A arte no contexto de promoção à saúde mental no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i4.22106

Palavras-chave:

Arte; Saúde Mental; Arte terapia; Psicologia.

Resumo

A loucura é um conceito historicamente forjado por meio de atravessamentos socioculturais os quais visam estigmatizar e patologizar os sujeitos que vivem à margem do ideal racional-científico. Nesse contexto, a arte torna-se um importante instrumento não apenas de trabalho terapêutico, mas de valorização da subjetividade desses sujeitos na medida que os dá voz. Perante isso, o vigente estudo objetiva refletir como a arte pode ser um meio de promoção de saúde mental, de ampliação do potencial de saúde dos usuários e na sua contribuição no processo de desinstitucionalização. Para tanto, os objetivos específicos serão: ressaltar o processo de inclusão da arte no âmbito da saúde mental; salientar os efeitos da arte no psiquismo; mencionar possíveis modalidades em arteterapia; demarcar a legislação e quais são as oficinas terapêuticas que podem ser disponibilizadas nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Assim sendo, a metodologia escolhida foi a pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa. Como resultado, constatou-se que a arte é um importante veículo de comunicação que detém significativo papel terapêutico, constituindo-se como uma ferramenta que vai em direção oposta ao tratamento concedido em lógica manicomial. Posto isso, concluiu-se que há uma necessidade de mais estudos em arteterapia, visando o contínuo processo de construção de reflexões e transformações nos âmbitos assistencial, cultural e conceitual.  

Referências

Amarante, P. (2015). Loucura, Cultura e Subjetividade: Conceitos e Estratégias, Percursos e Atores da Reforma Psiquiátrica Brasileira. In: AMARANTE, P. Teoria e crítica em saúde mental: textos selecionados (1ª ed). São Paulo, SP: Zagodoni.

Amarante, P., & Torre, E. H. G. (2017). Loucura e diversidade cultural: inovação e ruptura nas experiências de arte e cultura da Reforma Psiquiátrica e do campo da Saúde Mental no Brasil. Interface (Botucatu), 21(3), 763-774.

Aranguren, M., & León, T. E. (2011). Arteterapia: sus fundamentos y beneficios de aplicación en la psicosis. In: III Congreso Internacional de Investigación y Práctica Profesional en Psicología XVIII Jornadas de Investigación Séptimo Encuentro de Investigadores en Psicología del MERCOSUR. Facultad de Psicología - Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires, 12-17. https://www.aacademica.org/000-052/196.

Araújo, S. M. M. de, Câmara, C. M. F., & Ximenes, V. M. (2012). Arte e saúde comunitária: contribuições para a compreensão do processo de desinstitucionalização. Revista Psicologia e Saúde, 4(2), 106-115.

Andrade, L. A., & GrisiVelôso, T. M. (2015). Arte e saúde mental: uma experiência com a metodologia participativa da Educação Popular. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 10(1), 79-87.

Arteterapia. União Brasileira de Arteterapia (UBAAT). https://www.ubaatbrasil.com/.

Brasil. (2001). Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em Saúde Mental. Brasília, MS. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm.

Brasil, & Ministério da Saúde. (2002). Portaria nº 336, de 19 de fevereiro de 2002. Estabelece que os Centros de Atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional. Brasília, MS. https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-336-de-10-de-setembro-de-2020-2777 40791.

Brasil, Ministério da Saúde, & Secretaria de Atenção à Saúde. (2004). Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial, Brasília, p. 20.. http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/sm_sus.pdf.

Brasil, & Ministério da Saúde. (2011). Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, MS. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html.

Brasil, & Ministério da Saúde. (2014). Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização. Série B. Textos Básicos de Saúde. Cadernos Humaniza SUS, 2, 93-104. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_humanizasus_atencao_basica_ v2_1ed.pdf.

Castro, E. D., & Lima, E. M. F. A. (2007). Resistência, inovação e clínica no pensar e no agir de Nise da Silveira. Interface - Comunicação, Saúde, Educação [online], 11(22), 365-376.

Cavallini, F. M. (2020). CAPS, ateliês e oficinas: artes no mundo, mundos na arte. Fractal: Revista de Psicologia, 32(1), 40-45.

Coqueiro, N. F., Vieira, F. R. R, & Freitas, M. M. C. (2010). Arteterapia como dispositivo terapêutico em saúde mental. Acta Paulista de Enfermagem, 23(6), 859-862.

Correia, P. R., & Torrente, M. O. N. (2016). Efeitos terapêuticos da produção artística para a reabilitação psicossocial de pessoas com transtornos mentais: uma revisão sistemática da literatura. Cadernos em saúde coletiva, 24(4), 487-495.

Dionísio, G. H. (2001). Museu de Imagens do Inconsciente: considerações sobre sua história. Psicologia: Ciência e Profissão [online], 21(3), 30-35.

Frayze-Pereira, J. A. (1994). A determinação histórica da loucura. In: Frayze-Pereira, J. A. O que é loucura (10ª ed). São Paulo, SP: Brasiliense.

Frayze-Pereira, J. A. (2003). Nise da Silveira: imagens do inconsciente entre psicologia, arte e política. Estudos Avançados, 17(49), 197-208.

Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa (4ª ed). São Paulo: Atlas.

Lima, E. M. F. A., & Pelbart, P. P. (2007). Arte, clínica e loucura: um território em mutação. História, ciências, saúde - Manguinhos, 14(3), 709-735.

Mecca, R.C., & Castro, E.D. (2008). Experiência estética e cotidiano institucional: novos mapas para subjetivar espaços destinados à saúde mental. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 12(25), 377-86.

Medeiros, M. A., & Silva, E. M. T. (2021). Benefícios da arteterapia para idosos: uma revisão de Nise à pandemia. Revista Longeviver, (11), 22-29.

Melo, W., & Ferreira, A. P. (2013). Clínica, pesquisa e ensino: Nise da Silveira e as mutações na psiquiatria brasileira. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 16 (4), 555-569.

Minayo, M. C. S. (1994). Pesquisa social: teoria, método e criatividade (22ª ed). Petrópolis, RJ: Vozes.

Moro, L. M., & Guazina, F. M. N. (2016). Arte e experiência: relações da arte no contexto da saúde mental. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, 11(28), 25-42.

Pandolfo, P. M., & Kessler, A. S. (2012). A arte é terapia: arteterapia em grupos comunitários. Revista Conversas Interdisciplinares, 7(3), 1-18.

Philippini, A. (1998). Mas o que é mesmo Arteterapia. Revista Imagens da Transformação, 5, 4-9.

Providello, G. G. D., & Yasui (2013). S. A loucura em Foucault: arte e loucura, loucura e desrazão. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, 20(4), 1515-1529.

Portugal, C. M., Mezza, M., & Nunes, M. (2018). A clínica entre parênteses: reflexões sobre o papel da arte e da militância na vida de usuários de saúde mental. Revista de Saúde Coletiva, 28(2), 1-19.

Reis, A. C. (2014). Arteterapia: a arte como instrumento no trabalho do Psicólogo. Psicologia, Ciência e Profissão, 34(1), 142-157.

Santos, E. S., Joca, E. C., & Souza, A. M. A. (2016). Teatro do oprimido em saúde mental: participação social com arte. Interface (Botucatu), 20(58), 637-647.

Silveira, N. (1992). O mundo das imagens. São Paulo: Ática.

Silveira, N. (2015). Imagens do Inconsciente. Petrópolis, RJ: Vozes.

Silveira, N. D., & Hirszaman, L. (1985). 1 Vídeo (30:06). Publicado pelo canal Tony Luis - Livre para pensar. Imagens do Inconsciente - Parte 1/2. https://www.youtube.com/watch?v=TJWVApX_dBk.

Silveira, N. d., & Hirszman, L. (1985). 1 Vídeo (49:06). Publicado pelo canal Tony Luis - Livre para pensar. Imagens do Inconsciente - Parte 2/2. https://www.youtube.com/watch?v=p3O3HhHlT7g.

Siqueira, J. L. D., & Lago, A. M. C. V. (2012). Coletivo da música: um estudo sobre relações entre arte e saúde mental. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 3(1), 93-111.

Teixeira, P. L. C. M. (2010). Arteterapia - a arte no processo do autoconhecimento e resgate da autoestima. (Monografia) Especialização em Arteterapia em Educação e Saúde. Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes - Instituto A vez do Mestre. http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/i101525.pdf.

Valladares, A. C. A. (2003). Arteterapia com crianças hospitalizadas. (Dissertação) - Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Ribeirão Preto, SP: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas. https://www.researchgate.net/profile/Ana_Valladares/publication/26408194_ARTETE RAPIA_COM_CRIANCAS_HOSPITALIZADAS/links/542abcb90cf27e39fa8ffe74/AR TETERAPIA-COM-CRIANCAS-HOSPITALIZADAS.pdf.

Downloads

Publicado

18/03/2022

Como Citar

GUERREIRO, C.; MEINE, I. R.; VESTENA, L. T. .; SILVEIRA, L. de A. .; SILVA, M. P. da .; GUAZINA, F. M. N. . A arte no contexto de promoção à saúde mental no Brasil . Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 4, p. e27811422106, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i4.22106. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/22106. Acesso em: 17 jul. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde