Investigação da incidência de cefaleia pós-punção dural em um hospital na cidade de Três Lagoas/MS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i1.24576

Palavras-chave:

Cefaleia; Raquianestesia; Tamponamento Interno; Incidência.

Resumo

A cefaleia pós-punção dural (CPPD) é a complicação mais frequente da anestesia subaracnóidea, com incidência variando entre 0,04 a 3%. Surge, geralmente, em até sete dias após a punção dural, com duração aproximada de duas semanas e, normalmente, é autorresolutiva. Durante o período da dor, o paciente pode ter sua rotina diária prejudicada, pois o quadro tipicamente piora quando é adotada a posição ortostática. Diversos fatores de risco podem contribuir para o aparecimento da complicação, e eles podem ser relacionados ao paciente, à técnica de punção e ao material utilizado. O diagnóstico de CPPD é clínico, e a conduta terapêutica varia de acordo com a apresentação e gravidade da dor, podendo ser clínica ou, idealmente, ser realizado o tamponamento sanguíneo peridural ou “blood patch”. Objetivou-se identificar a frequência da CPPD tratada com tamponamento sanguíneo peridural, associada a fatores clínicos e sociodemográficos em um hospital na cidade de Três Lagoas/MS. Trata-se de estudo descritivo, tipo coorte transversal retrospectivo, via análise documental para a investigação de tamponamento sanguíneo peridural realizado a partir de cefaleia secundária, em pacientes que foram submetidos à anestesia subaracnóidea, no período de 01/01/2011 a 03/04/2019. Foram identificados 57 tamponamentos sanguíneos peridurais, com uma taxa de prevalência de 0,25%, incidência anual oscilante e predomínio do sexo feminino. Do total, 49 (86%) pacientes eram mulheres, 36 (63%) tinham entre 21 e 40 anos e 52 (91%) deles apresentaram os sintomas da CPPD em até 5 dias pós-anestesia. Concluiu-se que a realização de tamponamento sanguíneo peridural para tratamento de CPPD ainda é comum e sem resolução definitiva. A necessidade da adoção constante de medidas profiláticas evidentes que possam reduzir a incidência da complicação é absoluta, uma vez que o retorno do paciente ao centro cirúrgico é acompanhado de riscos infectopatológicos, psicossociais e impactos socioeconômicos.

Referências

Barbosa, F. T. (2011). Cefaleia após Anestesia Subaracnóidea com Sete Meses de Evolução: Relato de Caso. Revista Brasileira Anestesiologia, [s.l.], v. 61, n. 3, p. 357-359, 2011.

Bezov, D., Lipton, R. B. & Ashina, S. (2010). Post‐dural puncture headache: part I diagnosis, epidemiology, etiology, and pathophysiology. Headache: The Journal of Head and Face Pain, [s.l.], v. 50, n. 7, p. 1144-1152, 2010.

Boonmak, P. & Boonmak, S. (2010). Epidural blood patching for preventing and treating post-dural puncture headache. Cochrane Database of Systematic Reviews, v. 1, 2010.

Chiapparini, L., Ciceri, E., Nappini, S., Castellani, M. R., Mea, E., Bussone, G., …Savoiardo, M. (2004). Headache and intracranial hypotension: neuroradiological findings. Neurological Sciences, [s.l.] v. 25, n. 3, p. s138-s141, 2004.

Choi, P. T., Galinski, S. E., Takeuchi, L., Lucas, S., Tamayo, C. & Jadad, A. R. (2003). PDPH is a common complication of neuraxial blockade in parturients: a meta-analysis of obstetrical studies. Canadian Journal of Anesthesia, [s.l.], v. 50, n. 5, p. 460-469, 2003.

Clark, J. W., Solomon, G.D., Senanayake, P. D. & Gallagher, C. (1996). Substance P concentration and history of headache in relation to postlumbar puncture headache: towards prevention. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, [s.l.] v. 60, n. 6, p. 681-683, 1996.

Drake, R. L., Vogl, A. W. & Mitchell, A. W. M. (2015). Gray Anatomia para estudantes. Brasil: Elsevier.

Ebinger, F., Kosel, C., Pietz, J. & Rating, D. (2004). Headache and backache after lumbar puncture in children and adolescents: a prospective study. Pediatrics, [s.l.] v. 113, n. 6, p. 1588-1592, 2004.

Falk, S. A., Fleisher, L. A. & Chen, W. (2017). Overview of anesthesia. UpToDate. Recuperado de https://www. uptodate.com/contents/overview-of-anesthesia.

Ganem, E. M., Castiglia, Y. M. M. & Vianna, P. T. G. (2002). Spinal anesthesia-induced neurological complications. Revista brasileira de anestesiologia, [s.l.] v. 52, n. 4, p. 471-480, 2002.

Haller, G., Cornet, J., Boldi, M-O., Myers, C., Savoldelli, G. & Kern, C. (2018). Risk factors for post-dural puncture headache following injury of the dural membrane: a root-cause analysis and nested case-control study. International journal of obstetric anesthesia, [s.l.] v. 36, p. 17-27, 2018.

Hammond, E. R., Wang, Z., Bhulani, N., McArthur, J. C. & Levy, M. (2011). Needle type and the risk of post-lumbar puncture headache in the outpatient neurology clinic. Journal of the neurological sciences, [s.l.] v. 306, n. 1-2, p. 24-28, 2011.

Imbelloni, Luís Eduardo. (2013) Raquianestesia. Rio de Janeiro: Elsevier.

Ituk, U., MBBS, FCARCSI & Wong, C. A. (2018). Overview of neuraxial anesthesia. UpToDate. Recuperado de https://www. uptodate.com/contents/overview-of-neuraxial-anesthesia.

Lavi, R., Rowe, J. M. & Avivi, I. (2010). Lumbar puncture: it is time to change the needle. European Neurology, [s.l.] v. 64, n. 2, p. 108-113, 2010.

Lybecker, H., Møller, J. T., May, O. & Nielsen, H. K. (1990). Incidence and prediction of postdural puncture headache. A prospective study of 1021 spinal anesthesias. Anesthesia and analgesia, [s.l.] v. 70, n. 4, p. 389-394, 1990.

Netto, B. I., Catharino, A. M. da. S., Crasto, M. do C. V. de, Pires, M. L. E., Silva, M. G., Salles, L. C. B. & Melo, C. (2010). Cefaleia Pós-Raquianestesia: fatores de risco associados e prevenção de sua ocorrência–Atualização. Rev. Neurociência, [s.l.] v. 18, p. 406-410, 2010.

Peralta, F., Higgins, N., Lange, E., Wong, C. A. & McCarthty, R. J. (2015). The relationship of body mass index with the incidence of postdural puncture headache in parturients. Anesthesia & Analgesia, [s.l.] v. 121, n. 2, p. 451-456, 2015.

Safa-Tisseront, V., Thormann, F., Malassiné, P., Henry, M., Riou, B., Coriat, P. & Seebacher, J. (2001). Effectiveness of epidural blood patch in the management of post–dural puncture headache. Anesthesiology: The Journal of the American Society of Anesthesiologists, [s.l.] v. 95, n. 2, p. 334-339, 2001.

Turnbull, D. K. & Shepherd, D. B. (2003). Post‐dural puncture headache: pathogenesis, prevention and treatment. British journal of anaesthesia, [s.l.] v. 91, n. 5, p. 718-729, 2003.

Wu, C. L., Rowlingson, A. J., Cohen, S. R., Michaels, R. K., Courpas, G. E., Joe, E. M. & Liu, S. S. (2006). Gender and post–dural puncture headache. Anesthesiology: The Journal of the American Society of Anesthesiologists, [s.l.] v. 105, n. 3, p. 613-618, 2006.

Wu, C. L., Christo, P., Richman, J. M. & Hsu, W. (2004). Postdural puncture headaches: an overview. The International Journal of Pain Medicine And Paliative Care, [s.l.] v. 3, n. 2, p. 53-7, 2004.

Downloads

Publicado

04/01/2022

Como Citar

PASCHOAL , A. P. .; COSTA, L. C. R. de O. .; VILAÇA, M. P. .; TORRES-DA-SILVA, K. R. .; SILVA, A. V. . Investigação da incidência de cefaleia pós-punção dural em um hospital na cidade de Três Lagoas/MS. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 1, p. e16211124576, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i1.24576. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/24576. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde