Aspectos bioéticos da morte encefálica frente à diferentes religiões

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i4.27080

Palavras-chave:

Morte encefálica; Bioética; Religiosidade; Fé.

Resumo

O termo Morte Encefálica (ME) foi definido na década de 60, com rápida notoriedade e a ocorrência de controvérsias e discussões bioéticas devido às diferenças culturais e religiosas. Esse trabalho buscou discutir aspectos bioéticos da determinação de ME nas diferentes religiões. Trata-se de uma revisão de literatura na base PubMed, utilizando os descritores: “Brain death”, “Faith” e “Bioethics”, publicados nos últimos 10 anos. Dos 36 artigos encontrados, 13 preenchiam os critérios de inclusão. Observou-se variabilidade nos critérios de determinação de ME entre países e religiões. A religião católica tem mais clareza e consenso na aceitação, enquanto em outras religiões não é aceito ou não existe consenso na interpretação e aceitação.  As diferenças nos critérios de ME entre países e aceitação entre religiões é complexo. Os quatro princípios da bioética (Autonomia, Beneficência, Não maleficência e Justiça) devem ser entendidos e aplicados em cada contexto cultural e religioso.

Referências

Akrami, S. M., Osati, Z., Zahedi, F., & Raza, M. (2004) Brain death: recent ethical and religious considerations in Iran. Transplantation proceedings, 36:2883-2887. DOI: 10.1016/j.transproceed.2004.10.046

Alhawari, Y., Verhoff, M. A., Ackermann, H., & Parzeller, M. (2020). Religious denomination influencing attitudes towards brain death, organ transplantation and autopsy-a survey among people of different religions. Int J Legal Med. 134(3): 1203-1212. DOI: 10.1007/s00414-019-02130-0

Aquino, T. A. A. D., Correia, A. P. M., Marques, A. L. C., Souza, C. G. D., Freitas, H. C. D. A., Araújo, I. F. D., et al. (2009). Atitude Religiosa e Sentido da Vida: Um Estudo Correlacional. Psicologia: Ciência e profissão, 29(2): 228-243. Disponível: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pcp/v29n2/v29n2a03.pdf

Arbour, R., AlGhamdi, H. M. S., & Peters, L. (2012). Islam, brain death, and transplantation: culture, faith, and jurisprudence. AACN advanced critical care, 23(4): 381-394. DOI: 10.1097/NCI.0b013e3182683b1e

Beauchamp, T. L., & Childress, J. F. (2009). Principles of biomedical ethics. 6th ed. New York: Oxford University Press.

Bernat, J. L. (2018). A conceptual justification for brain death. Hastings Center Report, 48: S19-S21. DOI: 10.1002/hast.946

Bernat, J. L. (2014). Whither brain death?. The American Journal of Bioethics, 14(8): 3-8. DOI: 10.1080/15265161.2014.925153

Biel, S., & Durrant, J. (2020). Controversies in Brain death declaration: Legal and ethical implications in the ICU. Current Treatment Options in Neurology, 22(4): 1-14. DOI: 10.1007/s11940-020-0618-6

Brandão, M. L. R. (2000). Saúde e fé cristã: um ensaio ético-teológico. O Mundo da Saúde, São Paulo, 24(6): 515-23. Disponível: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-277083

Conselho Federal De Medicina (CFM - Brasil). (2017). Resolução normativa Nº 2.173, de 23 de novembro de 2017. Define os critérios do diagnóstico de morte encefálica. Diário Oficial da União. Disponível: https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20171205/19140504-resolucao-do-conselho-federal-de-medicina-2173-2017.pdf

Copello, L. E., Pereira, A. D. A., & Ferreira, C. L. L. (2018). Espiritualidade e religiosidade: importância para o cuidado de enfermagem de paciente em processo de adoecimento. Discipl Scientia Saúde, 19(2): 183-99. Disponível: https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumS/article/view/2504/2166

Diagnosis of brain death. (1976). Statement issued by the honorary secretary of the Conference of Medical Royal Colleges and their Faculties in the United Kingdom on 11 October 1976. British medical jornal, 2(6045): 1187–1188. DOI: 10.1136/bmj.2.6045.1187

Discurso do Santo Padre João Paulo II aos participantes no XVIII Congresso Internacional sobre os Transplantes. (2000). Disponível: https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2000/jul-sep/documents/hf_jp-ii_spe_20000829_transplants.html

Dornfeld, R. L., & Gonçalves, J. R. L. (2021). Desafios do cuidado de enfermagem frente à morte: reflexões sobre espiritualidade. REFACS, 9(Supl. 1): 281-291. DOI: 10.18554/refacs.v9i0.3967

Estol, C. J. (2007). To live and let die: a brain death symposium at the Pontifical Academy of Science. International journal of stroke: official journal of the International Stroke Society, 2(3): 227–229. DOI: 10.1111/j.1747-4949.2007.00133.x

Foch, G. F. L., Silva, A. M. B., & Enumo, S. R. F. (2017). Coping religioso/espiritual: uma revisão sistemática de literatura (2003-2013). Arq Bras Psicol, 69(2): 53-71. Disponível: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/arbp/v69n2/05.pdf

Frankl, V. E. (2003). Psicoterapia e sentido da vida: fundamentos da logoterapia e análise existencial. 4 ed. São Paulo: Quadrante.

Furtado, L. B. dos S., de Moraes Filho, I. M., de Sousa, T. V., de Roure, J. G. R., Lima, T. P., Arantes, A. A., ... & Filha, F. S. S. C. (2021). O papel do enfermeiro frente a casos de morte encefálica e doação de órgãos e tecidos. Research, Society and Development, 10(2), e0110212422.

Georgia, M. A. D. (2014). History of brain death as death: 1968 to the present. Journal of Critical Care, 29(4): 673-678. DOI: 10.1016/j.jcrc.2014.04.015

Greer, D. M., Shemie, S. D., Lewis, A., Torrance, S., Varelas, P., Goldenberg, F. D., et al. (2020). Determination of Brain Death/Death by Neurologic Criteria: The World Brain Death Project. JAMA, 15;324(11): 1078-1097. DOI: 10.1001/jama.2020.11586

Greer, D. M., Varelas, P. N., Haque, S., & Wijdicks, E. F. (2008). Variability of brain death determination guidelines in leading US neurologic institutions. Neurology, 70(4): 284-9. DOI: 10.1212/01.wnl.0000296278.59487.c2

Greer, D. M., Wang, H. H., Robinson, J. D., Varelas, P. N., Henderson, G. V., & Wijdicks, E. F. (2016). Variability of brain death policies in the United States. JAMA neurology, 73(2): 213-218. DOI: 10.1001/jamaneurol.2015.3943

Harvard Committee Report. (1968). A definition of irreversible coma: Report of the Ad Hoc Committee of the Harvard Medical School to Examine the Definition of Brain Death. Journal of the American Medical Association, 205(6): 337–340. DOI: 10.1001/jama.1968.03140320031009

Khan, F. A., Badawi, G., Davidson, R. J. K., & Smith, F. A. (2011). Monotheistic Faith Perspectives on Brain Death, DNR, Patient Autonomy and Health Care Costs. The Journal of IMA, 43(3): 113. DOI: 10.5915/43-3-8982

Kirschen, M. P., Lewis, A., Rubin, M., Kurtz, P., & Greer, D. M. (2021). New perspectives on brain death. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, 92(3): 255-262. DOI: 10.1136/jnnp-2020-323952

Koerich, M. S., Machado, R. R., & Costa, E. (2005). Ética e bioética: para dar início à reflexão. Texto & Contexto-Enfermagem, 14: 106-110. DOI: 10.1590/S0104-07072005000100014

Laureys, S., Fins, J. J. (2008). Are we equal in death?: Avoiding diagnostic error in brain death. Neurology, 70(4): e14-e15. DOI: 10.1212/01.wnl.0000303264.66049.c1

Liu, S. M., Lin, H. R., Lu, F. L., & Lee, T. Y. (2014). Taiwanese parents' experience of making a “do not resuscitate” decision for their child in pediatric intensive care unit. Asian Nursing Research, 8(1): 29-35. DOI: 10.1016/j.anr.2013.12.002

Loike, J., Gillick, M., Mayer, S., Prager, K., Simon, J. R., Steinberg, A., et al. (2010). The critical role of religion: Caring for the dying patient from an Orthodox Jewish perspective. Journal of Palliative Medicine, 13(10): 1267-1271. DOI: 10.1089/jpm.2010.0088

Maingué, P. C. P. M., Sganzerla, A., Guirro, Ú. B. D. P., & Perini, C. C. (2020). Discussão bioética sobre o paciente em cuidados de fim de vida. Revista Bioética, 28: 135-146. DOI: 10.1590/1983-80422020281376

Melo Junior, I. M., Sá, L. D. de, Nepomuceno, F., Silva, E. de A., Lucena, K. D. T. de, & Deininger, L. de S. C. (2015). A espiritualidade e a religiosidade dos médicos na comunicação da morte encefálica aos familiares. Rev enferm UFPE, 9(2): 493-9. DOI: 10.5205/r euol.7028-60723-1-SM.0812201402

Menezes, R. A. (2006). Etnografia de um hospital de cuidados paliativos. In: Tanatologia e Subjetividades: Revista do núcleo de estudos e pesquisa em tanatologia e subjetividade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1(1). Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicação Eletrônica.

Miller, A. C., Ziad-Miller, A., & Elamin, E. M. (2014). Brain death and Islam: the interface of religion, culture, history, law, and modern medicine. Chest, 146(4): 1092-1101. DOI: 10.1378/chest.14-0130

Miller, A. C. (2019). Opinions on the legitimacy of death declaration by neurological criteria from the perspective of 3 Abrahamic faiths. Medeniyet Medical Journal, 34(3): 305. DOI: 10.5222/MMJ.2019.48379

Mollaret, P., & Goulon, M. (1959). Le coma dépassé. Rev Neurol (Paris), 101: 3-15.

Nicholas, D. B., Beaune, L., Barrera, M., Blumberg, J., & Belletrutti, M. (2016). Examining the experiences of fathers of children with a life-limiting illness. Journal of social work in end-of-life & palliative care, 12(1-2): 126-144. DOI: 10.1080/15524256.2016.1156601

Paraná. (2018). Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Sistema Estadual de Transplantes. Manual para Notificação, Diagnóstico de Morte Encefálica e Manutenção do Potencial Doador de Órgãos e Tecidos – Curitiba: SESA/SGS/CET, 68 p. Disponível: http://www.paranatransplantes.pr.gov.br/sites/transplantes/arquivos_restritos/files/documento/2021-05/manual_de_diagnostico_e_manutencao.pdf

Pedrão, R. B., & Beresin, R. (2010). O enfermeiro frente à questão da espiritualidade. Einstein. São Paulo, 8(1 Pt 1): 86-91. DOI: https://doi.org/10.1590/S1679-45082010AO1208

Pessini, L. (2009). Terminalidade e espiritualidade: uma reflexão a partir dos Códigos de Ética Médica brasileiros e leitura comparada de alguns países. O Mundo da Saúde São Paulo, 33(1): 35-42. Disponível: https://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/66/35a42.pdf

Pestana, A. L., Santos, J. L. G. D., Erdmann. R. H., Silva, E. L. D., & Erdmann, A. L. (2013). Pensamento Lean e cuidado do paciente em morte encefálica no processo de doação de órgãos. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 47: 258-264. Disponível: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=361033324033

Ratzinger, J. (2005). Lettera a Marcello Pera. In: Pera, Marcello; Ratzinger, Joseph. Senza Radici: Europa, relativismo, cristianesimo, islam. 6. ed. Milano: Mondadori, p. 97-122.

Rodrigues, C. F. A., Stychnicki, A. S., Boccalon, B., & Cezar, G. da S. (2013). Morte encefálica, uma certeza? O conceito de “morte cerebral” como critério de morte. Revista Bioethikos–Centro Universitário São Camilo, 7(3): 271-281. Disponível: http://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/105/1811.pdf

Santa Sé/ Catecismo da Igreja Católica. (2013). Brasília, Edições CNBB. 1148 p.

Santos, M. J., Moraes, E. L., & Massarollo, M. C. K. B. (2012). Comunicação de más notícias: dilemas éticos frente à situação de morte encefálica. O Mundo da Saúde, São Paulo, 36(1): 34-40. Disponível: http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/90/03.pdf

Seifi, A, Lacci, J. V., & Godoy, D. A. (2020). Incidence of brain death in the United States. Clinical Neurology and Neurosurgery, 195: 105885. DOI: 10.1016/j.clineuro.2020.105885

Siqueira, J. E. (2000). Tecnologia e medicina entre encontros e desencontros. Bioética, 8(1): 55-64. Disponível: https://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/view/261/261

Verheijde, J. L., Rady, M. Y., & Potts, M. (2018). Neuroscience and brain death controversies: the elephant in the room. Journal of religion and health, 57(5): 1745-1763. DOI: 10.1007/s10943-018-0654-7

Wang, H. H., Varelas, P. N., Henderson, G. V., Wijdicks, E. F., & Greer, D. M. (2017). Improving uniformity in brain death determination policies over time. Neurology, 88(6): 562-568. DOI: 10.1212/WNL.0000000000003597.

Wijdicks, E. F., Varelas, P. N., Gronseth, G. S, & Greer, D. M. (2010). Evidence-based guideline update: determining brain death in adults: report of the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology. Neurology, 74(23): 1911-1918. DOI: 10.1212/WNL.0b013e3181e242a8

Yang, Q., & Miller, G. (2015). East–west differences in perception of brain death: Review of history, current understandings, and directions for future research. Journal of Bioethical Inquiry, 12(2): 211–225. DOI: 10.1007/s11673-014-9564-x

Downloads

Publicado

13/03/2022

Como Citar

MOSINI, A. C.; PIRES, J. M.; SUSEMIHL, M. A.; CALIÓ, M. . L.; PINTO, L. F. . Aspectos bioéticos da morte encefálica frente à diferentes religiões. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 4, p. e14611427080, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i4.27080. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/27080. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

Seção

Artigos de Revisão