Caiçara: a lepra nos destinos femininos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i11.11268

Palavras-chave:

Lepra; Hanseníase; Cinema brasileiro; Cinema; Educação.

Resumo

O presente artigo refere-se à história da lepra no Brasil observada a partir de um filme brasileiro de 1950, período áureo do isolamento dos leprosos no país e no mundo. A história de uma época flagrada numa peça artística-cultural produzida para o entretenimento, onde se desvela comportamentos e mentalidades que levaram ao exílio sanitário dos leprosos no Brasil. Para compreender tanto o filme quanto o seu enredo procurou-se articular e combinar as recentes pesquisas sobre a lepra no Brasil e no mundo aos estudos feministas, com o objetivo de esclarecer a personagem central que se trata de uma jovem, filha de leprosos isolados, e atingida diretamente pelo flagelo que assolou sua família. A pesquisa objetivou então compreender a história da lepra por uma fonte até então subutilizada pelos historiadores e demais estudiosos do assunto. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, bibliográfica e documental realizada em fontes primárias e secundárias, além do próprio filme, que procurou articular a história da lepra as pesquisas sobre feminismo.  Concluiu-se que a lepra durante a maior parte do século XX infundia um medo coletivo incompatível com sua real periculosidade, porém, compreensível a luz da sua longa história de discriminação alimentada por preconceitos religiosos e culturais desde o mundo antigo. Enfim, uma época em que a lepra se revestia de medos e tabus compreensíveis apenas sob a luz de sua longa história. Uma época em que a atual hanseníase ainda não existia, pois estava em gestação.

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Publicado

23/12/2020

Como Citar

CURI, L. M.; PUGA, V. L. .; DÔRES, A. C. P. das; SILVA, F. N. M. e . Caiçara: a lepra nos destinos femininos . Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 11, p. e100291111268, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i11.11268. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/11268. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais