Perfil de utilização e custos de carbapenêmicos em uma unidade de terapia intensiva de um hospital público do Distrito Federal – Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i14.21691Palavras-chave:
Farmacoepidemiologia; Gestão de antimicrobianos; Assistência hospitalar.Resumo
Atualmente o contexto de resistência microbiana tem exigido gerenciamento do uso de antimicrobianos, especialmente no âmbito hospitalar. Assim, o objetivo desse trabalho foi analisar o perfil de utilização de carbapenêmicos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital público brasileiro e os custos associados. Para tal, foi realizado um estudo observacional retrospectivo, de análise documental, que avaliou prontuários, prescrições e laudos microbiológicos de pacientes que utilizaram carbapenêmicos em 2019. Foram analisados dados de 25 pacientes com mediana de idade igual a 65 anos e de tempo de internação de 24 dias. Resultaram 36 análises do uso dos carbapenêmicos: 19 (57,8%) remetiam ao uso do meropenem e 17 (47,2%) ao uso de ertapenem. A mediana de dias de uso do meropenem foi de 11 e a do ertapenem foi de sete. A DDD/1000 pacientes-dia do meropenem teve mediana mensal de 115,5g (menor quando utilizado com o ertapenem) e a do ertapenem foi de 50,7g. O gasto anual total foi de R$16.652,00 para o meropenem e de R$41.072,00 para o ertapenem. Foram realizados 60 laudos microbiológicos e os microrganismos mais frequentes foram Klebsiella pneumoniae (n=18; 30,0%) e Acinetobacter baumannii complex/haemolyticus (n=14; 23,3%); a taxa de sensibilidade geral foi 18,3% para o meropenem e 13,6% para o ertapenem. Os dados sugerem a necessidade do gerenciamento no uso de carbapenêmicos considerando aspectos do paciente e do agente infeccioso com potencial impacto positivo nos desfechos clínicos e econômicos. Para isso, propostas de uso racional e seguro de antimicrobianos devem ser implementadas ressaltando a importância de cada profissional no contexto da equipe multidisciplinar.
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