrigue, D., & Adjallé, K. (2024). Biodecomposition with Phanerochaete chrysosporium: A review. AIMS Microbiology, 10(4), 1068–1101. https://doi.org/10.3934/microbiol.2024046
Lacaz, C. S., et al. (2002). Tratado de micologia médica (9a ed.). Instituto de Medicina Tropical de São Paulo.
Li, Y., Chen, C.-C., & He, S.-H. (2023). New corticoid taxa in Phanerochaetaceae (Polyporales, Basidiomycota) from East Asia. Frontiers in Microbiology, 14, 1093096. https://doi.org/10.3389/fmicb.2023.1093096
Lima, A. K. S., et al. (2017). Fungos isolados da água de consumo de uma comunidade ribeirinha do médio Rio Solimões, Amazonas-Brasil: Potencial patogênico. Revista Ambiente & Água, 12(6), 1017-1024. https://doi.org/10.4136/ambi-agua.2018
Liu, L., Li, H., Liu, Y., Li, Y., & Wang, H. (2020). Whole transcriptome analysis provides insights into the molecular mechanisms of chlamydospore-like cell formation in Phanerochaete chrysosporium. Frontiers in Microbiology, 11, 527389. https://doi.org/10.3389/fmicb.2020.527389
Lobato, C. R., Klafke, B. G., & Xavier, O. M. (2016). Reprodutibilidade de distintas técnicas associadas à filtração na padronização de inóculo de conídios de Aspergillus fumigatus. Vittalle Revista de Ciências da Saúde, 28, 84-89.
Medeiros, H. G. A., & Sousa, A. C. B. (2019). Isolamento e identificação de fungos filamentosos alergênicos encontrados em peças anatômicas humanas conservadas em solução de formaldeído. In J. M. B. Oliveira Junior (Org.), Análise Crítica das Ciências Biológicas e da Natureza 3 (pp. 38-49). Atena Editora. https://doi.org/10.22533/at.ed.5901927054
Menezes, E. A., Barbosa, A. C., Cunha, M. C., Mendes, L. G., & Cunha, F. A. (2016). Suscetibilidade a antifúngicos e fatores de virulência de Candida spp. isoladas em Russas, Ceará. Revista Brasileira de Análises Clínicas, 48, 33-38.
Neta, M. O. B. S. (2014). Controle de qualidade microbiológico-ambiental dos laboratórios de saúde da faculdade Montes Belos-Goiás. Revista Faculdade Montes Belos, 7(2).
Pereira A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [free e-book]. Ed.UAB/NTE/UFSM.
Przybysz, C. H. (2009). Avaliação do formaldeído como fungicida no laboratório de anatomia humana. Revista F@pciência, 5(12), 121–133.
Przybysz, C. H., Scolin, E., Forcato, A., Araújo, K., & Costa, L. (1998). Avaliação do possível crescimento e resistência de espécies fúngicas ao formol. Revista Saúde e Pesquisa, 3, 269.
Shii, K., et al. (2006). Analysis of fungi detected in human cadavers. Legal Medicine, 8, 188-190.
Souza, C. H., Oliveira, A. L., & Andrade, S. J. (2008). Seleção de basidiomycetes da Amazônia para produção de enzimas de interesse biotecnológico. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 28, 116-124.
Torres, H. A., & Kontoyiannis, D. P. (2003). Hialo-hifomicoses (outras que não aspergilose e peniciliose). In W. Dismukes, P. G. Pappas, & J. D. Sobel (Eds.), Micologia clínica (pp. 252–270). Oxford University Press.
Tuisel, H., Sinclair, R., Bumpus, J. A., Ashbaugh, W., Brock, B. J., & Aust, S. D. (1990). Lignin peroxidase H2 from Phanerochaete chrysosporium: Purification, characterization and stability to temperature and pH. Archives of Biochemistry and Biophysics, 279(1), 158-166. https://doi.org/10.1016/0003-9861(90)90476-F
Vieira, et al. (2013). Efeito da utilização do formol-deído na em laboratórios de anatomia. Revista Ciência e Saúde Nova Esperança, 11(1), 97–105. http://revistanovaesperanca.com.br/index.php/revistane/article/view/424/319
Wang, Z., & Zhao, Y. (2021). Isolation and characterization of formaldehyde-degrading fungi and its formaldehyde metabolism. Environmental Science and Pollution Research, 21(9), 6016-6024.
Wu, S.-H., Chen, C.-C., & Wei, C.-L. (2018). Three new species of Phanerochaete (Polyporales, Basidiomycota). MycoKeys, 41, 91–106. https://doi.org/10.3897/mycokeys.41.29070
Yadav, N., Yadav, A. N., Saxena, A. K., Tanvir, R., Kaur, D., Guleria, G., & Rana, K. L. (2020). Fungal secondary metabolites and their biotechnological applications for human health. In Environmental Technology & Innovation (Vol. 17, Cap. 9).
Yu, D. S., Song, G., Song, L. L., Wang, W., & Guo, C. H. (2015). Formaldehyde degradation by a newly isolated fungus Aspergillus sp. HUA. International Journal of Environmental Science and Technology, 12, 247–254.
Zhang, Q.-Y., Liu, Z.-B., Liu, H.-G., & Si, J. (2023). Two new corticoid species of Phanerochactaceae (Polyporales, Basidiomycota) from Southwest China. Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, 13, 1105918. https://doi.org/10.3389/fcimb.2023.1105918
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Giovanna Caetano Azevedo; Lara Isabelli Oliveira da Silva; Jorge Rubens Coelho de Lima; Aline Guimarães Grana; Reginaldo Gonçalves de Lima-Neto; Rudi Emerson de Lima Procópio; Suanni Lemos Andrade

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.