Divergências entre aplicativos de interações medicamentosas mHealth: um enfoque na terapia de pacientes hospitalizados com HIV
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i7.15759Palavras-chave:
Prescrições de medicamentos; Dispositivo móvel; Infecções por HIV; Interação medicamentosa; Saúde Móvel; Smartphone.Resumo
Introdução: Os aplicativos móveis em saúde (mHealth) desempenham importante papel na investigação de interações medicamentosas potenciais (IMP). No entanto, as informações de IMP por eles apresentadas podem diferir entre si, e afetar a terapia medicamentosa do paciente. Este estudo analisou o desempenho de aplicativos mHealth em um contexto de pacientes vivendo com HIV/AIDS hospitalizados. Métodos: Foi realizado estudo transversal em um hospital de referência em doenças infecciosas da região centro-oeste do Brasil. As prescrições de medicamentos foram selecionadas aleatoriamente por censo. A prevalência de IMP, a classificação de gravidade, bem como a concordância de informações e desempenho de diferentes aplicativos móveis foram analisados. Foram selecionados os aplicativos mHealth de acesso gratuito: Drugs®, EpocratesRx® e Micromedex® (considerado como aplicativo de referência). Foi realizada análise de sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivos ou negativos (VPP ou VPN). Resultados: A maioria dos 33 pacientes hospitalizados com HIV/AIDS eram do sexo masculino, adultos jovens, com infecções oportunistas, apesar de um diagnóstico recente de HIV. 373 medicamentos foram prescritos, com 461 IMP identificados pelos aplicativos mHealth. A prevalência de IMP foi de 13,9% (12,4-15,6), 22,2% (20,1-24,5) e 24,8% (22,9-26,8) no Micromedex®, EpocratesRx® e Drugs®, respectivamente. Micromedex® classificou a maioria das IMP (71,2%) como maiores, enquanto Drugs® (67,6%) e EpocratesRx® (84,8%) classificaram a maioria delas como menores. Em comparação com Micromedex®, Drugs® ou EpocratesRx® mostraram nenhuma (K<0,00) ou pouca (K=0,11) concordância na identificação de IMP, respectivamente. As análises de desempenho mostraram que Drugs® apresentou maior sensibilidade (75,4%), porém, os resultados de especificidade, VPP, VPN e acurácia foram semelhantes nos dois aplicativos quando comparados à referência. Conclusão: Os aplicativos mHealth apresentaram divergências importantes nos resultados da identificação, classificação de gravidade e taxa de prevalência de IMP.
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