Estudo do comportamento das microcápsulas de polpa de tomate (Lycopersicum esculentum var. Carmen) imersas em azeite de oliva extra-virgem: interação e estabilidade do produto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i13.18042

Palavras-chave:

Licopeno; Gelificação iônica; Estabilidade; Antioxidante.

Resumo

O objetivo deste trabalho foi estudar a interação entre os compostos bioativos da polpa de tomate encapsulado (técnica de gelificação iônica com 2% (M2) e 5% (M5) de alginato de sódio) e o azeite de oliva extra virgem, a influência da interação em relação à qualidade e a avaliar a estabilidade do produto final durante 60 dias de armazenamento. Foram feitas as análises de teor de licopeno, carotenoides, atividade antioxidante (ABTS), fenólicos totais, índice de peróxido, estabilidade oxidativa (Rancimat) e térmica (DSC). As análises foram realizadas em triplicata, aplicando o teste de Tukey ao nível de 5% de significância. As formulações analisadas mantiveram-se estáveis durante o armazenamento, não houve diferença significativa nos teores de licopeno e carotenoides. A formulação M2 obteve menor interação do microencapsulado com o azeite (A2) em relação ao teor de fenólicos e a atividade antioxidante, mantendo assim os compostos fenólicos mais aprisionados. A inserção das microcápsulas no azeite de oliva extra virgem não alterou a sua qualidade mantendo-o na faixa exigida pela legislação ao índice de peróxido, além de não influenciar no tempo de indução à oxidação. A partir da análise térmica de DSC observou-se que as formulações M2 e M5 apresentaram picos de desidratação (100 – 109°C) e degradação (390 – 400°C) em uma mesma faixa, tendo assim características térmicas semelhantes. Desta forma, o fato da junção microcápsulas/azeite não interferiu na qualidade do azeite e agregou valor nutricional, evidenciando a interação dos compostos biativos, podendo ser modificado o tipo de encapsulado, ou do encapsulante e obter uma microcápsula com características diferentes de liberação dependendo do objetivo.

Referências

AOAC: Association of Official Analytical Chemists.(2003). Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 5ª ed. Arlington: A.O.A.C., 2003.

Baker, R. W. (1987). Controlled release of biologically active agents. New York: John Wiley & Sons

Boroski, M.; Visentainer, J. V.; Cottica, S. M. & Morais, D. R. (2015). Antioxidantes: princípios e métodos analíticos. Appris.

Brasil.(2005). Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-rdc nº 272, de 22 de setembro de 2005. “Regulamento técnico para produtos de vegetais, produtos de frutas e cogumelos comestíveis”. Diário Oficial da União; Poder Executivo, 2005.

Brasil.(2012). Instrução Normativa nº 1, de 30 de janeiro de 2012. Regulamento Técnico do Azeite de Oliva e do Óleo de Bagaço de Oliva. Diário oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n 23, p. 5, 01 de fev. 2012.

Carmo, E. L. D., de Barros Fernandes, R. V. & Borges, S. V. (2015). Microencapsulação por spray drying, novos biopolímeros e aplicações na tecnologia de alimentos. The Journal of Engineering and Exact Sciences, 1(2), 30-44.

Carvalho, W., Fonseca, M. E. D. N., Silva, H. R. D., Boiteux, L. S. & Giordano, L. D. B. (2005). Estimativa indireta de teores de licopeno em frutos de genótipos de tomateiro via análise colorimétrica. Horticultura Brasileira, 23(3), 819-825.

Choudhari, S., Bajaj, I., Singhal, R. & Karwe, M. (2012). Microencapsulated lycopene for pre‐extrusion coloring of foods. Journal of Food Process Engineering, 35(1), 91-103.

Clinton, S. K. (1998). Lycopene: chemistry, biology, and implications for human health and disease. Nutrition Reviews, v. 56, n. 2 Pt 1, p. 35-51.

Costa-Rodrigues, J., Pinho, O. & Monteiro, P. R. R. (2018). Can lycopene be considered an effective protection against cardiovascular disease?. Food chemistry, 245, 1148-1153.

Di Mascio, P., Murphy, M. E. & Sies, H. (1991). Antioxidant defense systems: the role of carotenoids, tocopherols, and thiols. The American journal of clinical nutrition, 53(1), 194S-200S.

Fang, Z. & Bhandari, B. (2010). Encapsulation of polyphenols–a review. Trends in Food Science & Technology, 21(10), 510-523.

Fávaro-Trindade, C. S. Pinho, S., Rocha, G. A. (2008). Revisão: encapsulação de ingredientes alimentícios. Brazilian Journal of Food Technology, v.11, n. 2, p.103-112.

Goula, A. M. & Adamopoulos, K. G. (2012). A new technique for spray-dried encapsulation of lycopene. Drying Technology, 30(6), 641-652.

Ha, T. V. A., Kim, S., Choi, Y., Kwak, H. S., Lee, S. J.; Wen, J. & Ko, S. (2015). Antioxidant activity and bioaccessibility of size-different nanoemulsions for lycopene-enriched tomato extract. Food chemistry, 178, 115-121.

IAL: Instituto Adolfo Lutz. (2005). Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3ªed. São Paulo: IAL.

Jorge, R. O. (2010). Caracterização de azeites virgem extra gourmet varietais e blends comercializados no mercado do Rio Grande do Sul. Tese de doutorado, Programa de pós-graduação em Ciência e Tecnologia Agroindustrial, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Rio Grande do Sul, Brasil.

Laia, A. G. S. (2015). Estudo de filmes e hidrogéis a base de alginato e goma gelana visando aplicações na regeneração de discos intervertebrais. Dissertação de Mestrado, Programa de pós-graduação em Engenharia de Materiais, Instituto Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brasil.

Lichtenthaler, H. K. (1987). Clorofilas e carotenóides: pigmentos de biomembranas fotossintéticas. Methods in enzymology , 148 , 350-382.

Mirzaei, H.; Pourjafar, H. & Homayouni, A. (2012). Effect of calcium alginate and resistant starch microencapsulation on the survival rate of Lactobacillus acidophilus La and sensory properties in Iranian white brined cheese. Food Chemistry, 132(4), 1966-1970.

Palozza, P. A. O. L. A., Catalano, A., Simone, R. E., Mele, M. C. & Cittadini, A. (2012). Effect of lycopene and tomato products on cholesterol metabolism. Annals of Nutrition and Metabolism, 61(2), 126-134.

Passos, R.M., Santos, J., Silva, G.F., Pagani, A.A.C.(2021). Azeite de oliva com pérolas de tomate: avaliação sensorial, microbiológica e estabilidade da cor. Revista Brasileira de Agrotecnologia - ISSN 2317-3114 - (BRASIL) v. 11, n.2, p.498-504.

Ranveer, R. C., Gatade, A. A., Kamble, H. A. & Sahoo, A. K. (2015). Microencapsulation and storage stability of lycopene extracted from tomato processing waste. Brazilian archives of biology and technology, 58(6), 953-960.

Rocha, G. A.; Fávaro-Trindade, C. S. & Grosso, C. R. F. (2012). Microencapsulation of lycopene by spray drying: characterization, stability and application of microcapsules. Food and bioproducts processing, 90(1), 37-42.

Rocha, L. C. R. (2017). Desenvolvimento de micropartículas contendo suco de tomate via gelificação iônica. Dissertação de mestrado, Programa de pós-graduação em Engenharia de Biomateriais, Universidade Federal de Lavras. Minas Gerais, Brasil.

Rodriguez-Amaya, D. B. (2001). A guide to carotenoid analysis in foods. ILSI Human Nutrition Institute, v. 64, p. 20005-5802.

Rodriguez-Amaya, D. B. (2002). Effects of processing and storage on food carotenoids. Sight and Life Newsletter, 3(Special Issue), 25-35.

Rodrigues, J. F. (2015). Azeites de oliva da região da Serra da Mantiqueira: estudo químico e sensorial para caracterização da qualidade. Dissertação de mestrado, Programa de pós-graduação em ciência de Alimentos, Universidade Federal de Lavras. Minas Gerais, Brasil.

Santos, S. I. F. (2010). Desenvolvimento de um azeite com aroma a limão. Dissertação de mestrado, Programa de pós-graduação em Biotecnologia, Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal.

Silva, F. D. A. S. & de Azevedo, C. A. V. (2009). Principal Components Analysis in the Software Assistat-Statistical Assistance. In 7th World Congress on Computers in Agriculture Conference Proceedings, 22-24 June 2009, Reno, Nevada (p. 1). American Society of Agricultural and Biological Engineers.

Silva, F. C., da Fonseca, C. R., de Alencar, S. M., Thomazini, M., de Carvalho Balieiro, J. C., Pittia, P. & Favaro-Trindade, C. S. (2013). Assessment of production efficiency, physicochemical properties and storage stability of spray-dried propolis, a natural food additive, using gum Arabic and OSA starch-based carrier systems. Food and Bioproducts Processing, 91(1), 28-36.

Smitha, B., Sridhar, S. & Khan, A. A. (2005). Chitosan–sodium alginate polyion complexes as fuel cell membranes. European Polymer Journal, 41(8), 1859-1866.

Swain, T. & Hillis, W. E. (1959). The phenolic constituents of Prunus domestica. I.—The quantitative analysis of phenolic constituents. Journal of the Science of Food and Agriculture, 10(1), 63-68.

Vallverdú-Queralt, A., Medina-Remón, A., Casals-Ribes, I., Andres-Lacueva, C., Waterhouse, A. L. & Lamuela-Raventos, R. M. (2012). Effect of tomato industrial processing on phenolic profile and hydrophilic antioxidant capacity. LWT-Food Science and Technology, 47(1), 154-160.

Waterhouse, A. L. (2002). Determination of total phenolics. Current protocols in food analytical chemistry, 6(1), I1-1.

Zu, K., Mucci, L., Rosner, B. A., Clinton, S. K., Loda, M., Stampfer, M. J. & Giovannucci, E. (2014). Dietary lycopene, angiogenesis, and prostate cancer: a prospective study in the prostate-specific antigen era. Journal of the National Cancer Institute, 106(2), djt430.

Downloads

Publicado

09/10/2021

Como Citar

PASSOS, R. M. dos .; SANTOS, J. dos .; TELES, A. R. S. .; SILVA, G. F. da .; PAGANI, A. A. C. . Estudo do comportamento das microcápsulas de polpa de tomate (Lycopersicum esculentum var. Carmen) imersas em azeite de oliva extra-virgem: interação e estabilidade do produto. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 13, p. e150101318042, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i13.18042. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/18042. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências Exatas e da Terra