Síndrome de Guillain-Barré na Síndrome pós-COVID-19: Revisão de literatura
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i7.16480Palavras-chave:
Síndrome de Guillian-Barré; Infecção por coronavírus; Neurologia; Medicina Interna; Saúde pública.Resumo
A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma polineuropatia aguda imunomediada, também determinada como polirradiculoneuropatia idiopática aguda, dada por um distúrbio autoimune adquirido. Esta síndrome é marcada pela perda da bainha de mielina e dos reflexos tendinosos, englobando as polineuropatias agudas imunomediadas, as quais podem ser subdivididas em dois tipos: desmielinizantes e axonais, a qual pode ser desencadeada por um gatilho imunológico por etiologia viral, bacteriana, fúngica ou genética. Quando se trata da SGB por etiologia pelo SARS-COV-2, há relatos na literatura de pacientes acometidos que desenvolveram manifestações neurológicas na síndrome pós-COVID-19, determinada pela apresentação de sintomas por mais de três meses após a fase aguda da doença. Neste sentido, este artigo tem como objetivo descrever as principais manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento para os pacientes acometidos pela SGB na síndrome pós-COVID-19. Realizou-se uma revisão retrospectiva, bibliográfica nas bases de dados do MEDLINE/PubMed e LILACS, através dos descritores/palavras-chave e operador booleano: "Infecções por Coronavirus" AND "Síndrome de Guillain-Barré". Formam localizados 86 artigos e após aplicados os critérios de inclusão e exclusão, foram incluídos oito artigos de relato de caso para análise. O sexo mais acometido foi o masculino (75%), com idade média em 52 anos com mínima de 21 anos e máxima em 66 anos. Os sintomas de apresentação para COVID-19 variaram desde assintomáticos (12,5%) a sintomáticos (87,5%) com presença de tosse (75%), febre (62,5%) e outros. A primeira manifestação neurológica pós-COVID-19 foi em 13 dias, sendo as manifestações neurológicas principais como paralisia facial periférica bilateral, disartria e arreflexia. Ao analisar o líquido cefalorraquidiano, obteve-se presença de dissociações albuminocitológica (87,5%) e bandas olioclonais (12,8%). Quando realizada eletroneuromiografia, os subtipos neurofisiológicos encontrados foram classificados em sua maioria pela neuropatia desmielinizante (50%), com sua variante principal para SGB para sensitivomotora clássica (62,5%). A maior parte dos pacientes, após diagnóstico da variante principal para SGB (87,5%), foram submetidos a tratamentos com imunoglobulina endovenosa (75%) e plasmaferese (12,5%), com evolução clínica favorável e posterior alta hospitalar.
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