Diversidade alimentar e consumo de alimento ultraprocessado na alimentação complementar: Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2013
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19242Palavras-chave:
Alimentação Complementar; Consumo Alimentar; Aspectos socioeconômicos; Indicadores Demográficos; Desigualdades em saúde.Resumo
Objetivo: Avaliar a diversidade e ausência de alimentos ultraprocessados na alimentação complementar de crianças brasileiras com idade entre seis e 24 meses, segundo variáveis sociodemográficas. Métodos: Trata-se de um estudo transversal que analisou dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013. A diversidade e o consumo de alimentos ultraprocessados foram avaliados separadamente e em conjunto. A análise conjunta foi medida por escore, considerando o consumo dos grupos de alimentos que compõe a diversidade e pela a ausência de cada um dos alimentos ultraprocessados. Estimou-se a prevalência, média dos escores e intervalos de confiança (95%). Variáveis sociodemográficas analisadas: gênero, raça, macrorregiões, situação e condições do domicílio. Resultados: Das 3.701 crianças elegíveis, 3,8% apresentaram adequação nutricional (diversidade e ausência de ultraprocessados), 48,8% apresentavam diversidade e 15,7% não consumiam alimentos ultraprocessados. Crianças de baixo nível socioeconômico apresentaram menor escore de adequação nutricional, menor prevalência de diversidade e maior prevalência de consumo de ultraprocessados. Conclusões: Grande parte das crianças brasileiras apresenta baixa diversidade alimentar e consome alimentos ultraprocessados, com inequidades marcadas pela questão socioeconômica e pela região de residência. As políticas públicas e as ações de atenção à saúde devem considerar essas diferenças a fim de diminuir as disparidades encontradas.
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