Mentes Secretas: cores, significados e vivência pela terapia ocupacional dentro de um Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i17.24370Palavras-chave:
Terapia ocupacional; Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico; Saúde mental.Resumo
A loucura sempre esteve presente na sociedade, sendo vista a depender do momento encontrado. Inicialmente foi identificada como um fenômeno sobrenatural, até passar a ser compreendida como doença. A partir daí criam-se hospitais psiquiátricos e o doente mental inicia um longo processo de exclusão. Posteriormente, com a Reforma Psiquiátrica surgiram novas propostas de atendimento ao sofrimento psíquico, propondo a desinstitucionalização. Concomitantemente, com o decorrer dessas mudanças, no século XX, necessitou da criação de Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) para assistir aquele que cometia delito decorrente da sua desordem mental. Nesses serviços está incluso o terapeuta ocupacional, responsável pela (re) construção do cotidiano dessas pessoas que precisam ser inseridas. Esta pesquisa trata-se de um relato de experiência, dentro de um HCTP, onde foram realizados encontros semanais, em grupo. O objetivo geral foi relatar o atendimento do grupo de terapia ocupacional em um HCTP, por meio de atividades expressivas. Os objetivos específicos foram: expor por meio de atividades expressivas, a percepção que os internos possuem sobre temas cotidianos e compreender, por meio das atividades, os benefícios dos encontros com a terapia ocupacional. Foi possível proporcionar aos internos, a expressão da subjetividade pela pintura, utilizando também a música para auxiliar na reflexão e processo criativo. Outro ponto, foi a escolha do setting que possibilitou uma quebra do ócio improdutivo, passando a ser um espaço de promoção de lazer e saúde. Logo, observa-se a necessidade de um terapeuta ocupacional nesses espaços para ressignificar o cotidiano, ampliando seu repertório de atividades.
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