Pedagogia cultural de empoderamento de sujeitos periféricos, negros e LGBTQIA+: uma análise do videoclipe de rap AmarElo
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i3.13382Palavras-chave:
Pedagogia cultural; Videoclipe; Rap; Resistência; Empoderamento.Resumo
A mídia e a música podem ser consideradas pedagogias culturais, que transmitem mensagens, ajudam a educar e a forjar identidades, em uma perspectiva ampliada de educação. Assim, o objetivo desta pesquisa é descrever e analisar o videoclipe da música “AmarElo”, do rapper brasileiro Emicida, as histórias de vida dos seus personagens e comentários de internautas como produtos de uma pedagogia cultural. O quadro teórico-metodológico se apoia nos Estudos Culturais e nas contribuições das teorias antirracista e queer. O método de análise baseou-se na Análise do Discurso e na Semiologia. O corpus foi composto pelo videoclipe, um vídeo sobre os personagens e em 12 comentários de internautas sobre o videoclipe. Os resultados revelaram que: os personagens são pessoas negras, LGBTQIA+ e moradores da periferia com histórias de vida de superação; o videoclipe aborda as dificuldades cotidianas dessas pessoas, e por outro lado, suas conquistas e empoderamento por meio do estudo, do trabalho, do esporte e das artes. Os internautas se identificam com a mensagem do videoclipe e têm uma postura crítica em relação ao racismo, à homofobia, ao sistema socioeconômico e ao sistema político conservador. O videoclipe “AmarElo” é uma pedagogia cultural de resistência, superação e encorajamento dos sujeitos que vivem na periferia, negros e LGBTQIA+.
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