Impacto do turismo em duas trilhas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una, Município de Peruíbe, Estado de São Paulo, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8508

Palavras-chave:

Desenvolvimento sustentável; Gestão de impacto do visitante; Mata Atlântica; Trilha recreativa; Unidade de conservação.

Resumo

Os impactos da visitação compreendem toda ação humana direta que provoque dano ao meio natural, relacionada ao comportamento inadequado do visitante ou aos problemas de planejamento para a demanda de uso. Portanto, o objetivo foi avaliar os possíveis impactos causados pela visitação de duas trilhas principais (Costão e Deserta), localizadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una, durante o verão (alta visitação) e no outono (baixa visitação) de 2017. Para isso, as trilhas Costão e Deserta foram seccionadas, sendo respectivamente estabelecidos 4 e 10 pontos, onde foram avaliados indicadores de impactos físicos, biológicos e sociais por meio do método Visitor Impact Management. Os achados demonstraram, em ambas as trilhas, uma redução nos impactos relacionados aos problemas de drenagem, ao serem comparadas as estações do verão com o outono. A presença de lixo na trilha da Deserta na estação do outono foi menor quando comparada ao verão, enquanto os danos aos recursos naturais na trilha do Costão foram maiores no outono que no verão. Embora as trilhas estudadas estejam localizadas em uma Unidade de Conservação, a ausência de controle de visitação pública, assim como a falta de infraestrutura colaboram de forma negativa, resultando em danos de diferentes gravidades. Por fim, as ações propostas no presente estudo, como trilha guiada com monitor ambiental, controle de visitação pública, instalação de corrimãos, degraus e placas podem ser benéficas para reduzir e/ou reverter os impactos encontrados em ambas as trilhas.

Referências

Andrade, A. J. (2005). Manejo de trilhas para o ecoturismo. In: Ecoturismo no Brasil. São Paulo: Manole.

Andrade, W. J., & Rocha, R. F. (2008). Manejo de trilhas: um manual para gestores. São Paulo: Instituto Florestal.

Ballantyne, M., & Pickering, C. M. (2015). The impacts of trail infrastructure on vegetation and soils: Current literature and future directions. Journal of Environmental Management, 164, 53-64.

Barros, A., Aschero, V., Mazzolari, A., Cavieres, L. A., & Pickering, C. M. (2020). Going off trails: How dispersed visitor use affects alpine vegetation. Journal of Environmental Management, 267, 110546.

Buck, N. K. (2020). Turismo de Base Comunitária no território da Bocaina-Brasil: tecendo parcerias e redes em busca da sustentabilidade. Dissertação de Mestrado. Fundação Getulio Vargas, São Paulo.

Brasil. (2000). Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Planalto. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm.

Brasil. (2009). Diagnóstico da visitação em parques nacionais e estaduais. Ministério do Meio Ambiente. Recuperado de http://www.mma.gov.br/estruturas/sbs_dap/_arquivos/ diagnostico_da_visitacao_em_parques

Brenner, L., & Job, H. (2006). Actor-oriented management of protected areas and ecotourism in Mexico. Journal of Latin American Geography, 5(2), 7-27.

Castro, C. E. (2004). O caminho entre a percepção, o impacto no solo e as metodologia de manejo. O estudo de trilhas do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira - SP. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Londrina, Paraná.

Ciiagro. (2017a). Monitoramento agroclimático. Centro integrado de informações agrometeorológicas. Recuperado de http://www.ciiagro.sp.gov.br/ciiagroonli ne/Listagens/MonClim/LMCimUGRH.asp

Ciiagro. (2017b). Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos de Baixada Santista. Centro integrado de informações agrometeorológicas. Recuperado de http://www.ciiagro.sp.gov.br/ciiagroonline/Listagens/BH/LBalancoHidricoUGRH.asp

Cole, D. N. (2000). Biophysical impacts of wildland recreation use. In: Trends in outdoor recreation, leisure and tourism. New York: CABI Publishing.

Corrêa, K. M., & Abessa, D. M. S. (2013). Estudo dos indicadores de impacto da visitação na Trilha dos Surfistas, Parque Estadual Xixová-Japuí (SP). Nature and Conservation, 6(2), 43-58.

Costa, J. R. (2003). Sustentabilidade Ambiental Local: O caso da comunidade pesqueira de Ponta Grossa-Icapuí-Ceará-Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

Ferreira, P. T., Ramundo, S. (2016). Conflitos e possibilidades para um desenvolvimento do turismo de base comunitária na Vila de Barra do Una em Peruíbe (SP). Caderno Virtual de Turismo, 16(2), 151-167.

Fundação Florestal. (2012). Estudo Técnico para Recategorização de Unidades de Conservação e Criação do Mosaico de UCs Juréia-Itatins. Secretaria do Meio Ambiente. Recuperado de http://fflorestal.sp.gov.br/files/2012/03/Estudo-Tecnico_Mosaico_Jureia.pdf

Fontoura, L. M., & Simiqueli, R. F. (2006). Análise da capacidade de carga antrópica nas trilhas do Circuito das Águas do Parque Estadual do Ibitipoca-MG. Monografia. Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais.

Fuller, R. A., Irvine, K. N., Devine-Wright, P., Warren, P. H., & Gaston, K. J. (2007) Psychological benefits of greenspace increase with biodiversity. Biol Lett. 3, 390-394.

Goerck, J. M. (1997). Patterns of rarity in the birds of the Atlantic Forest of Brazil. Conserv Biol. 11(1), 112-118.

Graefe, A. R., Kuss, F. R., & Vaske, J. J. (1990). Visitor Impact Management: The planning framework. Washington: National Parks and Conservation Association.

Kroeff, L. L. (2010). Contribuição metodológica ao planejamento de trilhas ecoturísticas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Irving, M. A. (2009). Reinventando a reflexão sobre turismo de base comunitária - inovar é possível? In: Turismo de base comunitária: Diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem.

Lechner, L. (2006). Planejamento, Implantação e Manejo de Trilhas em Unidades de Conservação. Curitiba: UFPR.

Leung, Y. F., & Marion, J. L. (1999). The influence of sampling interval on the accuracy of trail impact assessment. Landscape and Urban Planning, 43(4), 167-179.

López-Pastor, V. M., & López-Pastor, E. M. (1997). Tratamiento de la educación ambiental desde el área de educación física: problemática y propuestas de acción. Apuns. Educación física y deportes, 4(50), 76-83.

Maas, J., Verheij, R. A., Groenewegen, P. P., De Vries, S., & Spreeuwenberg, P. (2006). Green space, urbanity, and health: How strong is the relation? J Epidemiol Community Health. 60(7), 587-592.

Magro, T. C, & Talora, D. C. (2006). Planejamento e manejo de trilhas e impactos na flora. In: Anais do I Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas. Rio de Janeiro - RJ.

Maller, C., Townsend, M., Pryor, A., Brown, P., & St Leger, L. (2006). Healthy nature healthy people: ‘contact with nature’ as an upstream health promotion intervention for populations. Health Promot Int. 21(1), 45-54.

Miller, J. R. (2005). Biodiversity conservation and the extinction of experience. Trends Ecol Evol. 20(8), 430-434.

Mittermeier, R. A., Robles, P. R., Hoffmann, M., Pilgrim, J., Brooks, T., Mittermeier, C. G., Lamoreux, J., & Fonseca, G. A. B. (2004). Hotspots Revisted: Earth's biologically richest and most endangered terrestrial ecoregions. CEMEX & Agrupacion Sierra Madre, Ciudad de México.

Myers, N., Mittermeier, R. A., Mittermeier, C.G., Fonseca, G. A. B., & Kent, J. (2000). Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature. 403(6772), 853-858.

National Park Service. (1997) The Visitor Experience and Resource Protection (VERP) Framework: a handbook for planners and managers. US Department of Interior, National Park Service. Recuperado de https://www.fs.fed.us/cdt/carrying_capacity/verphandbook_1997.pdf

Oliveira, I. S. S. (2008). Estudo dos impactos ambientais como subsídio para o planejamento das trilhas do parque nacional na serra de Itabaiana, SE. Bol Goia Geogr. 28(1),115-126.

Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Parreira, F. J., Shitsuka, R. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [e-book]. Santa Maria. Ed. UAB/NTE/UFSM. Recuperado de https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/15824/Lic_Computacao_Metodologia-Pesquisa-Cientifica.pdf?sequence=1

Rangel, L. A., & Guerra, A. J. T. (2015). Avaliação do impacto socioambiental da utilização de trilhas na Reserva Ecológica da Juatinga em Paraty. Bol Geogr. 32(3), 1-15.

Reis, A. F., & Queiroz, O. T. M. M. (2017). Visitação no parque estadual da Cantareira (PEC): Reflexões sobre o uso recreativo de uma Unidade de Conservação (UC). Rev Tur Contemp. 5(1), 42-60.

Ribeiro, E. M. S. (2007). Impactos da visitação em Unidades de Conservação: uma abordagem sobre o planejamento de duas trilhas no Parque Estadual de Dois irmãos, Recife-PE, Brasil. Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco, Pernambuco.

Ribeiro, E. M. S., Ferraz, E. M. N., & Da Silva, J. S. B. (2007). Impactos Ambientais Causados pelo Uso Público em Áreas Naturais do Parque Estadual de Dois Irmãos, Recife-PE. R Bras Bioc. 5(S1), 72-74.

Ribeiro, M. C., Metzger, J. P., Martensen, A. C., Ponzoni, F. J., & Hirota, M. M. (2009). The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biol Conserv. 142(6), 1141-1153.

São Paulo. (1998). Resolução SMA/SP de n°. 32 de 31 de março de 1998. Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Recuperado de http://www.ambiente.sp.gov.br/legislac ao/files/2013/07/RESOLUCAO-SMA-32-31031998.pdf

São Paulo. (2008). Gestão de Unidades de Conservação e Educação Ambiental. São Paulo: SEMA.

São Paulo. (2010). Manual de monitoramento e gestão de impactos da visitação em Unidades de Conservação. Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Recuperado de http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/manual_monit_gestao_impactos_visit_ucs.pdf

SOS Mata Atlântica & INPE. (2017). Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica – Período 2015-2016. Recuperado de https://www.sosma.org.br/link/Atlas_Mat a_Atlantica_2015-2016_relatorio_tecnico_2017.pdf

Stankey, G. H., Cole, D. N., Lucas, R. C., Petersen, M. E., & Frissell, S. S. (1985). The limit of acceptable change (LAC) system for wilderness planning. Ogden: USDA Forest Service.

Svajda, J., Korony, S., Brighton, I., Esser, S., & Ciapala, S. (2016). Trail impact monitoring in Rocky Mountain National Park, USA. Solid Earth. 7(1), 115-128.

Tarifa, J. R. (2004). Unidades climáticas dos maciços litorâneos da Juréia-Itatins. In: Estação Ecológica Juréia-Itatins: ambiente físico, flora e fauna. Ribeirão Preto: Holos.

Teixeira, P. R., & Michelin, R. L. (2013). Monitoramento de impactos ambientais na trilha do Salto Ventoso, Farroupilha - RS. Turismo Visão e Ação. 15(2), 295-305.

Tomczyk, A. M., & Ewertowski, M. W. (2015). Recreational trails in the Poprad Landscape Park, Poland: the spatial pattern of trail impacts and use-related, environmental, and managerial factors. J Maps. 12(5), 1227-1235.

United Nations. (2014). World urbanization prospects, the 2014 revision. Population Division. Recuperado de https://esa.un.org/unpd/wup/

Widawski, K., Oleśniewicz, P., Rozenkiewicz, A., Zaręba, A., & Jandová, S. (2020). Protected Areas: Geotourist Attractiveness for Weekend Tourists Based on the Example of Gorczański National Park in Poland. Resources, 9(4), 35.

Wolf, I. D., Croft, D. B., & Green, R. J. (2019). Nature Conservation and Nature-Based Tourism: A Paradox?. Environments. 6(9), 104.

Zhong, L., Zhang, X., Deng, J., & Pierskalla, C. (2020). Recreation Ecology Research in China’s Protected Areas: Progress and Prospect. Ecosystem Health and Sustainability, 1813635

Downloads

Publicado

30/09/2020

Como Citar

MOREIRA, L. P. .; SOUZA, T. R. de .; GUIMARÃES, L. L. .; BARRELLA, W. .; SADAUSKAS-HENRIQUE, H.; RAMIRES, M. Impacto do turismo em duas trilhas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una, Município de Peruíbe, Estado de São Paulo, Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 10, p. e3699108508, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i10.8508. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/8508. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências Agrárias e Biológicas