Pegada hídrica da alimentação de adolescentes do Brasil: relações com o consumo de fast food e o local de moradia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i12.20597

Palavras-chave:

Adolescente; Indicadores de desenvolvimento sustentável; Impacto ambiental; Alimentação; Impacto ambiental.

Resumo

O objetivo deste estudo foi estimar as pegadas hídricas da alimentação de adolescentes escolares do Brasil e as associações com contexto territorial e de rotina alimentar. Trata-se de um estudo ecológico a partir dos microdados da amostra 1 da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015, com as quais foram estimadas as médias das pegadas hídricas medias (PH) da alimentação dos adolescentes por categoria de análise: unidade da federação brasileira, macrorregião geográfica e por número de dias na semana frequentado restaurantes fast food. Estatísticas descritivas e espaciais foram empregadas para compreensão da distribuição dessas médias nas unidades de análise territoriais e na frequência em fast food. No Brasil, a PH média da alimentação dos adolescentes foi 2925,9 litros/kg. A distribuição das PH apresentou forte correlação espacial (Índice de Moran Local=0,773), com destaque para formação do cluster do tipo alto-alto (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul). Além disso, as PH médias da alimentação desse grupo aumentaram proporcionalmente ao aumento do número de dias que o adolescente costumava comer em fast food. Percebe-se uma relação direta entre o maior impacto ambiental da alimentação de adolescentes, territórios de moradia mais urbanizados e a maior frequência em restaurantes fast food. Avaliar essas associações é importante para compressão das questões de saúde pública e nutrição na perspectiva da sustentabilidade. Assim, podem ser desenvolvidas estratégias para redução do impacto ambiental e melhoria da alimentação desse grupo etário.

Referências

Aleksandrowicz, L., Green, R., Joy, E. J. M., Smith, P., & Haines, A. (2016). The impacts of dietary change on greenhouse gas emissions, land use, water use, and health: A systematic review. PLoS One, 11(11), 1–16. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0165797

Andrade, G. C., Gombi-Vaca, M. F., Louzada, M. L. C., Azeredo, C. M., & Levy, R. B. (2020). The consumption of ultra-processed foods according to eating out occasions. Public health nutrition, 23(6), 1041-1048. https://doi.org/10.1017/S1368980019002623

Azeredo, C. M., Rezende, L. F. M., Canella, D. S., Claro, R. M., Peres, M. F. T., Luiz, O. C., França-Junior, I., Kinra, S., Hawkesworth, S., & Levy, R. B. (2016). Food environments in schools and in the immediate vicinity are associated with unhealthy food consumption among Brazilian adolescents. Preventive Medicine, 88, 73-79. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2016.03.026

Bezerra, I. N., Moreira, T. M. V., Cavalcante, J. B., Souza, A. M., & Sichieri, R. (2017). Food consumed outside the home in Brazil according to places of purchase. Revista de Saúde Pública, v. 51. https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2017051006750.

Brasil. Ministério da Saúde (MS). (2007a). Sistemas de Informações Geográficas e Análise Espacial na Saúde Pública. Brasília: MS. https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/1198/1/livro_2.pdf

Brasil. (2007b). Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007. Brasília: Diário Oficial da União. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6286.htm

Brasil. (2009). Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Brasília: Diário Oficial União. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11947.htm

Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. (2016). Resolução no 510, de 07 de abril de 2016. http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf

Brasil. (2014). Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf

Brasil. (2018). Lei nº 13.666, de 16 de maio de 2018. Brasília: Diário Oficial União. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13666.htm

Campbell, B. M., Beare, D. J., Bennett, E. M., Hall-Spencer, J. M., Ingram, J. S. I., Jaramillo, F., Ortiz, R., Ramankutty, N., Sayer, J. A., Shindell, D. et al. (2017). Agriculture production as a major driver of the Earth system exceeding planetary boundaries. Ecology and Society, 22(4), 8. https://doi.org/10.5751/ES-09595-220408

Costa, C. S., Flores, T. R., Wendt, A., Neves, R. G., Assunção, M. C. F., & Santos, I. S. (2018). Comportamento sedentário e consumo de alimentos ultraprocessados entre adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2015. Cadernos de Saúde Pública, 34(3), e00021017. https://doi.org/10.1590/0102-311X00021017

Garzillo, J. M. F., Machado, P. P., Louzada, M. L. C., Levy, R. B., & Monteiro, C. A. (2019). Pegadas dos alimentos e das preparações culinárias consumidos no Brasil. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP. https://doi.org/10.11606/9788588848368

Gerten, D., Rockström, J., Heinke, J., Steffen, W., Richardson, K., & Cornell, S. (2015). SUSTAINABILITY. Response to Comment on "Planetary boundaries: Guiding human development on a changing planet". Science, 348(6240), 1217. https://doi.org/10.1126/science.aab0031

Grosso, G., Fresán, U., Bes-rastrollo, M., Marventano, S., & Galvano, F. (2020). Environmental impact of dietary choices: Role of the mediterranean and other dietary patterns in an Italian cohort. Int. J. Environ. Res. Public Health, 17, 1–13. https://doi.org/10.3390/ijerph17051468

Hallström, E., Carlsson-Kanyama, A., & Börjesson, P. (2015). Environmental impact of dietary change: A systematic review. J. Clean. Prod., 91, 1–11. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2014.12.008

Han, A., Chai, L., & Liao, X. (2020). Demographic Scenarios of Future Environmental Footprints of Healthy Diets in China. Foods, 9(8), 1021. https://doi.org/10.3390/foods9081021

Harris, F., Green, R. F., Joy, E. J. M., Kayatz, B., Haines, A., & Dangour, A. D. (2017). The water use of Indian diets and socio-demographic factors related to dietary blue water footprint. Science of The Total Environment. 587, 128-136. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2017.02.085

Hatjiathanassiadou, M., Souza, S. R. G., Nogueira, J. P., Oliveira, L. M., Strasburg, V. J., Rolim, P. M., & Seabra, L. M. J. (2019). Environmental Impacts of University Restaurant Menus: A Case Study in Brazil. Sustainability, 11(19), 5157. https://doi.org/10.3390/su11195157

Henriques, P., Dias, P. C., & Burlandy, L. (2014). A regulamentação da propaganda de alimentos no Brasil: convergências e conflitos de interesses. Cad Saúde Pública, 30(6), 1219-28. https://doi.org/10.1590/0102-311X00183912

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2010). Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: Aquisição alimentar domiciliar per capta. Rio de Janeiro: IBGE. https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=247307

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2016). Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar: 2015. Rio de Janeiro: IBGE. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv97870.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2019). Pesquisa de Orçamentos Familiares: 2017-2018 - Primeiros Resultados. Rio de Janeiro: IBGE. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101670.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2020). Pesquisa de orçamentos familiares 2017-2018: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101742.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2021a). Séries históricas estatísticas. Taxa de urbanização: População e demografia: indicadores demográficos: 1940-2010. Disponível: https://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP122

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2021b). IBGE divulga o rendimento domiciliar per capita 2020. Disponível: https://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Renda_domiciliar_per_capita/Renda_domiciliar_per_capita_2020.pdf

Jatobá, S.U.S. (2011). Urbanização, meio ambiente e vulnerabilidade social. Boletim Regional, Urbano e Ambiental (IPEA), 1, 141-148. http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/5567/1/BRU_n05_urbanizacao.pdf

Lawrence, M. A., & Baker, P. I. (2019). Ultra-processed food and adverse health outcomes. BMJ, 365, l2289. https://doi.org/10.1136/bmj.l2289

Lily Hawkins, L., Farrow, C., & Thomas, J. M. (2021). Does exposure to socially endorsed food images on social media influence food intake? Appetite, 165. https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105424

Monteiro, C.A., Cannon, G., Lawrence, M., Costa Louzada, M. L. & Pereira Machado, P. (2019). Ultra-processed foods, diet quality, and health using the NOVA classification system. Rome: FAO. http://www.fao.org/3/ca5644en/ca5644en.pdf

Naja, F., Hwalla, N., Zouhbi, A. E., Abbas, N., Chamieh, M. C., Nasreddine, L. & Jomaa, L. (2020). Changes in Environmental Footprints Associated with Dietary Intake of Lebanese Adolescents between the Years 1997 and 2009. Sustainability. 12, 4519. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2017.02.085

Organización Panamericana de la Salud (OPAS). (2015). Alimentos y bebidas ultraprocesados en América Latina: tendencias, efecto sobre la obesidad e implicaciones para las políticas públicas. Washington: OPAS. https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/7698/9789275318645_esp.pdf

Santos, S. L., & Batalha, M. O. (2010). Propaganda de alimentos na televisão: uma ameaça à saúde do consumidor? Revista de Administração, 45(4), 373-382. https://doi.org/10.1016/S0080-2107(16)30468-X

Seabra, L. M. J, Hatjiathanassiadou, M, Jorge, T. P, & Rolim, P. M. (2021). Alimentação escolar sustentável. In: Andrade, M.E.C, & Vale, D (org.). Caminhos para a alimentação saudável e sustentável na escola. (No prelo). Natal: Editora IFRN.

Seferidi, P., Scrinis, G., Huybrechts, I., Woods, J., Vineis, P., & Millett, C. (2020). The neglected environmental impacts of ultra-processed foods. The Lancet Planetary Health, 4(10), e437-e438. https://doi.org/10.1016/S2542-5196(20)30177-7

Sheehan, P., Sweeny, K., Rasmussen, B., Wils, A., Friedman, H. S., Mahon, J., Patton, G. C., Sawyer, S. M., Howard, E., Symons, J., et al. (2017). Building the foundations for sustainable development: a case for global investment in the capabilities of adolescents. Lancet, 390, 1792–1806. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(17)30872-3

Swinburn, B. A., Kraak, V. I., Allender, S., Atkins, V. J., Baker, P. I., Bogard, J. R., et al. (2019). The Lancet Commissions. The Global Syndemic of Obesity, Undernutrition, and Climate Change: The Lancet Commission report. Lancet, 393(10173), 791–846. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32822-8

Tilman, D., & Clark, M. (2014). Global diets link environmental sustainability and human health. Nature, 515, 518-522. https://doi.org/10.1038/nature13959

United Nations. (2015). Transforming our world: the 2030 agenda for sustainable development. 2015, A/RES/70/1. https://sustainabledevelopment.un.org/post2015/transformingourworld/publication

Vale, D (org.). (2020b). Educação alimentar e nutricional de adolescentes: complexidade, resiliência e autonomia. Natal, RN: Editora IFRN, 2020. https://memoria.ifrn.edu.br/handle/1044/2089

Vale, D. (2020a). Alimentação e nutrição de adolescentes no Brasil: notas epidemiológicas. Mossoró: EDUERN. https://drive.google.com/file/d/1fqGIuaMFXJK5HOiHP5-JAW0mc4cJQc4Z/view

Vale, D., Andrade, M. E. C., Dantas, N. M., Lyra, C. O., Seabra, L. M. J., & Roncalli, A. G. (2021). Vigilância alimentar e nutricional de adolescentes brasileiros: possibilidades com dados da PeNSE. Research, Society and Development, 10(11), e465101119818. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i11.19818

Vale, D., Morais, C. M. M., Pedrosa, L. F. C., Ferreira, M. A. F., Oliveira, A. G. R. C., & Lyra, C. O. (2019). Correlação espacial entre o excesso de peso, aquisição de alimentos ultraprocessados e o desenvolvimento humano no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 24(3), 983-996. https://doi.org/10.1590/1413-81232018243.35182016

Victora, C. G., Barreto, M. L., Carmo, L. M., Monteiro, C. A., Schmidt, M. I., Paim, J., et al. (2011). Health conditions and health-policy innovations in Brazil: the way forward. Lancet, 377, 2042-53. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60055-X

Von Koerber, K., Bader, N., & Leitzmann, C. (2017). Wholesome nutrition: an example for a sustainable diet. Proceedings of the Nutrition Society, 76(1), 34-41. https://doi.org/10.1017/S0029665116000616

Willett, W., Rockström, J., Loken, B., Springmann, M., Lang, T., Vermeulen, S., et al. (2019). Food in the Anthropocene: the EAT–Lancet Commission on healthy diets from sustainable food systems. The Lancet, 393(10170), 447-492. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31788-4

Downloads

Publicado

29/09/2021

Como Citar

VALE, D.; DANTAS, N. M. .; SOUZA, C. V. S. de .; HATJIATHANASSIADOU, M.; SEABRA, L. M. J. . Pegada hídrica da alimentação de adolescentes do Brasil: relações com o consumo de fast food e o local de moradia. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 12, p. e528101220597, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i12.20597. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/20597. Acesso em: 30 jun. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde