Tendência temporal da tuberculose na população privada de Liberdade no Estado do Tocantins
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i6.15400Palavras-chave:
Tuberculose; Epidemiologia; Estudos de séries temporais; População privada de liberdade.Resumo
Objetivo: Analisar a tendência da tuberculose (TB) na população privada de liberdade (PPL) no estado do Tocantins no período de 2010 a 2019. Metodologia: Estudo de séries temporais baseado em dados provenientes do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Análise da tendência temporal foi realizada por meio do modelo de regressão Joinpoint. Resultados: O coeficiente de incidência da TB na PPL foi 40 vezes maior que na população geral. Pela análise por Joinpoint esse indicador aumentou 29,3% (IC95%: 13,7 a 47,1%) entre 2010 e 2019 na PPL masculina, e manteve-se estável na PPL feminina (APC: 4,6; IC95%: - 9,1 a 20,5%), a PPL de cor/raça-autodeclarada preta teve crescimento significativo de 79,4% (IC95%: X-X%) de TB entre 2016 e 2019. A forma clínica pulmonar cresceu 36,3% (IC95%: 15,6 a 60,6%) no período total. Todos os comportamentos de riscos foram responsáveis pelo crescimento significativo de casos de TB na PPL no período avaliado, sendo estes, tabagistas (APC: 23,1; IC95%: 2,6 a 47,7%), alcoolistas (APC: 23,7; IC95%: 16,6 a 31,2%) e usuários de drogas ilícitas (APC: 29,8; IC95%: 6,9 a 57,6%). Conclusão: Apesar de o estado do Tocantins apresentar uma taxa de tuberculose inferior a nacional, a doença é hiperendêmica na PPL e de magnitude crescente. Esse padrão epidemiológico reporta a necessidade de políticas públicas com foco no diagnóstico e tratamento oportuno com estratégias efetivas no monitoramento de casos para interrupção da transmissão.
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