Avanço na caracterização da cachaça de alambique: lactato de etila
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7116Palavras-chave:
Componentes secundários; Ésteres; Aroma; Cachaça de alambique.Resumo
Na metodologia atual de análise de cachaça, o limite de 200 mg/100 mL etanol estabelecido na legislação brasileira para a totalidade dos ésteres presentes na cachaça é aferido exclusivamente pela dosagem do acetato de etila, éster majoritário nas cachaças produzidas em escala industrial (destilação contínua), cujos procedimentos de assepsia aplicados ao caldo têm foco no combate à atividade das bactérias. No entanto, sabe-se que os produtores da cachaça de alambique (destilação por bateladas) fermentam o caldo fresco, que incorpora naturalmente bactérias láticas do ambiente. Foi feito um levantamento dos registros de análise de 300 amostras, correspondentes a 110 marcas de cachaça. As análises foram realizadas por métodos laboratoriais recomendados e por cromatografia de gas. Constatou-se a ocorrência extensiva do lactato de etila em proporções variáveis, porém com a mesma ordem de grandeza do acetato de etila. Concluiu-se que, além das peculiaridades olfativas afetas aos teores peculiares em cada marca, a simples presença do lactato de etila (acima de um nível que possa ser referido como “traços”) permite inferir se a cachaça é originária de alambique ou de produção industrial.
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