Pesquisa do vírus T-linfotrópico humano (HTLV) em amostras de secreção cérvico-vaginal de mulheres, em Belém, Pará, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i4.13867Palavras-chave:
Saúde da mulher; Doenças Virais Sexualmente Transmissíveis; Infecções por Retrovírus; Deltaretrovírus.Resumo
O Pará está entre os estados brasileiros com as mais elevadas taxas de prevalências da infecção pelo vírus T-linfotrópico humano (HTLV) nas populações onde este vírus já foi investigado. A infecção por HTLV geralmente apresenta prevalência mais elevada em mulheres com mais de 40 anos e com relacionamento estável. Além disso, as mulheres são mais susceptíveis à aquisição do vírus por via sexual do que os homens. Neste contexto, este estudo teve como objetivo detectar o genoma do provírus de HTLV em secreção cérvico-vaginal, com posterior confirmação em amostras de sangue, visando assim, propor uma nova metodologia de rastreamento desta infecção. Foram investigadas 400 mulheres de novembro de 2015 a dezembro de 2019, em Belém, Pará, Brasil. A coleta de secreção cérvico-vaginal se deu durante a realização do exame de Papanicolaou, e a de sangue periférico, durante contato posterior. O DNA das amostras foi extraído e realizada a análise molecular por Nested-PCR, seguida de digestão enzimática por Taq I, para pesquisa da infecção pelos tipos HTLV-1 e HTLV-2. Cinco (1,25%) das 400 mulheres tiveram resultado positivo para HTLV em secreção, sendo três para HTLV-1 e duas para HTLV-2. Por dificuldade de contato, só foi possível a confirmação da infecção no sangue em uma destas cinco mulheres. Nossos achados sugerem ser possível utilizar amostras de secreção cérvico-vaginal como mais uma forma de rastreamento da infecção por HTLV em mulheres.
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