Encefalite viral como complicação de dengue no oeste paranaense
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i10.18473Palavras-chave:
Dengue; Encefalite; Dengue Grave; Encefalite Viral; Encefalite por arbovírus.Resumo
A dengue atingiu mais de 770 mil pessoas no Brasil durante os primeiros cinco meses de 2020. Possuindo quatro sorotipos diferentes, é considerada uma infecção viral endêmica grave influenciada pelo nível de urbanização. A confirmação diagnóstica é realizada apenas com o exame sorológico IgM e IgG, mas devido à positivação tardia destes testes, seis e nove dias respectivamente, o tratamento quase sempre é empírico. Entre 1-5% dos casos de dengue evoluem para doenças neurológicas, tanto pela atuação direta do vírus no sistema nervoso, quanto pela reação imunológica, que acaba manifestando-se de forma mais tardia na forma de encefalite. Este estudo relata o caso de uma paciente com encefalite pós-dengue. Inicialmente a paciente AST, 66 anos, procurou atendimento com queixa de lipotimia e teve alta hospitalar após medidas de suporte. Evoluiu com piora progressiva, apresentando sintomas dispépticos, mialgia e flutuação do nível de consciência, sendo novamente internada para tratamento. Após avaliação multidimensional foi realizada tomografia computadorizada, que não demonstrou alterações e punção liquórica. Foi realizado terapêutica empírica com Valproato de Sódio, Dexametasona, Ceftriaxona, Panciclovir e tratamento de suporte com controle hemodinâmico e das crises convulsivas. Com sorologia IgG dengue positiva a equipe manteve a terapêutica para encefalite viral. A evolução foi favorável com sequelas mínimas, como leve fraqueza proximal e amnésia lacunar. Portanto, conclui-se que infecções pelo vírus da dengue, assim como por outros arbovírus podem causar complicações potencialmente fatais como encefalite viral, necessitando de diagnóstico e intervenção precoce.
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