Panorama da sífilis congênita em hospital escola do hospital da região sul da cidade de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i4.13952Palavras-chave:
Sífilis congênita; Recém-nascido de risco; Saúde pública; Epidemiologia.Resumo
Introdução: a sífilis congênita é uma doença infecciosa que possui como agente etiológico Treponema pallidum. Sua transmissão é hematogênica vertical, transplacentária, de gestantes infectadas não tratadas ou tratadas inadequadamente para seu conceito. Divide-se em dois períodos: precoce até o segundo ano de vida e, após o segundo ano de vida, tardia. A detecção durante o pré-natal é realizada pela triagem do terceiro trimestre da gravidez com trabalho de parto prematuro, já na maternidade. A detecção do Treponema pallidum através do teste não treponêmico (VDRL), apresenta pouca especificidade, alta sensibilidade, baixo custo e rápida negativação em resposta ao tratamento evitando que o concepto nasça com sequelas. Assim, o pré-natal é uma ferramenta importante no controle da doença, sendo necessário melhorar a qualidade da assistência, visto que 70% das mães no Brasil fazem o pré-natal, e nem todas têm diagnóstico de sífilis ou recebem o tratamento adequado. Objetivo: Traçar um panorama epidemiológico da incidência da Sífilis Congênita no contexto socioeconômico e cultural em que está inserido o Hospital Escola da Região Sul da cidade de São Paulo. Pacientes e Métodos: Trata-se de um estudo individualizado, observacional, transversal, realizado por meio de levantamento de prontuários do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Escola da Região Sul da cidade de São Paulo. Foi desenvolvido o levantamento de dados referentes ao formulário com perguntas de interesse da mãe e dos recém-nascidos com diagnóstico de Sífilis Congênita no período de 2012 a 2016. Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Santo Amaro - SP (Plataforma Brasil - CAAE: 68103317.6.3001.5447). Resultados: No período de 2012 a 2016, foram registrados 183 casos de Sífilis Congênita no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Escola de São Paulo, sendo que destes, 126 prontuários foram reforçados. O desempenho pré-natal (p = 0,0060), a escolaridade (p = 0,5107) e a escolaridade (p = 0,8603) não influenciaram o rastreamento da doença por apresentar dados estatísticos insignificantes. O sucesso ocorreu com o acompanhamento do acompanhante (p = 0,0451), que apresentou maior incidência em 2014 (48,1%) e 2016 (58,3) quando comparado aos demais. Conclusão: No cenário apresentado, constatou-se que embora o pré-natal e o tratamento materno fossem realizados, eles eram ineficazes para evitar que as gestantes transmitissem a doença. Isso provavelmente está relacionado à ineficiência do tratamento dos acompanhantes, que embora no ano de 2014 e 2016 apresentassem maior incidência de cumprimento, coincidiu com o aumento das notificações nesses mesmos anos. Não houve diferenças estatisticamente significativas em relação aos outros fatores, fato que preocupa a Saúde Coletiva.
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