Desenvolvimento e padronização do teste Dot Blot para diagnóstico sorológico de leptospirose bovina
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i6.15091Palavras-chave:
Dot-ELISA; Sensibilidade; Leptospira spp.; SAM; Imunodiagnóstico.Resumo
A leptospirose, zoonose endêmica no Brasil e problema de saúde pública, é diagnosticada por métodos sorológicos. Metodologias tais como o Dot Blot, assumem papel importante devido a fácil execução, baixo custo e sensibilidade. Com o objetivo de padronizar um teste Dot Blot para o sorodiagnóstico da leptospirose bovina, utilizou-se como antígeno proteínas de membrana externa (PME) dos sorovares Hardjo e Wolffi, e 96 amostras de soro bovino, previamente testados na soroaglutinação microscópica (SAM). Para o desenvolvimento e padronização do teste foram avaliadas diferentes concentrações de antígenos aplicadas em membranas de nitrocelulose, além de diferentes diluições de soro bovino e conjugado, sendo que a melhor distinção entre amostras positivas e negativas se deu com 1µL de antígeno (0,11µg/µL de proteína de membrana externa do sorovar Hardjo (PMEH) e 0,08µg/µL de proteína de membrana externa do sorovar Wolffi (PMEW)), o soro bovino na diluição 1:500, e conjugado em 1:10000. Ao avaliar o desempenho do teste de Dot Blot, obteve-se eficiência de 71,87% e índice kappa de 0,46 (p<0,0001). Observou-se sensibilidade de 91,89%, especificidade de 59,32%, valor preditivo positivo de 58,62% e o valor preditivo negativo de 59,32%. Além da alta sensibilidade, outras vantagens foram identificadas na técnica de Dot Blot, como praticidade, baixo custo por dispensar aparelhagem sofisticada e o fato das PME de Hardjo e Wolffi também induzirem reação com sorovariedades de outros sorogrupos patogênicos. Os resultados proporcionaram expectativas positivas para o uso do Dot Blot como suporte no diagnóstico para a leptospirose bovina, principalmente se utilizado como teste de triagem, estimulando a continuidade de pesquisas para que, futuramente, desenvolvam-se kits com fins diagnósticos.
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