Rede de atenção às mulheres em situação de violência: experiência de um município do sul do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8452

Palavras-chave:

Violência contra a mulher; Intersetorialidade; Rede de apoio social; Ação intersetorial.

Resumo

Objetivo: analisar a experiência do trabalho intersetorial da Rede de Atenção à Mulher em Situação de Violência na cidade de Curitiba, Brasil.  Método: estudo qualitativo, composto de oito entrevistas em profundidade com coordenadores e ex-coordenadores que estiveram envolvidos desde a criação da rede, 55 atas das reuniões da rede e três protocolos de atendimento.  As entrevistas e as atas foram analisadas pela técnica de análise de conteúdo de Bardin. Resultados: Pode-se afirmar que a perspectiva de atenção integral orientou as ações da Rede Intersetorial. A atuação articulada de diferentes entidades potencializou uma intervenção mais efetiva sobre o problema, considerando a violência contra as mulheres um fenômeno complexo que exige práticas diferenciadas nas diversas instâncias. Considerações finais: Dentre os desafios observados à promoção da intersetorialidade da rede, observou-se a lógica de hierarquização e verticalização entre os serviços, além da reprodução de estereótipos de gênero. O trabalho intersetorial significou uma nova abordagem na atuação da rede, que conferiu maior visibilidade ao complexo tema da violência contra as mulheres e pode atendê-las de maneira mais adequada às suas necessidades.

Biografia do Autor

Terezinha Maria Mafioletti, Universidade Federal do Paraná

Possui graduação em Enfermagem e Licenciatura pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1985) mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Londrina (1997) e doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná (2018) com a Tese premiada em primeiro lugar na categoria "Maria Cecília Puntel de Almeida" no 70º Congresso Brasileiro de Enfermagem. Docente aposentada do Setor de Educação Profissional e Tecnológica da Universidade Federal do Paraná. Enfermeira aposentada da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná tendo atuado nas áreas de vigilância em saúde, vigilância epidemiológica, vigilância das violências e violência contra mulheres. Participação do Grupo de Pesquisa em Políticas, Gestão e Práticas em Saúde da Universidade Federal do Paraná (GPPGPS-UFPR).

Aida Maris Peres, Universidade Federal do Paraná

Bacharel e Licenciada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal do Paraná (1989), Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002), Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (2006), Pós-Doutora pela Universidad de Alicante, Espanha (2011), Pesquisadora Visitante na Nanyang Technological University de Singapura (2018). Atualmente é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Professora Associada III da Universidade Federal do Paraná onde ministra aulas para os cursos de Enfermagem e de Informática Biomédica. Tem experiência na área de Administração de Serviços de Saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: gestão em saúde, políticas públicas, gerenciamento de enfermagem, informação em saúde, competência profissional, educação em enfermagem, administração em enfermagem e pesquisa em administração em enfermagem.

Mariana Purcote Fontoura, Universidade Federal do Paraná

Possui graduação, Licenciatura (2013) e Bacharelado (2012), em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná. Em 2011/2012 participou do grupo de pesquisa intitulado "Educação Física e cultura escolar: entre práticas inovadoras e o abandono do trabalho docente" e bolsista do Programa Institucional de Iniciação à docência (PIBID) pela Universidade Federal do Paraná inserida no projeto de ensino "Gênero e Sexualidade na escola". Possui curso de Aperfeiçoamento em Gênero e Diversidade na Escola (UFPR/2014). Concluiu em 2016 o mestrado em Educação, na linha de Pesquisa Cultura, Escola e Ensino pela Universidade Federal do Paraná. Em 2019 concluiu a Especialização em Educação Física na Educação Básica pela Universidade Estadual de Londrina. Tem experiência na área da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: Gênero e diversidade, Formação Docente, Inovação Pedagógica na Educação Física escolar, Cultura Escolar.

Karine Danielle Muzeka, Universidade Federal do Paraná

Com formação Técnica em Agente Comunitário de Saúde (2012) pela Universidade Federal do Paraná, graduou-se como Tecnóloga em Gestão Pública (2017) pela mesma Instituição. Acumula experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: intersetorialidade, políticas sobre drogas, formação continuada, políticas afirmativas e inclusão, políticas de educação, saúde e políticas de combate a violência contra as mulheres.

Camila Mafioletti Daltoé, Central European University

Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2011). Especialista em Direito Constitucional pela Academia Brasileira de Direito Constitucional (2013). Atuou profissionalmente como assessora jurídica no Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos do Ministério Público do Estado do Paraná, desde 2012. Experiência nas áreas de direitos humanos, com enfoque em políticas públicas, gênero e diversidade sexual. Integrante da Rede Feminista de Saúde e da Associação Nacional de Juristas pelos Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Trangêneros e Intersexuais ANAJUDH LGBTI. Mestranda pela Central European university na categoria Erasmus Mundus Master’s degree in Women’s and gender studies.

Janaína Fellini, Pontificia Universidade Católica do Paraná

É graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2006). É pós-graduanda do curso de Especialização em Música Popular Brasileira. É professora de canto na Escola de Música e Artes do Paraná.

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Publicado

20/09/2020

Como Citar

MAFIOLETTI, T. M.; PERES, A. M.; FONTOURA, M. P.; MUZEKA, K. D.; DALTOÉ, C. M.; FELLINI, J. Rede de atenção às mulheres em situação de violência: experiência de um município do sul do Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 10, p. e1509108452, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i10.8452. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/8452. Acesso em: 1 out. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde