Ambiente obesogênico: uma cartografia do ambiente alimentar comunitário de uma capital do Nordeste

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19578

Palavras-chave:

Meio Ambiente; Saúde Pública; Obesidade; Mapeamento Geográfico; Atividade física.

Resumo

Estudo com o objetivo de quantificar e mapear os estabelecimentos comerciais alimentares e os locais para prática de atividade física de uma capital do nordeste do Brasil, visando analisar o ambiente alimentar obesogênico. Foi realizada pesquisa cartográfica, transversal, por geocodificação de endereços e coordenadas geográficas dos estabelecimentos de comercialização de alimentos e locais para prática de atividade física de toda a capital. Os estabelecimentos de alimentação foram classificados em segundo a oferta predominante de alimentos e/ou refeições, conforme o Guia Alimentar para a População Brasileira. Os locais para atividade física foram categorizados em públicos e privados. O mapeamento foi gerado por um Sistema de Informação Global. Foi realizada análise da densidade populacional, renda e distribuição espacial segundo o grau de aglomeração por zonas administrativas. Foram identificados 725 estabelecimentos de alimentação e 236 locais para a prática de atividade física, sendo 34,5% estabelecimentos de alimentação saudáveis e 47,9% espaços públicos para atividade física. Os estabelecimentos não saudáveis (Grupo 3) estiveram mais presentes (27,4%) na zona de baixa densidade populacional e os estabelecimentos saudáveis (Grupos 1 e 2) mais presentes (64%) na zona de alta renda domiciliar (p<0,01). As variáveis analisadas estiveram aglomeradas na zona Centro/Sul. Concluiu-se que a população está exposta tanto a um ambiente promotor da obesidade, quanto à alimentação saudável e aos locais para a prática de atividade física. Estratégias que incentivem e facilitem as escolhas saudáveis, e que protejam os indivíduos de fatores ambientais que conduzem às escolhas não saudáveis, podem ser tomadas por meio de políticas públicas.

Referências

Agrizzi, P., Dourado, T. E. P. S., Silva, J. I. da, & Andrade, A. C. de S. (2021). Fatores associados ao conhecimento de locais públicos de esporte e lazer nas capitais brasileiras. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, 26, 1–8. https://doi.org/10.12820/rbafs.26e0201

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. (2014). Critério Brasil 2014. ABEP. file:///C:/Users/marce/Downloads/09_cceb_2014.pdf

Baluz, R. A. . (2010). Geoprocessamento aliado à técnica de data warehouse como ferramenta para auxílio na saúde pública. Revista F@pciência, Apucarana-PR, ISSN 1984-2333, 103–116.

Batista Filho, M. (2008). Debate sobre o artigo de Sichieri & Souza. Cadernos de Saúde Pública. https://doi.org/10.1590/s0102-311x2008001400005

Black, J. L., & Macinko, J. (2008). Neighborhoods and obesity. Nutrition Reviews, 66(1), 2–20. https://doi.org/10.1111/j.1753-4887.2007.00001.x

Bodor, J. N., Rice, J. C., Farley, T. A., Swalm, C. M., & Rose, D. (2010). The Association between Obesity and Urban Food Environments. Journal of Urban Health, 87(5), 771–781. https://doi.org/10.1007/s11524-010-9460-6

Brasil. (2006). LEI No 11.346, DE 15 DE SETEMBRO DE 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências.

Brasil. (2018). Mapeamento dos Desertos Alimentares no Brasil. https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/noticias/arquivos/files/Estudo_tecnico_mapeamento_desertos_alimentares.pdf

Brasil, M. da S. (2014). Guia alimentar para a população brasileira (2. ed.).

Brasil, M. da S. (2020). Vigitel Brasil 2019 : vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico : estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados (Ministério da Saúde (ed.)). https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2019_vigilancia_fatores_risco.pdf

Castro, I. R. R. de. (2015). Desafios e perspectivas para a promoção da alimentação adequada e saudável no Brasil. Cad. Saúde Pública. https://doi.org/10.1021/jp808453z

Cayo, M. R., & Talbot, T. O. (2003). Positional error in automated geocoding of residential addresses. International Journal of Health Geographics. https://doi.org/10.1186/1476-072X-2-10

Cockerham, W. C., Hamby, B. W., & Oates, G. R. (2017). The Social Determinants of Chronic Disease. American Journal of Preventive Medicine, 52(1), S5–S12. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2016.09.010

Curioni, C. C., Boclin, K. L. S., Silveira, I. H., Canella, D. S., Castro, I. R. R., Bezerra, F. F., Junger, W., & Faerstein, E. (2020). Neighborhood food environment and consumption of fruit and leafy vegetables: Pro-Saude Study, Brazil. Public Health, 182, 7–12. https://doi.org/10.1016/j.puhe.2020.01.004

Duran, A. C., de Almeida, S. L., Latorre, M. do R. DO, & Jaime, P. C. (2016). The role of the local retail food environment in fruit, vegetable and sugar-sweetened beverage consumption in Brazil. Public Health Nutrition, 19(6), 1093–1102. https://doi.org/10.1017/S1368980015001524

Duran, A. C. F. L. (2013). Ambiente alimentar urbano em São Paulo, Brasil: avaliação, desigualdades e associação com consumo alimentar [Universidade de São Paulo]. https://doi.org/10.11606/T.6.2013.tde-02102013-164136

Duran, A. C., Lock, K., Latorre, M. do R. D. O., & Jaime, P. C. (2015). Evaluating the use of in-store measures in retail food stores and restaurants in Brazil. Revista de Saude Publica. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2015049005420

Durand, C. P., Andalib, M., Dunton, G. F., Wolch, J., & Pentz, M. A. (2011). A systematic review of built environment factors related to physical activity and obesity risk: implications for smart growth urban planning. Obesity Reviews, 12(5), e173–e182. https://doi.org/10.1111/j.1467-789X.2010.00826.x

Fisberg, M., Maximino, P., Kain, J., & Kovalskys, I. (2016). Obesogenic environment – intervention opportunities. Jornal de Pediatria, 92(3), S30–S39. https://doi.org/10.1016/j.jped.2016.02.007

Giskes, K., van Lenthe, F., Avendano-Pabon, M., & Brug, J. (2011). A systematic review of environmental factors and obesogenic dietary intakes among adults: are we getting closer to understanding obesogenic environments? Obesity Reviews, 12(5), e95–e106. https://doi.org/10.1111/j.1467-789X.2010.00769.x

Glanz, K., Sallis, J. F., Saelens, B. E., & Frank, L. D. (2005). Healthy nutrition environments: Concepts and measures. American Journal of Health Promotion, 19(5), 330–333. https://doi.org/10.4278/0890-1171-19.5.330

Glanz, K., Sallis, J. F., Saelens, B. E., & Frank, L. D. (2007). Nutrition Environment Measures Survey in Stores (NEMS-S). Development and Evaluation. American Journal of Preventive Medicine. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2006.12.019

Godoy, W. I., & Anjos, F. S. dos. (2007). A Importância das Feiras Livres Ecológicas: Um Espaço de Trocas e Saberes da Economia Local. Revista Brasileira de Agroecologia.

Google. (2015). Google Earth. (Version 7.1.5.1557) [Computer Program].

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2011). Censo Demográfico 2010: Características da população e dos domicílios - Resultados do universo. In Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. https://doi.org/0104-3145

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2020a). Pesquisa nacional de saúde: 2019: atenção primária à saúde e informações antropométricas : Brasil / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento, [Ministério da Saúde] (IBGE (ed.)). https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101758.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2020b). Pesquisa nacional de saúde: 2019: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal: Brasil e grandes regiões / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento, [Ministério da Saúde] (IBGE (ed.)). https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101764.pdf

Jaime, P. C., Duran, A. C., Sarti, F. M., & Lock, K. (2011). Investigating Environmental Determinants of Diet, Physical Activity, and Overweight among Adults in Sao Paulo, Brazil. Journal of Urban Health, 88(3), 567–581. https://doi.org/10.1007/s11524-010-9537-2

Mehta, N. K., & Chang, V. W. (2008). Weight Status and Restaurant Availability. American Journal of Preventive Medicine, 34(2), 127–133. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2007.09.031

Mendes, L. L. (2012). Ambiente construído e ambiente social - associações com o excesso de peso em adultos. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizinte, MG.

Monteiro, C. A., Cannon, G., Moubarac, J.-C., Levy, R. B., Louzada, M. L. C., & Jaime, P. C. (2018). The UN Decade of Nutrition, the NOVA food classification and the trouble with ultra-processing. Public Health Nutrition, 21(01), 5–17. https://doi.org/10.1017/S1368980017000234

Monteiro, C. A., Levy, R. B., Claro, R. M., Castro, I. R. R. de, & Cannon, G. (2010). A new classification of foods based on the extent and purpose of their processing. Cadernos de Saúde Pública, 26(11), 2039–2049. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2010001100005

Morland, K. B., & Evenson, K. R. (2009). Obesity prevalence and the local food environment. Health & Place, 15(2), 491–495. https://doi.org/10.1016/j.healthplace.2008.09.004

Nascimento, M. A. S., Zucolotto, D. C. C., & Sartorelli, D. S. (2015). Associação entre a percepção de atributos ambientais e excesso de peso: um estudo realizado em um município de pequeno porte. Cadernos de Saúde Pública, 31(1), 173–182. https://doi.org/10.1590/0102-311X00015814

Nilson, E. A. F., Andrade, R. da C. S., Brito, D. A. de, & Michele Lessa de, O. (2020). Custos atribuíveis a obesidade, hipertensão e diabetes no Sistema Único de Saúde, Brasil, 2018. Revista Panamericana de Salud Pública, 44, 1. https://doi.org/10.26633/RPSP.2020.32

Oreskovic, N. M., Blossom, J., Robinson, A. I., Chen, M. L., Uscanga, D. K., & Mendoza, J. A. (2014). The influence of the built environment on outcomes from a “walking school bus study”: A cross-sectional analysis using geographical information systems. Geospatial Health. https://doi.org/10.4081/gh.2014.4

Paim, J. S. (2012). Determinantes sociais da saúde. Almanaque Dant, 7.

Prefeitura de Aracaju. (2013). Feiras Livres e Praças de Aracaju.

Prefeitura de Aracaju. (2019). Praia é opção de lazer durante o verão. https://www.aracaju.se.gov.br/financas/index.php?act=leitura&codigo=48888

Prefeitura de Aracaju. (2008). Globo Repórter classifica Aracaju como a capital brasileira da qualidade de vida. Http://Www.Aracaju.Se.Gov.Br/Index.Php?Act=leitura&codigo=34646.

Prefeitura de Aracaju. (2013). Consulta fotográfica de Aracaju: zonas administrativas. www.Aracaju.Se.Gov.Br/Mapas_Aracaju.Pps.

Prefeitura de Belo Horizonte. (2010). Densidade demográfica por bairro em Belo Horizonte – 2010. Belo Horizinte.

Sallis, J. F., Bowles, H. R., Bauman, A., Ainsworth, B. E., Bull, F. C., Craig, C. L., Sjöström, M., De Bourdeaudhuij, I., Lefevre, J., Matsudo, V., Matsudo, S., Macfarlane, D. J., Gomez, L. F., Inoue, S., Murase, N., Volbekiene, V., McLean, G., Carr, H., Heggebo, L. K., … Bergman, P. (2009). Neighborhood Environments and Physical Activity Among Adults in 11 Countries. American Journal of Preventive Medicine, 36(6), 484–490. https://doi.org/10.1016/j.amepre.2009.01.031

Sichieri, R., & Souza, R. A. de. (2008). As autoras respondem. Cadernos de Saúde Pública. https://doi.org/10.1590/s0102-311x2008001400008

Soeiro, Í. C. de M., Ferreira, S. N. B. de A., & Brasileiro, R. S. (2014). Qualidade de vida e urbanização: uma análise a partir do centro da cidade do Recife, PE. Revistas Movimentos Sociais e Dinâmicas Espaciais, 3(1), 68–85.

Stephens, L. D. A., McNaughton, S. A., Crawford, D., MacFarlane, A., & Ball, K. (2011). Correlates of dietary resilience among socioeconomically disadvantaged adolescents. European Journal of Clinical Nutrition, 65(11), 1219–1232. https://doi.org/10.1038/ejcn.2011.107

Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito. (2016). Prefeitura recupera trechos danificados ciclovias. Aracaju.

Swinburn, B., Kraak, V. I., Allender, S., Atkins, V. J., Baker, P. I., Bogard, J. R., Brinsden, H., Calvillo, A., De Schutter, O., Devarajan, R., Ezzati, M., Friel, S., Goenka, S., Hammond, R. A., Hastings, G., Hawkes, C., Herrero, M., Hovmand, P. S., Howden, M., … Dietz, W. H. (2019). The Global Syndemic of Obesity, Undernutrition, and Climate Change: The Lancet Commission report. The Lancet, 393(10173), 791–846. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32822-8

Swinburn, B., Sacks, G., Vandevijvere, S., Kumanyika, S., Lobstein, T., Neal, B., Barquera, S., Friel, S., Hawkes, C., Kelly, B., L’Abbé, M., Lee, A., Ma, J., Macmullan, J., Mohan, S., Monteiro, C., Rayner, M., Sanders, D., Snowdon, W., & Walker, C. (2013). INFORMAS (International Network for Food and Obesity/non-communicable diseases Research, Monitoring and Action Support): overview and key principles. Obesity Reviews, 14, 1–12. https://doi.org/10.1111/obr.12087

Swinburn, B., Egger, G., & Raza, F. (1999). Dissecting Obesogenic Environments: The Development and Application of a Framework for Identifying and Prioritizing Environmental Interventions for Obesity. Preventive Medicine, 29(6), 563–570. https://doi.org/10.1006/pmed.1999.0585

Vaughan, C. A., Collins, R., Ghosh-Dastidar, M., Beckman, R., & Dubowitz, T. (2017). Does where you shop or who you are predict what you eat?: The role of stores and individual characteristics in dietary intake. Preventive Medicine, 100, 10–16. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2017.03.015

Warburton, D. E. R., & Bredin, S. S. D. (2017). Health benefits of physical activity: A systematic review of current systematic reviews. Current Opinion in Cardiology, 32(5), 541–556. https://doi.org/10.1097/HCO.0000000000000437

World Health Organization, (WHO). (2004). Global strategy on diet, physical activity and health. In Scandinavian Journal of Nutrition/Naringsforskning. https://doi.org/10.1080/11026480410034349

World Health Organization, (WHO). (2021). Obesity and overweight. https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight

Downloads

Publicado

03/09/2021

Como Citar

OLIVEIRA, L. C. da S. .; SOUZA, J. C. N. de .; SOUZA, F. O. .; COSTA, M. L.; MENDES NETTO, R. S. .; LOUREIRO, D. C. .; FAGUNDES, A. A. . Ambiente obesogênico: uma cartografia do ambiente alimentar comunitário de uma capital do Nordeste. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 11, p. e327101119578, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i11.19578. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/19578. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde