Dispensação de medicamentos: conhecimento dos pacientes/cuidadores e perfil dos responsáveis pelo serviço
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i3.26782Palavras-chave:
Prática Farmacêutica Baseada em Evidências; Boas Práticas de Dispensação; Uso de Medicamentos; Conhecimento do Paciente sobre a Medicação; Serviços comunitários de farmácia.Resumo
Introdução: A dispensação é um ato privativo do farmacêutico para orientar e fornecer medicamentos ao paciente ou ao cuidador, sob remuneração ou não, com intuito de garantir o uso adequado e seguro dos medicamentos, seus benefícios, conservação e descarte. O ato de dispensar empodera a pessoa sobre o uso correto de seus medicamentos, melhorando a saúde e a economia de recursos. Entretanto, os usuários de farmácias básicas parecem não ser devidamente orientados sobre o medicamento que utilizam. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento dos pacientes/cuidadores sobre seus medicamentos e o perfil do profissional que os forneceu. Método: Estudo transversal realizado em farmácias básicas de um município de Minas Gerais. Após retirar o medicamento, pacientes/cuidadores responderam um questionário. As informações obtidas foram confrontadas com a prescrição médica e com a bula. Os responsáveis pela dispensação também foram entrevistados. As variáveis foram analisadas pelos testes de Fisher e qui-quadrado. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFAL-MG. Resultados: De um total de 420 participantes da pesquisa, 81,4% dos pacientes/cuidadores apresentaram conhecimento sobre a indicação e posologia do medicamento adquirido. Desses somente 14% tinham conhecimento em relação a cuidados e precauções, 6,4% compreendiam os efeitos adversos, 6,7% detinham o entendimento referente as interações medicamentosas e 39,5% dominavam as técnicas de armazenamento. As 9 farmácias básicas utilizadas no estudo não tinham farmacêutico prestando atendimento. Conclusão: A maioria dos pacientes/cuidadores entrevistados conhecem a finalidade e a posologia do medicamento adquirido da farmácia básica. No entanto, informações fornecidas na prática da dispensação como cuidados e precauções no uso, interações, efeitos adversos, contraindicações e condições de armazenamento são pouco dominadas pelos participantes da pesquisa. Este fato pode comprometer a farmacoterapia e, consequentemente, não assegurar o uso racional dos medicamentos. Isso pode estar associado também à falta de profissional farmacêutico na dispensação e de treinamento da equipe de apoio técnico.
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