O vírus do mercado: Sindemia e as contribuições das ecovilas para a reconfiguração da relação ser humano/natureza
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i8.17153Palavras-chave:
Sindemia; Ecovilas; Ecologia; Agroecologia.Resumo
Afirmamos nesse artigo que a crise provocada pelo Sars-CoV-2, causador da Covid-19, é uma crise ecológica. O agenciamento de ações efetivas para seu controle e superação requer compreensão sistêmica do fenômeno e o conceito de sindemia é mais adequado à medida que abarca tal complexidade. Discutimos, assim, a ruptura do sociometabolismo entre ser humano/natureza em meio à relações alienadas de produção efetivadas no mercado e como o movimento de ecovilas contribui para reconfigurar a relação ser humano/natureza a partir de bases ecológicas. A indústria agrícola e da construção, que modelam a distribuição espacial tanto no campo quanto na cidade a partir da lógica de acumulação do capital, exercem forte pressão nos ecossistemas e são tomados como referência nesta investigação. Experiências de quatro ecovilas, por meio de pesquisa de inspiração etnográfica, revelam um tipo organizacional que, uma vez orientado à autossuficiência mediada pelo trabalho comunal autogestionário, tem potencial para reconfigurar a relação ser humano/natureza mitigando embaraços do enclave mercado e consequências da sindemia via práticas de policultivos, bioconstruções e difusão de seus ideais por sua militância e educação ecológica ao mesmo tempo que toca em pontos fundantes da crise, ou seja, a degradação socioambiental.
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