Análise dos movimentos oculares de adultos com estresse visual na leitura
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v11i4.27658Palavras-chave:
Leitura; Distúrbios da leitura; Distúrbios da visão; Intervenção pedagógica; Movimentos oculares; Percepção visual; Remediação da leitura.Resumo
O presente estudo analítico controlado, prospectivo e com mascaramento duplo-cego, teve o objetivo de (1) verificar se adultos com estresse visual, avaliados por um rastreador ocular, quando comparados a um grupo controle, apresentam diferença nos movimentos oculares durante a leitura de textos e (2) prover fontes de evidências de validade da estrutura interna para o Questionário de Caracterização de Dificuldades Visuais e de Aprendizagem. Participaram adultos com estresse visual (GEV; n = 16) pareados com um grupo controle sem estresse visual (GC; n = 24). Para as análises do rastreador ocular com tecnologia de infravermelho, cada participante realizou a leitura de dezesseis textos, apresentados de forma randômica, tendo o GEV realizado 239 leituras e o GC 342 leituras. Para o estudo de validação do questionário, foram adicionados retrospectivamente os prontuários de 291 adultos atendidos consecutivamente. Os resultados mostraram diferenças significativas entre os GEV e o GC com relação a: Fixação, Regressão, Duração da Fixação, Ataque Direcional, Taxa de leitura, Eficiência de leitura, Correlação cruzada, Anomalias de Fixação e Anomalias Binoculares. Esses resultados demonstram que o GEV, quando comparado ao GC, apresentou uma oculomotricidade menos eficiente, com pior correlação cruzada e maior número de Anomalias Binoculares, o que evidencia movimentos em direções opostas e dificuldade na coordenação binocular. O Questionário mostrou-se adequado na análise fatorial, o que adiciona evidências de validade da estrutura interna. Esses achados reforçam que os leitores com estresse visual apresentavam dificuldades oculomotoras na leitura.
Referências
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