Potencial alelopático do extrato aquoso de plantas de adubação verde sobre plantas daninhas e milho
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.8579Palavras-chave:
Fitotoxicidade; Compostos fenólicos; Alelopatia; Agroecologia.Resumo
Plantas de adubação verde (PAV) são utilizadas na estratégia de recuperar os solos degradados, melhorando suas características físicas, químicas e biológicas, além de auxiliar no controle de plantas espontâneas através de compostos aleloquímicos liberados pelo processo de degradação da parte aérea. Este trabalho objetivou avaliar a fitotoxicidade do extrato aquoso das plantas de adubação verde (PAV) Raphanus sativus L., Avena strigosa (Schreb) e Vicia villosa R. sobre a germinação e o crescimento inicial de Zea mays, Amaranthus spinosus L. e Ipomoea grandifolia (Dammer) O’Donnell, bem como identificar e quantificar os compostos fenólicos presentes no extrato. Foram utilizadas palhadas das plantas de adubação verde secas e trituradas. Os extratos foram obtidos misturando 10% de R. sativus e A. strigosa, e 12% de V. villosa em água destilada (m/v). Foi utilizado DIC, com quatro repetições, em esquema fatorial 3x4, sendo 3 PAV (R. sativus, A. strigosa e V. villosa) e 4 concentrações (0%, 25%, 50% e 75%). As variáveis analisadas foram: germinação, índice de velocidade de germinação (IVG), crescimento de plântula, protrusão radicular (PR), índice de velocidade de protrusão radicular (IVPR) e Massa Seca da raiz e da parte aérea. Maiores concentrações dos extratos afetaram o desenvolvimento inicial do milho e das plantas daninhas. Os compostos fenólicos identificados em maior quantidade foram ácido benzoico, ácido p-cumarico, seguidos pelo ácido ferúlico e ácido p-hidroxibenzócio. Sugere-se que estudos da mesma natureza sejam realizados a campo, visto que as interações entre os microrganismos do solo, as condições climáticas podem interferir nos resultados.
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