Eficácia da profilaxia antibiótica em terceiros molares inclusos e semi-inclusos: Ensaio clínico prospectivo, randomizado e duplo cego

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i9.18398

Palavras-chave:

Antibioticoprofilaxia; Cirurgia bucal; Terceiro molar.

Resumo

A cirurgia de terceiros molares inclusos e semi-inclusos é um procedimento rotineiro em odontologia. Devido ao seu elevado grau de manipulação tecidual, preconiza-se a profilaxia antibiótica com o intuito de evitar infecção na ferida cirúrgica. Entretanto, seu uso rotineiro pode sustentar a prescrição indiscriminada de antibióticos e, consequentemente, seleção de microrganismos resistentes. O objetivo do presente trabalho foi avaliar as condições cirúrgicas dos pacientes após extração de terceiros molares inclusos e semi-inclusos realizados com e sem profilaxia antibiótica. Foi observada, no pós-operatório, a presença de sinais de infecção e inflamação, nível de dor pós-operatória e eficácia dos fármacos utilizados. Para tal, foram incluídos no estudo 23 voluntários saudáveis (ASA I), com indicação de extração de terceiros molares inferiores bilaterais, totalizando 46 cirurgias. O estudo consistiu em um ensaio clínico prospectivo, randomizado e duplo cego, com delineamento do tipo split-mouth. Uma hora antes do procedimento o voluntário recebeu a medicação (1g de amoxicilina ou placebo), além de uma prescrição para prevenção e controle de dor. Os atos cirúrgicos foram realizados por alunos que estavam cursando o último ano do curso de odontologia. A dor pós-operatória foi avaliada por meio de uma escala analógica visual e uma escala de 11 pontos em caixa, nos intervalos de tempo de 4, 12 e 24 horas pós-operatórias. Sete dias após o procedimento, o voluntário foi reavaliado quanto aos sinais clínicos de infecção/inflamação, como presença de pus, aumento de volume intra e extraoral, trismo, calor, rubor e alteração de temperatura. Houve apenas dois casos de complicações pós-operatórios, sendo um de edema intraoral após uso de placebo e um de trismo após uso de antibiótico. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para nenhum dos sinais indicativos de infecção avaliados. Da mesma forma, os resultados obtidos a partir das escalas de dor aplicadas revelaram semelhança entre os níveis de dor para os dois tratamentos, em todos os tempos avaliados, independente da escala de dor utilizada (p>0,05). Diante dos resultados, conclui-se que o baixo índice de infeção apresentado não condiz com a necessidade de prescrição antibiótica para pacientes sem comprometimento sistêmico de forma rotineira. A taxa de efeitos adversos do antibiótico somado à seleção de bactérias resistentes, supera os benefícios da profilaxia antibiótica para pacientes saudáveis (ASA I).

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Publicado

03/08/2021

Como Citar

GANGÁ, A. P. S. .; TARANTINO, H. A. P. .; ARPINI, N. B. .; FERREIRA, T. P. .; MELLO, P. S. de .; COSER, R. C. . Eficácia da profilaxia antibiótica em terceiros molares inclusos e semi-inclusos: Ensaio clínico prospectivo, randomizado e duplo cego. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 9, p. e58610918398, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i9.18398. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/18398. Acesso em: 26 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde