Plantas medicinais usadas por moradores de uma área de floresta decídua espinhosa, Ceará, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7517Palavras-chave:
Etnobotânica; Plantas medicinais; Semiárido; Nordeste brasileiro.Resumo
Objetivo: realizar um estudo etnobotânico das plantas medicinais utilizadas por comunidade rural localizada em uma área de floresta decidual espinhosa (Caatinga) em Altaneira, Ceará, Brasil, identificar as espécies, a diversidade de usos, as espécies mais versáteis, as indicações terapêuticas e sistemas corporais, bem como indicar as espécies utilizadas na medicina tradicional, descritas na literatura como nocivas à saúde se utilizadas de forma inadequada. Metodologia: a pesquisa ocorreu no período de novembro de 2013 a fevereiro de 2014. Para a obtenção dos dados etnobotânicos foram realizadas entrevistas com auxílio de questionário com perguntas semiestruturadas. Para avaliar a versatilidade no uso, foi analisada a importância relativa (IR) das plantas citadas pelos informantes locais e avaliadas as espécies que mais se destacaram nos sistemas corporais com base no fator de consenso do informante. Resultados: foi registrado um total de 79 espécies distribuídas em 36 famílias utilizadas no tratamento de 75 enfermidades. As famílias mais expressivas em número de espécies foram Fabaceae (10), Asteraceae (8), Lamiaceae (8), Rutaceae (4) e Euphorbiaceae (4). Dentre as espécies listadas as que apresentaram valor de IR>1 foram: Bryophyllum pinnatum, Mentha spicata, Rosmarinus officinalis, Melissa officinalis, Ruta graveolens, Myracroduon urundeuva, Amburana ceaerensis, Helianthus annuus, Plectranthus amboinicus e Brassica rapa. Conclusão: tais espécies podem ser indicadas para estudos, farmacológicos com vistas a comprovar sua eficácia e/ou sua toxicidade, visando uma utilização mais segura.
Referências
Albuquerque, U.P., Andrade, L.H.C., & Silva, A.C.O. (2005). Use of plant resources in a seasonal dry forest (Northeastern Brazil). Acta Botânica Brasílica. 19(1), 27-38.
Albuquerque, U.P., Lucena, R.F.P., & Alencar, N.L. (2010). Métodos e técnicas para coleta de dados etnobiológicos. In: Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. Albuquerque, U.P.; Lucena, R.F.P.; Cunha, L.V.F.C. (Org.). NUPPEEA.
Albuquerque, U.P., Medeiros, P.M., Almeida, A.L.S., Monteiro, J.M., Lins Neto, E.M.F., Melo, J.G., & Santos, J.P. (2007) Medicinal plantsofthe Caatinga (semi-arid) vegetation of NE Brazil: A quantitative approach. Journal of Ethnopharmacology. 114, 325-354.
Albuquerque, U.P. (2002). Introdução à etnobotânica. Recife: Bagaço.
Albuquerque, U.P., Monteiro, J.M., Ramosa, M.A., & Amorim, E.L.C. (2007). Medicinal and magic plants from a public market in northeastern Brazil. Journal of Ethnopharmacology. 110, 76-91.
Albuquerque, U.P., Silva, V.A., Cabral, M.C., Alencar, N.L., & Andrade, L.H.L. (2008). Comparisons between the use of medicinal plants in indigenous and rural Caatinga (dryland) communities in NE Brazil. Boletín Latino americano y del Caribe de Plantas Medicinales y Aromáticas. 7(3), 156-170.
Almeida, C.F.C.B.R., Amorim, E.L.C., Albuquerque, U.P., & Maia, M.B.S. (2006). Medicinal plants popularly used in the Xingó region - a semi-arid location in northeastern Brazil. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine. 2(15), 1-7.
Almeida, C.F.C.B. R. & Albuquerque, U.P. (2002). Uso e conservação de plantas e animais medicinais no estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil): um estudo de caso. Interciência. 27(6), 276-285.
Angiosperm Phylogeny Group. (2009). An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society. 161, 105–121.
Bandeira, M.A.M. (2002). Myracrodruon urundeuva alemão (aroeira do sertão): constituintes químicos ativos da planta em desenvolvimento e adulta. Postgraduate thesis, Universidade Federal do Ceará Fortaleza, Ceará, Brazil.
Bennett, B., & Prance, G.T.. (2000). Introduced plants in the indigenous pharmacopeia of Northern South America, Economic Botany. 54(1), 90-102.
Brasil. (1996). Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96. Decreto nº 93.993, de Janeiro de 1987. Estabelece critério sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Bioética. 4(2), 15-25, Suplemento.
Brummit, R. K., & Powell, C. E. 1992. Authors of plant names. Royal Botanic Gardens, Kew.
Calixto, J.B., & Siqueira Jr. J.M. (2008). Desenvolvimento de Medicamentos no Brasil: Desafios. Gazeta Médica da Bahia. 78, 98-106.
Cartaxo, S.L., Souza, M.M.A., Albuquerque, U.P. (2010). Medicinal plants with bioprospecting potential used in semi-arid northeastern Brazil. Journal of Ethnopharmacology. 131, 326-342.
Castellucci, S., Lima, M.I.S., Nordi, N., & Marques, J.G.W. (2000). Plantas medicinais relatadas pela comunidade residente na Estação Ecológica de Jataí, município de Luís Antonio – SP: uma abordagem etnobotânica. Revista Brasileira de Plantas Medicinais.3(1), 51-60.
Costa, V.P. & Mayworm, M.A.S. (2011). Plantas medicinais utilizadas pela comunidade do bairro dos Tenentes - município de Extrema, MG, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. 13(3), 282-292.
Elisabetsky, E. (2001). Etnofarmacologia como ferramenta na busca de substâncias ativas. In: Simões, C.M.O.; Schenkel, E.P.; Gosman, G.; Mello J.C.P.; Mentz L.A.; Petrovick, P.R. (eds). Farmacognosia da planta ao medicamento. 3ª ed. Porto Alegre: UFSC.
Freitas, R.C., Azevedo, R.R.S., Souza, L.I.O., Rocha, T.J.M., & Santos, A. F. (2014). Avaliação da atividade antimicrobiana e antioxidante das espécies Plectranthus amboinicus (Lour.) e Mentha x villosa (Huds.). Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. 35(1), 113-118.
Garlet, T. M. B. & Irgang, B. E. (2001). Plantas medicinais utilizadas na medicina popular por mulheres trabalhadoras rurais de Cruz Alta, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. 4(1), 9-18.
GIL, A.C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. (2006). 4 ed., São Paulo: Atlas. 175p.
Gomes, E.C.S., Vilar, F.C.R., Perez, J.O., Barbosa, J., Vilar, R.C., Freire, J.L.O., Lima, A.N., & Dias, T.J. (2008). Plantas da Caatinga de uso terapêutico: levantamento etnobotânico. Engenharia Ambiental. 5(2), 74- 85.
Governo do Estado do Ceará – Municípios do Ceará. Recovered from: http://www.ceara.gov.br/index.php/municipios-cearenses/780-municipios-com-a-letra-a#munic-pio-assar.
Gurgel, A.P.A.D. (2007). A importância de Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng como alternativa terapêutica – Métodos experimentais. Postgraduate dissertation, Recife, Pernambuco, Brazil.
Guginski, G. (2007). Análise das propriedades farmacológicas do extrato etanólico de Melissa officinalis L. Postgraduate dissertation, Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, Santa Catarina, Brazil.
Jesus, N.Z.T., Lima, J.C.S., Silva, R. M., Espinosa, M.M., & Martins, D.T.O. (2009). Levantamento etnobotânico de plantas popularmente utilizadas como antiúlceras e antiinflamatórias pela comunidade de Pirizal, Nossa Senhora do Livramento-MT, Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia. 19(1), 130-9.
Lorenzi, H., & Matos, F. J. A. (2008). Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum.
Machado, I. C. M., Lopes, A. V., & Sazima, M. (2006). Plant systerns and a review of the breeding system studies in the Caatinga, a Brazilian tropical dry forest. Annals of Botany. 97, 277-287.
Magalhães, A. (2006). Perfil etnobotânico e conservacionista das comunidades do entorno da reserva natural Serra das Almas, Ceará – Piauí, Brasil. Postgraduate dissertation, Universidade Federal do Ceará Fortaleza, Ceará, Brasil.
Marconi, M. de A., & Lakatos, E.M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. (2002). 5 ed., São Paulo: Atlas. 282p.
Martin, G. J. (1995). Ethnobotany: a methods manual. London: Chapman & Hall, 292p.
Mendes, Z. F., Lima, E. R., Franco, E. S., Oliveira, R. A., Aleixo, G. A. S., Monteiro, V. L., Mota, R. C., & Coelho, M. C. O. C. (2008). Avaliação da atividade antimicrobiana da tintura e pomada de Ruta graveolens (Arruda) sobre bactérias isoladas de feridas cutâneas em cães. Medicina Veterinária. 2(3), 32-36.
Mengue, S.S., Mentz, L.A., & Schenkel, E.P. (2001). Usos de plantas medicinais na gravidez. Revista Brasileira de Farmacognosia. 11(11), 21–35.
Ming, L.C., & Amaral Junior, A. (1995). Aspectos etnobotânicos de plantas medicinais na reserva extrativista “Chico Mendes”. Recovered from: http://www.nybg.org/bsci/acre/www1/medicinal.html.
Ngai, T.B., Chan, W.Y., & Yeung, H.W. (1993). The ribosome-inactivating, antiproliferative and teratogenic activities and immune reactivities of a protein from seeds of Luffa aegyptiaca (Curcubitaceae). General Pharmacology. 24(24), 655–658.
Oms, Organização Mundial de Saúde. (2008). Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - CID-10. Recovered from: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/cid10.htm.
Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Pereira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [e-book]. Santa Maria. Ed. UAB/NTE/UFSM. Recovered from: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/15824/Lic_Computacao_Metodologia-Pesquisa-Cientifica.pdf?sequence=1.
Ritter, M.R., Sobierajski, G.R., Schenkel, E.P., & Mentz, L.A. (2002). Plantas usadas como medicinais no município de Ipê, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia. 2, 51–62.
Rodrigues, A.C.C., & Guedes, M.L.S. (2006). Utilização de plantas medicinais no povoado Sapucaia, Cruz das Almas – Bahia. Revista brasileira de plantas medicinais. 8(2), 1-7.
Santana, C.F., Almeida, E.R., Santos, E.R., & Souza, I.A. (1992). Action of Mentha crispa hidroethanolic extract in patients bearing intestinal protozoan. Fitoterapia. 63, 409-410.
Silva, A.F. (2003). Levantamento do uso de plantas medicinais na população do centro urbano e zona rural denominada Lagoa dos Martins no município de Piumhi – MG. Graduate monograph. Lavras, Minas Gerais, Brazil.
Silva, R.B.L. (2002). A etnobotânica de plantas medicinais da comunidade quilombola de Curiaú, Macapá. Postgraduate dissertation, Universidade Federal de Lavras Belém, Amazônia, Brazil.
Silva, T.S., & Freire, E.M.X. (2010) Abordagem etnobotânica sobre plantas medicinais citadas por populações do entorno de uma unidade de conservação da Caatinga do Rio Grande do Norte, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. 12(4), 427-435.
Soares, A. G. (2003). A natureza, a cultura e eu: ambientalismo e transformação social. Santa Catarina: UNIVALI.
Sousa, M.P., Matos, M.E.O., Matos, F.J.A., Machado, M.I.L., & Craveiro, A.A. (1991). Constituintes químicos de plantas medicinais brasileiras. Imprensa Universitária/UFC, Fortaleza, 416p. In: Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP, 2008.
Souza, R.K.D. (2012). Etnofarmacologia de plantas medicinais do carrasco no Nordeste do Brasil– Crato, Ceará. Postgraduate dissertation, Universidade Regional do Cariri Crato, Ceará, Brazil.
Sylianco, C.Y.L., Blanco, F.R., & Lim, C.M. (1986). Mutagenicity, clastogenicity and antimutagenicity of medicinal plant tablets produced by the NSTA pilot plant IV, Yerba briena tablets. The Philippine Journal of Science. 115, 299-305.
Troter, R., & Logan, M.. (1986). Informant consensus: a new approach for identifying potentially efffective medicinal plants. In: Indigenous medicine and diet: biobehavioural approaches, (Etkin, N. L. New York: Redgrave Bedford Hills). 91-112.
Tyler, V.E. (1993). The honest herbal, 3rd ed.; Pharmaceutical Products Press: Binghamton, NY.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Lilian Cortez Sombra Vandesmet; Janete de Souza Bezerra; Marta Maria de Almeida Souza; Helen Kerla Rodrigues Cabral Coelho; Karina Vieiralves Linhares; Ana Cleide Alcântara Morais Mendonça; Alison Honorio de Oliveira; Maria Arlene Pessoa da Silva
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.