As prescrições não psiquiátricas no Sistema Nacional de Saúde brasileiro representam um risco para os pacientes no uso de farmacoterapias psicotrópicas
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i15.22971Palavras-chave:
Pscicotrópicos; Prescrição; Interação medicamentosa; Registros médicos; Farmacoterapia.Resumo
Este estudo transversal coletou dados de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que preencheram suas prescrições de psicotrópicos em farmácias próprias do SUS. O estudo teve como objetivo identificar descuidos nas prescrições de psicotrópicos levando a uma terapêutica insegura. Pacientes em uso de pelo menos um psicofármaco em 12 meses foram identificados por meio de busca retrospectiva de dados e considerados para o estudo. Após o exame de 15.001 pacientes em uso de psicofármacos, 7.440 atenderam ao critério de inclusão. A maioria dos pacientes era do sexo feminino (67,1%), 54,2% das prescrições analisadas no período estudado apresentavam múltiplos medicamentos incluindo um psicotrópico e 54,7% cursando com monoterapia psicotrópica. Em 92,7% dos casos, foi dispensado apenas um medicamento e as prescrições de psiquiatras representaram apenas 17,6% dos casos. Em termos de segurança, 9,5% dos pacientes apresentavam pelo menos uma potencial interação medicamentosa com significância clínica e 71,5% dos pacientes idosos tinham pelo menos um medicamento potencialmente inapropriado para o uso em sua faixa etária. Esses achados sugerem urgência na integração das informações dos prontuários dos pacientes ao histórico de farmacoterapia da tecnologia de informática da farmácia aplicada à dispensação, reduzindo os danos aos pacientes no uso de psicofármacos.
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