Relato de caso: alterações ósseas de sífilis congênita refratária ao tratamento em escolar de 7 anos
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i17.24851Palavras-chave:
Sífilis congênita; Treponema pallidum; Osso e Ossos; Doenças sexualmente transmissíveis.Resumo
Objetivos: Chamar a atenção para a importância do seguimento das crianças com sífilis congênita e apresentar um caso incomum de alterações ósseas que persistiram até os 7 anos de vida. Métodos: Estudo observacional, descritivo e retrospectivo utilizando revisão de prontuários de três pacientes com sífilis congênita e pesquisa bibliográfica, utilizando como bases de dados o Uptodate, PubMed, Medline, Lilacs, Scielo abrangendo o período de 2015 a 2021. Resultados: Descrevemos 3 irmãs com sífilis congênita que foram diagnosticadas e tratadas ao nascer e a primogênita, resgatada aos 7 anos, apresentava queixa de dor intensa ao movimentar os membros inferiores desde os 5 anos. Ao nascer teve o VDRL 1:4; pai VDRL não reagente (NR); mãe com VDRL 1:16 e inadequadamente tratada na gestação. A primogênita apresentou alterações metafisárias e VDRL no líquor negativo, sendo tratada com penicilina cristalina por 10 dias, entretanto, não cumpriu seguimento ambulatorial. Neste internamento, o exame físico sem alterações, VDRL NR e com radiografia dos ossos longos com imagem lítica em perna esquerda e direita sugestivas de sífilis. Foi indicada internação e realizado tratamento com penicilina cristalina 50.000 UI/kg/dose, de 6/6 horas durante 10 dias. Aos 8 anos e 4 meses já não apresentava mais as alterações ósseas nem sintomas álgicos à deambulação. Na segunda gestação teve tratamento adequado e na terceira gestação o pai não foi tratado e a genitora recebeu apenas uma dose da medicação. Os dois conceptos contraíram sífilis congênita com alterações ósseas ao nascimento que nos seguimentos aos 24 meses e 6 meses de vida, respectivamente, já não foram mais detectadas. Conclusões: O seguimento das crianças com sífilis congênita deve ser realizado até o desaparecimento de todas as alterações clinicas, laboratoriais e radiológicas. Esta série de casos destaca a importância do diagnóstico e tratamento das gestantes e seu(s) parceiro(s) sexuais para eliminar a transmissão de mãe para filho como também do diagnóstico ao nascer dos casos de sífilis congênita e tratamento e seguimento adequado.
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