Políticas de formação de professores a distância no Brasil: Os fatores estruturantes da Educação a Distância e Universidade Aberta do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i6.15870Palavras-chave:
Ensino; Formação de professores; Educação a distância; UAB; Fatores estruturantes.Resumo
O presente trabalho discute a formação de professores no Brasil por meio da educação a distância, tendo como objeto de análise o Programa Universidade Aberta do Brasil. Trata-se de um recorte da tese de doutorado de 2019 intitulada: “a formação inicial de professores a distância no Brasil: os contornos e trajetórias do Sistema Universidade Aberta do Brasil na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba no período de 2013 a 2018”. A pesquisa foi apoiada no método materialismo histórico dialético, tendo como principais fontes a pesquisa bibliográfica e a análise documental de documentos da Capes, Ministério da Educação, acerca do Programa UAB. Constatou-se que as políticas de formação de professores no Brasil foram influenciadas por quatro fatores centrais: os organismos internacionais, a agenda neoliberal, as mudanças no sistema de acumulação capitalista e o advento das tecnologias digitais de comunicação e informação, sobretudo a partir dos anos 1990. Nesse cenário criou-se uma legislação propícia à introdução da EaD no país e, posteriormente, da UAB. Surgiu-se então um movimento para o modelo formação privatista-mercantil com a participação da iniciativa privada e a adoção pelo Estado do Programa UAB como importante lócus de formação de professores no país. Notou-se que o Estado imputou à UAB a necessidade de adoção de mecanismos de redução de custos e de precarização do trabalho, com consequente massificação da formação de professores.
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