Pedagogia cultural de empoderamento de sujeitos periféricos, negros e LGBTQIA+: uma análise do videoclipe de rap AmarElo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.13382

Palavras-chave:

Pedagogia cultural; Videoclipe; Rap; Resistência; Empoderamento.

Resumo

A mídia e a música podem ser consideradas pedagogias culturais, que transmitem mensagens, ajudam a educar e a forjar identidades, em uma perspectiva ampliada de educação. Assim, o objetivo desta pesquisa é descrever e analisar o videoclipe da música “AmarElo”, do rapper brasileiro Emicida, as histórias de vida dos seus personagens e comentários de internautas como produtos de uma pedagogia cultural. O quadro teórico-metodológico se apoia nos Estudos Culturais e nas contribuições das teorias antirracista e queer. O método de análise baseou-se na Análise do Discurso e na Semiologia. O corpus foi composto pelo videoclipe, um vídeo sobre os personagens e em 12 comentários de internautas sobre o videoclipe. Os resultados revelaram que: os personagens são pessoas negras, LGBTQIA+ e moradores da periferia com histórias de vida de superação; o videoclipe aborda as dificuldades cotidianas dessas pessoas, e por outro lado, suas conquistas e empoderamento por meio do estudo, do trabalho, do esporte e das artes. Os internautas se identificam com a mensagem do videoclipe e têm uma postura crítica em relação ao racismo, à homofobia, ao sistema socioeconômico e ao sistema político conservador. O videoclipe “AmarElo” é uma pedagogia cultural de resistência, superação e encorajamento dos sujeitos que vivem na periferia, negros e LGBTQIA+.

Biografia do Autor

Marcos Godoi, Escola Municipal Madre Marta Cerutti e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso

É licenciado em Educação Física (UFMT, 1999), mestre em Estudos de Linguagem (UFMT, 2006) e doutor em Ciências da educação, opção Psicopedagogia (Universidade de Montreal, 2017). É professor da Rede Municipal de Educação de Cuiabá-MT e atualmente é professor substituto no Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso. Atua na área pedagógica e sociocultural da educação física, principalmente nos seguintes temas: educação física escolar, didática, análise das práticas e currículo; corpo, esporte, gênero, cultura e mídia.

Julianne Caju de Oliveira Souza Moraes, Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso

Possui graduação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso (2002). Pós-graduação, Especialização em Gestão da Educação Profissional e Tecnológica com Ênfase em Fundamentos da Educação Didática e Docência na Educação Técnica de Nível Médio e Tecnológica pela UFMT (2008). É professora efetiva desde 2004 da Escola Técnica Estadual de Rondonópolis vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci). É também jornalista freelance. É Mestra em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da UFMT, câmpus de Rondonópolis/MT na Linha de Pesquisa Linguagens, Cultura e Construção do Conhecimento: perspectivas históricas e contemporânea. A dissertação intitulada - Discursos sobre a temática do abuso sexual de crianças e da pedofilia na mídia escrita - foi indicada à publicação pela banca avaliadora. Membra do Grupo de Pesquisa GEIJIC (infância, juventude e cultura contemporânea), da UFMT, câmpus de Rondonópolis. Tem experiências na área de Comunicação Social, com ênfase em Assessoria de Imprensa, atuando principalmente nos seguintes temas: pesquisa agronômica, economia, infâncias, juventude, educação, educação profissional, mídias, diversidades, raça, gênero e esportes.

Maria Aparecida de Matos, Universidade Federal de Tocantins

Possui Graduação em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso (1994), Especialização em letras, na área específica de Semiótica da Cultura, Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (1999) e Doutorado em Educação Literária pela Universidade Federal do Ceará (2004). Atualmente é professor colaborador cadastrada no CNPQ pelo Grupo de Trabalho - História da Educação na Universidade Federal de Mato Grosso. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Lingüística Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: Linguagens,Fundamentos e Metodologia da Llinguagem, Educaçãoe Cultura afro-brasileira, Literatura Infanto-Juvenil africana e latino-caribenha. Atualmente está na Universidade Federal do Tocantins, é pesquisadora ligada ao Núcleo de Estudos Afro-brasileiro (NEAB°UFT). Pertence ao Grupo de Pesquisa Educação do Campo e de Comunidades Quilombolas\UFT(GEPEC). Coordenadora da Brinquedoteca na UFT. Pertence ao N'BLAC: Nucleo BRASILEIRO LATINO AMERICANO E CARIBENHO EM GÊNERO, RELAÇÕES RACIAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS

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Publicado

18/03/2021

Como Citar

GODOI, M.; MORAES, J. C. de O. S.; MATOS, M. A. de. Pedagogia cultural de empoderamento de sujeitos periféricos, negros e LGBTQIA+: uma análise do videoclipe de rap AmarElo. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 3, p. e35110313382, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i3.13382. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/13382. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Educacionais