Violência contra crianças e adolescentes: notificação como exercício de poder e resistência contra o agressor
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.4986Palavras-chave:
Saúde Pública; Violência doméstica; Notificação de abuso; Serviços de saúde.Resumo
Este estudo teve como objetivo conhecer como os profissionais de saúde tem se fortalecido e encorajado para proceder às notificações de violência contra crianças e adolescentes no Rio Grande/RS. Pesquisa exploratória, descritiva, de abordagem qualitativa, realizada com sete profissionais de saúde que realizaram essa notificação. A coleta de dados foi desenvolvida por meio de entrevistas semiestruturadas, mediante análise textual discursiva. Constatou-se que o conhecimento sobre a temática violência mostra-se como uma condição necessária para a realização da notificação. O conhecimento de si e o cuidado de si mostrou-se fortemente articulada ao exercício da liberdade dos notificadores de exercer poder e resistência à manutenção da violência, frente a suas vivências prévias, crenças e valores em relação a situações de violência. A notificação constitui-se, assim, em uma ação ética, pois expressa não apenas o cuidado de si dos profissionais envolvidos, mas o cuidado do outro, a busca do seu bem-estar e proteção.
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