“Cada Louco Traz em Si o Seu Mundo”: Loucura e Sociedade na obra de Lima Barreto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.10407

Palavras-chave:

Memórias; Lima Barreto; Representação.

Resumo

Este trabalho tem como objeto de estudo analisar as representações da loucura na obra "Cemitério dos Vivos” e “Diário Íntimo” do autor Lima Barreto, provenientes de suas memórias no período vivenciado no hospício. Analisando a obra, percebemos que o autor constrói outra imagem da loucura, em que escreve histórias de gestos e sentimentos. Na obra, Lima Barreto desvela os domínios do hospício, espaço social e moral de exclusão, ao criticar o sistema carcerário. Para tanto, rompe com o silêncio em torno da loucura, ao tornar visível o lado sombrio e silencioso do mundo dos loucos. Utilizamos os conceitos de representação, do autor Roger Chartier, para interpretação dos aspectos relativos à loucura. Para tanto, nos valemos de concepções teóricas e metodológicas de pesquisas autobiográficas a partir das análises de Branchot e Albuquerque Júnior, e para perscrutarmos as conexões dos personagens com aspectos da vida pessoal e profissional desse autor utilizando as escrita de si, de contribuição da autora Ângela Gomes. Destacou-se, por fim, a contextualização da construção histórica da loucura ao destacarmos a contribuição de Michel Foucault.

Biografia do Autor

Ajanayr Michelly Sobral Santana, Instituto Histórico de Campina Grande

Licenciada em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB- Campus 1, 2010). Licenciada em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional (Uninter, 2020). Especialista em História Cultural pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB- Campus 3, 2012). Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História (UFCG 2015). Doutora em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação (UFPB-2020). Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas "História da Educação da Paraíba" (HISTEDBR- GT-PB), atuando principalmente com os seguintes temas. Educação. História, Cultura. Sócia efetiva do Instituto Histórico de Campina Grande - IHCG.

Francisca Kelly Gomes Cristovam, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba

Possui graduação em História pela Universidade Federal de Campina Grande-UFCG ( Licenciatura Plena-2008 e Bacharelado-2010). Especialista em História do Brasil e da Paraíba pelas Faculdades Integradas de Patos - FIP (2010). Mestre em História pela Universidade Federal de Campina Grande-UFCG (2012). Graduanda em Letras pelo Instituto Federal da Paraíba(IFPB). Docente de História, atualmente lecionando no Instituto Federal do Ceará- Caucaia, atuando na educação básica na disciplina de História no Ensino Médio e no ensino superior na Especialização de Ciências Humanas. Pesquisadora sobre a História, com ênfase na história das sensibilidades, relações de gênero, identidades, história cultural; e pesquisadora também sobre Literatura cearense.

Dina Mara Pinheiro Dantas , Laboratório de Pesquisa Multimeios FACED/UFC

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará (2006) e mestrado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2010). Atualmente é coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade do Estado de Minas Gerais na Unidade acadêmica de Divinópolis e docente. Ministra disciplinas na área de Educação e Tecnologia: Mídias e Educação, Fundamentos Políticos Pedagógicos da Profissão Docente, Gestão e Políticas Educacionais e Metodologia do Trabalho Científico. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologias Digitais, atuando principalmente nos seguintes temas: inclusão digital, informática educativa, formação de professores, educação a distância e tecnologias digitais. Participa dos grupos do diretório de pesquisa : Laboratório de Pesquisa Multimeios - UFC, Pesquisa Aplicada em Telemática Educativa - IFCE e Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Educação, Comunicação e Tecnologia - UEMG. Aprendizagem, Linguagens e Tecnologias Digitais- UEMG, GEPECI- Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação em Ciências na Infância - UEMG. Atuou como membro do Comitê Editorial do Banco Internacional de Objetos Educacionais - BIOE/ MEC e como Bolsista na modalidade EXP-B-EXTENSAO NO PAÍS como coordenadora do projeto de pesquisa " CRID: Uma proposta de Comunidades Digitais Rurais".

Ivone Agra Brandão, Universidade de São Paulo

Possui graduação em Licenciatura em História pela Universidade Federal de Campina Grande (2009) e mestrado em História pela Universidade Federal de Campina Grande (2012). Atualmente é doutoranda em História Social pela USP, professora formadora da Universidade Federal de Campina Grande do Curso de Educação pelas Relações Étnico Raciais e professora do Ensino Fundamental II. Tem experiência na área de História, com ênfase em História, atuando principalmente nos seguintes temas: história e romance, cultura popular. 

Maria Jucineide Araújo, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba

Possui graduação em História pela Universidade Federal de Campina Grande (2015), Pós-Graduação (Especialização) em Educação Para as Relações Étnico-Raciais pela Universidade federal de Campina Grande (2016). Atualmente é aluna do curso de Letras no Instituto Federal da Paraíba (IFPB).

Simone Zeferino Pê, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba

Graduada em Serviço Social pela Universidade Estadual da Paraíba

Graduanda em Letras,com habilitação em Língua Portuguesa

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba

Referências

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Publicado

29/11/2020

Como Citar

SANTANA, A. M. S.; CRISTOVAM, F. K. G.; DANTAS , D. M. P.; BRANDÃO, I. A.; ARAÚJO, M. J.; PÊ, S. Z. “Cada Louco Traz em Si o Seu Mundo”: Loucura e Sociedade na obra de Lima Barreto. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 11, p. e66591110407, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i11.10407. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/10407. Acesso em: 2 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais