Panorama da criação de répteis como pets em dois municípios do Recôncavo Baiano, no Nordeste do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i12.33817Palavras-chave:
Conservação; Herpetocultura; Espécies invasoras.Resumo
A criação de répteis é uma prática que pode trazer prejuízos para a biodiversidade local, já que pode favorecer a captura de indivíduos da natureza ou introdução de espécies exóticas. O objetivo deste estudo foi avaliar o panorama da criação de répteis como pets em dois municípios no Recôncavo Baiano. Para isso foram identificadas as principais espécies utilizadas, o perfil social dos criadores, principais motivadores e a percepção dos criadores sobre a prática. Os dados foram coletados através de questionários semiestruturados, entrevistas e conversas. Uma curva de rarefação e estimadores de riqueza foram usados para verificar a eficiência da amostragem, enquanto os testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis foram utilizados para verificar a existência de diferenças dentro de subgrupos entrevistados. O índice de Valor de Uso (VU) foi usado para identificar as espécies mais criadas. Foram entrevistados 20 criadores, que criaram 120 pets, distribuídos em 23 espécies e alguns indivíduos híbrido, sendo 10 nativas e 13 exóticas. Houve diferença significativa apenas na quantidade de moradores por residência. Os estimadores de riqueza indicaram a existência de cinco a 12 espécies não amostradas. Pantherophis guttatus foi a espécie que apresentou o maior VU. O principal motivador da criação foi o contato com outros criadores, enquanto a obtenção dos animais foi principalmente pela compra. Nossos dados revelam que a fonte primária de origem desses organismos é a reprodução em ambiente cativo. Contudo, existem evidências da captura de répteis do ambiente natural. Além disso, homens entre 20 e 40 anos são os principais criadores e as serpentes o animais de maior interesse.
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