Análise multidisciplinar de uma pescaria proibida: estudo de caso da pesca do mero Epinephelus itajara (Lichtenstein, 1822) no litoral paraense, Amazônia oriental
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.6338Palavras-chave:
Conhecimento ecológico local; RAPFISH; Pesca ilegal; Moratória.Resumo
O mero é uma espécie ameaçada que tem uma moratória instituída desde 2002, válida até 2023. Entretanto, as capturas são comuns em muitos portos amazônicos e, neste cenário, o objetivo deste trabalho foi obter informações dos pescadores paraenses sobre a eficiência e aplicabilidade da legislação vigente, no Estado do Pará e por meio de uma análise multidisciplinar (RAPFISH), caracterizar essas pescarias em seus aspectos econômicos, sociais, ecológicos, tecnológicos e de manejo. Os dados foram obtidos por meio entrevistas com formulários semiestruturados aplicados aos pescadores, mestres e donos de embarcações no período compreendido entre agosto de 2016 a março de 2017, nos municípios de Bragança, Curuçá e Viseu por meio da técnica “snowball”. Os dados foram tabulados e analisados em planilhas eletrônicas do Microsoft Office Excel. O total de 60 entrevistas foi concebido de modo a equalizar o número de pescadores em cada local estudado (20 por município). O uso da metodologia RAPFISH permitiu caracterizar e avaliar a pesca de Epinephelus itajara, sob cinco dimensões e em termos de sustentabilidade. No entanto, em nenhuma delas foi possível verificar quaisquer indicativos de manutenção desta pesca. A pesca do mero no litoral paraense é bastante comum, onde as fiscalizações, apreensões e punições são raras. Neste sentido, reitera-se a necessidade de um monitoramento mais expressivo no intuito de minimizar os efeitos deletérios desta prática nas populações naturais.
Referências
Biernacki, P., & Waldorf, D. (1981). Snowball sampling: Problems and techniques of chain referral sampling. Sociological methods & research, 10(2), 141-163. https://doi.org/10.1177/004912418101000205
Bullock, L. H., Murphy, M. D., Godcharles, M. F., & Mitchell, M. E. (1992). Age, growth, and reproduction of jewfish Epinephelus itajara in the eastern Gulf of Mexico. Fishery Bulletin, (2).
Brasil (2002). Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. Portaria Nº 121, de 20 de setembro de 2002. Proíbe, nas águas jurisdicionais brasileiras, por um período de cinco anos, a captura de Epinephelus itajara Diário Oficial da União, Brasília, 23 de setembro 2002, Nº 184, Seção 1.
Brasil (2007). Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Portaria N°42, de 19 de setembro de 2007. Prorroga a proibição da captura de Epinephelus itajara por mais cinco anos. Diário Oficial da União, Brasília, 20 setembro de 2007, Nº 182, Seção 1.
Brasil (2012). Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, N° 13/2012. Proíbe, nas águas jurisdicionais brasileiras, por um período de três anos, a captura de Epinephelus itajara. Diário oficial da União, Brasília, 17 outubro 2012, N° 122, Secão 1.
Brasil (2015). Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, N° 13/2012. Proíbe, nas águas jurisdicionais brasileiras, por um período de oito anos, a captura de Epinephelus itajara. Diário oficial da União, Brasília, 02 outubro 2015, N° 122, Secão 1.
Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Norte (2012). Produção de pescado marítimo e estuarino do Estado do Pará, por município e espécie (1995 a 2004). CEPENOR, Belém.
Clarke, K. R. (1993). Non‐parametric multivariate analyses of changes in community structure. Australian journal of ecology, 18(1), 117-143. https://doi.org/10.1111/j.1442-9993.1993.tb00438.x
Clarke, R., & Warwick, R. M. (2001). A further biodiversity index applicable to species lists: variation in taxonomic distinctness. Marine ecology Progress series, 216, 265-278. https://doi:10.3354/meps216265
Collins, A B., & Motta, P. J. (2017). A kinematic investigation into the feeding behavior of the Goliath grouper Epinephelus itajara. Environmental Biology of Fishes, 100(4), 309-323. https://doi.org/10.1007/s10641-016-0543-4
Frias-Torres, S. (2006). Habitat use of juvenile goliath grouper Epinephelus itajara in the Florida Keys, USA. Endangered Species Research, 2, 1-6. https://doi:10.3354/esr002001
Gerhardinger, L. C., Bertoncini, A. A., & Hostim-Silva, M. (2006). Local ecological knowledge and Goliath grouper spawning aggregations in the South Atlantic Ocean: Goliath grouper spawning aggregations in Brazil. SPC Traditional Marine Resource Management and Knowledge Information Bulletin, 20, 33-34.
Hamilton, R. J. (2005). Indigenous ecological knowledge (IEK) of the aggregating and nocturnal spawning behaviour of the longfin emperor, Lethrinus erythropterus. SPC Tradit Mar Resour Manage Knowl Inf Bull, 18, 9-17.
Hostim-Silva, M., Bertoncini, A. A., Gerhardinger, L. C., & Machado, L. F. (2005). The “Lord of the Rock’s” conservation program in Brazil: the need for a new perception of marine fishes. Coral Reefs, 24(1), 74-74. https://doi.10.1007/s00338-004-0437-3
Isaac, V. J., Silva, C. D., & Ruffino, M. L. (2004). A pesca no Baixo Amazonas. A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia brasileira, 1, 185-211.
Giglio, V. J., Adelir-Alves, J., Gerhardinger, L. C., Grecco, F. C., Daros, F. A., & Bertoncini, Á. A. (2014). Habitat use and abundance of goliath grouper Epinephelus itajara in Brazil: a participative survey. Neotropical Ichthyology, 12(4), 803-810. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0224-20130166
Giglio, V. J., Bender, M. G., Zapelini, C., & Ferreira, C. E. (2017). The end of the line? Rapid depletion of a large-sized grouper through spearfishing in a subtropical marginal reef. Perspectives in Ecology and Conservation, 15(2), 115-118. https://doi.org/10.1016/j.pecon.2017.03.006
Johannes, B. (2004). Summary of presentation to Introduction to Marine Protected Areas Short Course.
Koenig, C. C., Coleman, F. C., Eklund, A. M., Schull, J., & Ueland, J. (2007). Mangroves as essential nursery habitat for goliath grouper (Epinephelus itajara). Bulletin of Marine Science, 80(3), 567-585.
Legendre, P., & Legendre, L. (1998). Numerical Ecology. Second English Edition: Elsevier Science BV, Amsterdam, 853.
Lozano-Montes, H. M., Pitcher, T. J., & Haggan, N. (2008). Shifting environmental and cognitive baselines in the upper Gulf of California. Frontiers in Ecology and the Environment, 6(2), 75-80. https://doi.org/10.1890/070056
Mesnil, B., & Shepherd, J. G. (1990). A hybrid age-and length-structured model for assessing regulatory measures in multiple-species, multiple-fleet fisheries. ICES Journal of Marine Science, 47(2), 115-132. https://doi.org/10.1093/icesjms/47.2.115
Moraes, B. C. D., Costa, J. M. N. D., Costa, A. C. L. D., & Costa, M. H. (2005). Variação espacial e temporal da precipitação no estado do Pará. Acta amazonica, 35(2), 207-214.
http://dx.doi.org/10.1590/S0044-59672005000200010
Nascimento, M. S., Cardoso, C. A., Fernandes, S. P., Pereira, L. G., & Silva, B. B. (2016). Desembarque e modelo preditivo de produção de tainhas (Mugilidae) em um polo pesqueiro do nordeste amazônico. Biota Amazônia (Biote Amazonie, Biota Amazonia, Amazonian Biota), 6(2), 80-85. http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v6n2p80-85
Olson, J., Clay, P. M., & Silva, P. P. (2014). Putting the seafood in sustainable food systems. Marine Policy, 43, 104-111. https://doi.org/10.1016/j.marpol.2013.05.001
Pereira, L. J. G., Fernandes, S. C. P., Gonçalves, F. M., Maia, R. C. N., Barboza, R. S. L., & Bentes, B. (2016). Conhecimento ecológico local sobre o mero Epinephelus itajara (Lichtenstein, 1822) no Nordeste Paraense Amazônico. Biota Amazônia (Biote Amazonie, Biota Amazonia, Amazonian Biota), 6(2), 110-119.http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v6n2p110-119
Pina-Amargós, F., & González-Sansón, G (2009). Movement patterns of goliath grouper Epinephelus itajara around southeast Cuba: implications for conservation. Endangered Species Research, 7(3), 243-247.https://doi.org/10.3354/esr00192
Pitcher, T. J., & Preikshot, D. (2001). RAPFISH: a rapid appraisal technique to evaluate the sustainability status of fisheries. Fisheries Research, 49(3), 255-270. https://doi.org/10.1016/S0165-7836(00)00205-8
Pitcher, T. J., Bundy, A., Preikshot, D., Hutton, T., & Pauly, D (1998). Measuring the unmeasurable: a multivariate and interdisciplinary method for rapid appraisal of the health of fisheries. In Reinventing fisheries management (pp. 31-54). Springer, Dordrecht. https://doi.org/10.1007/978-94-011-4433-9_3
Pitcher, T. J., Lam, M. E., Ainsworth, C., Martindale, A., Nakamura, K., Perry, R. I., & Ward, T. (2013). Improvements to Rapfish: a rapid evaluation technique for fisheries integrating ecological and human dimensionsa. Journal of Fish Biology, 83(4), 865-889. https://doi.org/10.1111/jfb.12122
Reuss-Strenzel, G. M., & Assunção, M. F., 2008. Etnoconhecimento ecológico dos caçadores submarinos de Ilhéus, Bahia, como subsídio à preservação do mero (Epinephelus itajara Lichtenstein, 1822). Revista de Gestão Costeira Integrada-Journal of Integrated Coastal Zone Management, 8(2), 203-219.
Sadovy, Y., & Eklund, A. M. (1999). Synopsis of biological data on the Nassau grouper, Epinephelus striatus (Bloch, 1792), and the jewfish, E. itajara (Lichtenstein, 1822). FAO Fisheries Synopsis 157.
Sadovy, Y., & Domeier, M. (2005). Are aggregation-fisheries sustainable? Reef fish fisheries as a case study. Coral reefs, 24(2), 254-262.https://doi.org/10.1007/s00338-005-0474-6
Sadovy Mitcheson, Y., Craig, M. T., Bertoncini, A. A., Carpenter, K. E., Cheung, W. W., Choat, J. H, & Liu, M. (2013). Fishing groupers towards extinction: a global assessment of threats and extinction risks in a billion dollar fishery. Fish and fisheries, 14(2), 119-136. https://doi.org/10.1111/j.1467-2979.2011.00455.x
Sethi, S. A., Branch, T. A., & Watson, R. (2010). Global fishery development patterns are driven by profit but not trophic level. Proceedings of the National Academy of Sciences, 107(27), 12163-12167. https://doi.org/10.1073/pnas.1003236107.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Luciano de Jesus Gomes Pereira, Suélly Cristina Pereira Fernandes, Flávio Flávio Miranda Gonçalves, Carlos Eduardo Rangel de Andrade, Bianca Bentes

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.