Hanseníase: determinantes sociais e análise espacial de casos em município hiperendêmico
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i10.9010Palavras-chave:
Hanseníase; Epidemiologia; Análise espacial.Resumo
O estudo objetivou mapear a distribuição espacial e caracterizar os indivíduos diagnosticados com hanseníase na cidade de Picos, município hiperendêmico para a doença, situado no semiárido do estado do Piauí, região nordeste do Brasil. Trata-se de um estudo ecológico, analítico e exploratório realizado através do acesso a fichas de notificação compulsória contidas na Vigilância Epidemiológica, onde foram realizadas estatísticas descritivas como frequências absolutas e relativas, razão de proporção e cálculo de incidência. Após constatada autocorrelação através do índice de Moran global, foi avaliada a autocorrelação local através do LISA (Local Indicators of Spatial Association) sendo utilizados os Mapas de Moran (Moran Maps) para a representação espacial do diagrama de espalhamento de Moran. Os resultados evidenciaram que a taxa de detecção média no período foi de 45,60/100 mil habitantes na população geral e 6,4/ 100 mil habitantes em menores de 14 anos. Observou-se maior percentual de casos notificados em indivíduos adultos, do sexo masculino, ensino fundamental incompleto, cor parda e zona de residência urbana. Verificaram-se percentuais equiparados nas notificações de hanseníase na atenção básica e em pontos de atenção de nível secundário (50,5% e 49,5%) respectivamente. Evidenciou que a endemicidade da doença está espalhada em todas as regiões do município e a maioria dos bairros apresentaram-se hiperêndemicos. A formação de cluster alto/alto em regiões específicas da cidade. Os dados apresentados são elementos a serem considerados na organização e fortalecimento dos serviços de saúde.
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