“Cada Louco Traz em Si o Seu Mundo”: Loucura e Sociedade na obra de Lima Barreto
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.10407Palavras-chave:
Memórias; Lima Barreto; Representação.Resumo
Este trabalho tem como objeto de estudo analisar as representações da loucura na obra "Cemitério dos Vivos” e “Diário Íntimo” do autor Lima Barreto, provenientes de suas memórias no período vivenciado no hospício. Analisando a obra, percebemos que o autor constrói outra imagem da loucura, em que escreve histórias de gestos e sentimentos. Na obra, Lima Barreto desvela os domínios do hospício, espaço social e moral de exclusão, ao criticar o sistema carcerário. Para tanto, rompe com o silêncio em torno da loucura, ao tornar visível o lado sombrio e silencioso do mundo dos loucos. Utilizamos os conceitos de representação, do autor Roger Chartier, para interpretação dos aspectos relativos à loucura. Para tanto, nos valemos de concepções teóricas e metodológicas de pesquisas autobiográficas a partir das análises de Branchot e Albuquerque Júnior, e para perscrutarmos as conexões dos personagens com aspectos da vida pessoal e profissional desse autor utilizando as escrita de si, de contribuição da autora Ângela Gomes. Destacou-se, por fim, a contextualização da construção histórica da loucura ao destacarmos a contribuição de Michel Foucault.
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