Carcinoma de células escamosas perianal em potro Quarto de Milha
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i2.25710Palavras-chave:
Equino; Imiquimode; Imunoterapia; Neoplasia; Queratinócitos.Resumo
O carcinoma de células escamosas (CCE) é uma neoplasia epitelial escamosa. São tumores solitários com expansão indolente, localmente invasivos e podem ser vistos em qualquer parte do corpo. Os locais mais comumente afetados são a cabeça, a região orbital e a genitália dos cavalos. A irradiação solar é uma das principais causas, principalmente em áreas despigmentadas e sem pelos. O CCE é a neoplasia mais frequentemente descrita na espécie equina. Vários tratamentos têm sido descritos em equinos, geralmente associados à excisão cirúrgica com diferentes terapias adjuvantes, na esperança de um melhor prognóstico e diminuição da morbidade relacionada ao câncer. Como as taxas de recorrência são altas, principalmente em regiões que não possuem margem de segurança adequada para remoção do tumor, o tratamento multimodal é essencial. O objetivo deste relato foi descrever um caso de CCE perianal em potro da raça Quarto de Milha tratado clinicamente com a droga imunomoduladora imiquimod. Um Potro da raça Quarto de Milha, macho, 3 anos de idade, tordilho, foi examinado para diagnóstico e tratamento de lesão ulcerativa na região perianal. De acordo com relato do proprietário, a lesão havia surgido há aproximadamente 16 meses. Com base no histórico e exame clínico, suspeitou-se de CCE. Para confirmar o diagnóstico clínico, foi realizada biópsia. O exame histológico mostrou proliferação neoplásica infiltrativa da epiderme, composta por queratinócitos malignos associados a hiperqueratose, infiltrado neutrofílico e focos de ulceração. A derme subjacente exibia um intenso infiltrado inflamatório crônico. Os achados foram compatíveis com CCE. Devido à localização e extensão da lesão, optou-se pela terapia imunomoduladora com imiquimode. Após 16 semanas de aplicação de imiquimod, a lesão regrediu completamente. O potro foi acompanhado clinicamente por dois anos, e nenhuma recorrência foi identificada.
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