O benefício da justiça gratuita e a necessidade ou não de comprovar a insuficiência de recursos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v10i13.21183

Palavras-chave:

Justiça gratuita; Insuficiência de recursos; Necessidade de comprovação; Ausência de critérios legais; Desigualdade.

Resumo

A garantia de acesso à justiça é um direito fundamental, previsto na Constituição Federal, onde se estabeleceu o princípio da inafastabilidade da jurisdição, garantindo o livre acesso ao Judiciário, tendo este dado respaldo a gratuidade da justiça. A Lei 13.105/15 ao prever a Justiça Gratuita consagrou temas consolidados pela jurisprudência e doutrina, porém, não estabeleceu os critérios para a concessão. Dessa forma, o problema a ser analisado neste artigo é sobre a necessidade ou não de comprovar a insuficiência de recursos e a ausência de parâmetros no ordenamento jurídico. A metodologia adotada é da pesquisa bibliográfica, com abordagem descritiva e dedutiva sobre o tema. Para requerer o benefício basta uma declaração afirmando ser hipossuficiente, demonstrando assim uma facilidade. Em razão disso alguns doutrinadores defendem que somente terá o deferimento a declaração da hipossuficiência vier acompanhada de documentos que comprovem sua real situação financeira, pois a declaração tem presunção relativa. Porém, a juntada desses documentos não é uniforme, cada magistrado tem pedido a juntada dos documentos de acordo com o que acredita ser suficiente e de acordo com o caso concreto. Há, contudo, uma minoria na jurisprudência que tem julgado como suficiente apenas a declaração da hipossuficiência. Nota-se que cada juiz utilizará seus próprios critérios subjetivos e discricionários, não possuindo uniformização quanto à concessão do benefício de justiça gratuita, fazendo com que a lei seja aplicada de modo desigual e propiciando a sensação de insegurança jurídica.

Biografia do Autor

Celso Hiroshi Iocohama, Universidade Paranaense

Possui graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Umuarama (1989), mestrado em Direito das Relações Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (1996), doutorado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001), especialização em Docência do Ensino Superior pela Universidade Paranaense (2003) e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (2011). Atualmente é professor titular de Direito Processual Civil I, da Universidade Paranaense, Campus Sede. Participa como responsável pela disciplina de Metodologia do Ensino Superior no Programa de Mestrado em Direito Processual e Cidadania da Universidade Paranaense desde 2002, ministrando a partir de 2008 a disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica em Direito. Leciona na Pós-Graduação "Lato Sensu", dentre outras, as disciplinas de Teoria Geral do Direito, Hermenêutica Jurídica e Metodologia do Ensino Superior. É Coordenador do Programa de Mestrado em Direito Processual e Cidadania da Unipar (desde 2008). É vice-presidente do Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da UNIPAR. Advogado desde 1990, foi vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Umuarama por três mandatos (1998 a 2006) e presidente da mesma Subseção por dois mandatos (2007-2012).

Cleverson Daniel Dutra, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Mestrando em Direito Processual e Cidadania pela Universidade Paranaense - UNIPAR. Pós-graduado em Direito das Obrigações pela UIGRAN (1999). Graduado em Direito pelo Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN (1998). Advogado e docente do quadro efetivo do Curso de Direito da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS (Unidade Universitária de Dourados). Tem experiência na área de Direito Empresarial e Direito Tributário, atuando principalmente em consultorias e pesquisas nestas áreas.

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Publicado

13/10/2021

Como Citar

IOCOHAMA, C. H. .; DUTRA, C. D.; MANDUCA, K. dos S. . O benefício da justiça gratuita e a necessidade ou não de comprovar a insuficiência de recursos. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 13, p. e224101321183, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i13.21183. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/21183. Acesso em: 4 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais